Bares, restaurantes e lojas de Belo Horizonte ignoraram a proibição determinada em decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), que passou a vigorar às 14h deste sábado (6). Clientes, por sua vez, ignoraram os riscos do momento mais crítico da pandemia do novo coronavírus desde o início, há mais de um ano, e não se assustaram com a circulação de variantes e internação até de bebês e crianças. Com esse cenário, estabelecimentos foram “convidados” a fechar.
A Guarda Civil Municipal realizou, durante a tarde hoje, ações simultâneas no Mercado Central, no Centro Comercial do Edifício Maleta e na região dos bares da Avenida Amazonas. Segundo a assessoria de comunicação da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), a guarda precisou solicitar aos donos dos estabelecimentos que fechassem as portas, mesmo cientes do novo decreto que não autorizava, a partir das 14h, o funcionamento de serviços não essenciais.
Ainda de acordo com a PBH, os restaurantes e bares fecharam sem resistência. Em outro ponto da cidade, no Heliópolis, região Norte da capital, um centro comercial continuou funcionando normalmente no período da tarde. Lojas de celulares e de roupa ignoraram a proibição após às 14h e continuaram abertas no centro de compras – que estava até mesmo com fila de carros, na entrada e na saída.
“Tava tudo aberto, só uma loja com portão entreaberto. E fila para entrar no centro comercial… Fila! Passei em um restaurante que também estava aberto… Tinha churrasquinho aberto, todas as lojas na rua Maria Amélia Maia [no bairro Heliópolis] funcionado, barbeiro, tudo aberto! Por aqui o povo não está fechando nada”, disse, por volta das 17h, ao BHAZ uma mulher que pediu para não ser identificada. “O mais impressionante é que tinha fila de carro na entrada e na saída”.
A PBH, questionada sobre a fiscalização a partir do vigor do novo decreto em outras regiões da cidade além das citadas acima, não respondeu quantos estabelecimentos foram fiscalizados nem mesmo quantos descumpriram a determinação do decreto. “A Guarda Civil Municipal está realizando ações de fiscalização neste final de semana”, disse, por nota (leia na íntegra abaixo).
Nessa sexta-feira, mesmo com o funcionamento ainda permitido, bares, restaurantes e até mesmo postos de gasolina foram flagrados cheios, com os protocolos desrespeitados: distância mínima ignorada, assim como o uso de máscara e o horário limite permitido. Cenas de desrespeito foram flagradas nas regiões Centro-Sul e Oeste da capital: como bares em avenidas como a Contorno, Prudente de Morais e Francisco Sá.
O que pode funcionar?
Afinal, o que é permitido a partir deste sábado na capital mineira? O decreto publicado hoje (6) no DOM (Diário Oficial do Município) estabelece que apenas os seguintes segmentos estão autorizados (nos horários determinados):
Atividade | Faixa de horário de funcionamento |
Padaria e lanchonetes (vedado o consumo no local) | 5h às 22h |
Comércio varejista de laticínios e frios | 7h às 21h |
Açougue e Peixaria | 7h às 21h |
Hortifrutigranjeiros | 7h às 21h |
Minimercados, mercearias e armazéns | 7h às 21h |
Supermercados e hipermercados | 7h às 21h |
Artigos farmacêuticos | Sem restrição de horário |
Artigos farmacêuticos, com manipulação de fórmula | Sem restrição de horário |
Comércio varejista de artigos de óptica | Sem restrição de horário |
Artigos médicos e ortopédicos | Sem restrição de horário |
Tintas, solventes e materiais para pintura | 7h às 21h |
Material elétrico e hidráulico, vidros e ferragem | Sem restrição de horário |
Madeireira | Sem restrição de horário |
Material de construção em geral | Sem restrição de horário |
Combustíveis para veículos automotores | Sem restrição de horário |
Comércio varejista de gás liquefeito de petróleo (GLP) | Sem restrição de horário |
Comércio atacadista da cadeia de atividades do comércio varejista da fase de controle | 5h às 17h |
Agências bancárias: instituições de crédito, seguro, capitalização, comércio e administração de valores imobiliários | 10h às 16h (Horário de funcionamento válido para atendimento ao público) |
Casas lotéricas | 10h às 16h (Horário de funcionamento válido para atendimento ao público) |
Agência de correio e telégrafo | 10h às 16h (Horário de funcionamento válido para atendimento ao público) |
Comércio de medicamentos para animais | Sem restrição de horário |
Atividades de serviços e serviços de uso coletivo, exceto os especificados no art. 2º do Decreto nº 17.328, de 8 de abril de 2020 | Sem restrição de horário |
Atividades industriais | Sem restrição de horário |
Banca de jornais e revistas | Sem restrição de horário |
Estabelecimentos que possuam estacionamento internalizado poderão fazer retirada no formato drive-thru | Sem restrição de horário |
‘Números assustadores’
Ao anunciar o fechamento de BH, nessa sexta, o prefeito Kalil disse que os indicadores de monitoramento da pandemia apresentam “números absolutamente assustadores”. “Vamos dizer o seguinte sem muita expectativa: voltamos à estaca zero”, afirmou o mandatário municipal ao comunicar a decisão tomada.
O último Boletim Epidemiológico e Assistencial, dessa sexta-feira (5), aponta que BH tem 116.419 diagnósticos positivos de Covid-19 e 2.815 mortes. O número de pacientes recuperados chegou a 107.777 e os em acompanhamento 5.827. Os leitos de UTI seguem com alta na ocupação e estão operando com 81% da capacidade. Os de enfermaria estão em 61,9%. O fator RT – média de pessoas que um infectado consegue contaminar – está em 1,16.
Nota da PBH
“A Guarda Civil Municipal está realizando ações de fiscalização neste final de semana, em função do Decreto Municipal que estabelece o funcionamento apenas de serviços essenciais.
A ação foi realizada de forma simultânea no Mercado Central, no Centro Comercial do Edifício Maleta e na região dos bares da Avenida Amazonas. Não houve resistência e os estabelecimentos que estavam abertos se adequaram e fecharam as portas”.