Crematórios para humanos e animais: Prefeitura de BH busca empresas para construir equipamentos

Cemitério da Paz é a maior necrópole da capital (Daniel Alves/FPMZB)

Belo Horizonte poderá ter seu primeiro crematório público para humanos e animais. A construção dos equipamentos que oferecerão os serviços gratuitos consta numa lista de melhorias a serem feitas nos cemitérios municipais existentes na capital mineira.

Para que os crematórios saiam do papel e virem realidade é preciso que uma empresa apresente interesse em revitalizar, modernizar, manter e gerir os cemitérios da Paz, da Saudade, do Bonfim, da Consolação e da Capela Velório do Barreiro.

Os custos dos cinco espaços giram em torno de R$ 730 mil por ano aos cofres públicos, mas o maior gasto, é, sem dúvida, com funcionários (administrativos e operacionais): R$ 4,81 milhões.

Em 13 de julho, a PBH Ativos divulgou um edital de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) com o objetivo de que pessoas físicas, empresas nacionais ou estrangeiras apresentem estudos para prestar serviços nos cemitérios citados.

Entre as melhorias prioritárias determinadas pela FPMZB (Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica) estão as construções dos crematórios de humanos e animais. Atualmente, esses serviços são disponibilizados em BH somente em cemitérios particulares. Para se ter ideia, a cremação de humanos pode custar até R$ 7.440 e a de animais R$ 1,2 mil.

Proposta é de que os crematórios sejam construídos no Cemitério da Paz (Daniel Alves/FPMZB)

No documento da PBH Ativos, os crematórios são propostos para serem construídos no Cemitério da Paz. O BHAZ entrou em contato com a FPMZB para saber se há problema de as cremações de animais e humanos serem realizadas no mesmo espaço.

Em resposta, a fundação informou: “Propomos que as construções aconteçam dentro do Cemitério da Paz, pois ele é o maior que temos em termos de espaço, mas será a empresa interessada que dirá se será junto ou separado”. A FPMZB ainda esclareceu que a legislação sanitária e ambiental precisará ser respeitada pelo interessado.

Ao BHAZ, o diretor de Necrópoles e de Gestão de Finanças da FPMZB, Wellington Correa esclareceu que a PMI não está relacionada à privatização dos cemitérios municipais, mas sim à concessão de prestação de serviços nos espaços durante um prazo determinado.

“A PMI na verdade é um instrumento no qual pedimos auxílio à iniciativa privada para que sejam feitos os investimentos necessários no empreendimento. Essa é a primeira fase do processo”, disse.

Os interessados em participar do PMI devem entregar as documentações previstas no edital até 12 de agosto, na sede da PBH Ativos.

Melhorias nos cemitérios

Além das construções dos crematórios, outras melhorias são propostas no PMI para os equipamentos públicos. Confira:

Cemitério da Consolação

Menor e mais recente necrópole da cidade, o Cemitério da Consolação foi construído em 1979 e tem 8.068 jazigos. Para este equipamento, as melhorias necessárias são:

  • Pintura de velórios;
  • Recuperação de esquadrias e portas dos velórios;
  • Impermeabilização dos velórios;
  • Iluminação;
  • Bebedouros e lixeiras;
  • Instalações sanitárias;
  • Piso externo dos velórios;
  • Ventiladores de parede;
  • Execução de banheiros públicos;
  • Execução de copa/vestiário para funcionários;
  • Placas de sinalização;
  • Instalação de CFTV;
  • Veículos para segurança / carrinhos elétricos;
  • Reforma de toda parte elétrica e hidráulica das edificações;
  • Reforma ou construção dos muros que circundam o Cemitério;
  • Reforma ou construção de nova sede administrativa.
Cemitério da Consolação é o menor e mais recente necrópole da cidade (PBH/Divulgação)

Cemitério do Bonfim

Com mais de 17,3 mil jazigos, é o cemitério mais antigo da cidade, construído e inaugurado em 1897, data de fundação da capital. As seguintes intervenções são necessárias:

  • Reforma do necrotério, muro, praça, pórtico e prédio administrativo;
  • Instalação de acervo digital;
  • Projeto e execução de drenagem pluvial;
  • Meio fio;
  • Iluminação;
  • Instalação de CFTV;
  • Lixeiras e ventiladores;
  • Placas de sinalização
  • Revitalização paisagística;
  • Execução de vestiários e refeitórios;
  • Reforma de calçadas, telhados da administração, subsolo e velórios;
  • Veículos para segurança / carrinhos elétricos;
  • Reforma da parte hidráulica e elétrica de todas as edificações existentes.
No Cemitério do Bonfim são realizadas visitas guiadas que entrelaçam história e arte
(Divino Advíncula/PBH)

Cemitério da Saudade

Segunda necrópole mais antiga de Belo Horizonte, foi construída em 1942 para abrigar a população carente da cidade que desejava obter um jazigo perpétuo. No local há 31.209 jazigos. Melhorias propostas:

  • Projeto e execução de drenagem pluvial;
  • Meio fio;
  • Iluminação;
  • Instalação de CFTV;
  • Lixeiras;
  • Placas de sinalização;
  • Revitalização paisagística;
  • Reforma de calçadas e muros;
  • Veículos para segurança / carrinhos elétricos;
  • Solução para erosão presente no local;
  • Execução de prédio administrativo e apoio para funcionários;
  • Reforma ou construção dos velórios;
  • Executar obra para vestiário e copa/cozinha para funcionários e almoxarifado.
O Cemitério da Saudade foi construído em 1942 (PBH/Divulgação)

Cemitério da Paz

Maior necrópole da cidade, o Cemitério da Paz foi construído em 1967 e tem uma configuração moderna de cemitério parque. Este é o equipamento público com o maior número de jazigos, 47.101, e as melhorias necessárias são:

  • Construção/Execução dos Crematórios (humanos e animais);
  • Projeto e execução de drenagem pluvial;
  • Meio fio;
  • Iluminação;
  • Instalação de CFTV;
  • Lixeiras e ventiladores;
  • Placas de sinalização;
  • Revitalização paisagística;
  • Reforma e construção de muros, 2 banheiros públicos, almoxarifado;
  • Veículos para segurança / carrinhos elétricos;
  • Reforma da parte elétrica e hidráulica das edificações;
  • Reforma ou construção de nova sede administrativa.
Cemitério da Paz é o maior da cidade (Daniel Alves/FPMZB)

Capela Velório do Barreiro

A Capela foi criada com o objetivo de servir como outra opção para as pessoas que procuram os velórios dos cemitérios municipais. Melhorias propostas:

  • Adequação de acessibilidade;
  • Aprimoramento da comunicação visual;
  • Aprimoramento da iluminação externa;
  • Implantação de área de apoio aos usuários;
  • Instalação de CFTV;
  • Aprimoramento dos equipamentos e mobiliários operacionais;
  • Instalação de bebedouros e ventiladores;
  • Reforma do telhado e parte elétrica.
(PBH/Divulgação)

O que é a PBH Ativos?

A PBH Ativos foi criada em 2011, sob a forma de sociedade anônima de capital fechado, e é uma empresa estatal que oferece suporte técnico especializado ao Poder Executivo Municipal na execução das políticas públicas. Sua criação foi autorizada pela Lei Municipal 10.003/2010, criada na gestão do então prefeito Marcio Lacerda.

Entre suas atividades estão a estruturação de operações de captação de recursos e modelagens de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), viabilizando projetos de infraestrutura nas áreas de saúde, educação e outros de interesse da população.

Segundo informações que constam no site oficial da PBH Ativos, embora controlada pelo Município de Belo Horizonte, a empresa não conta com repasses do orçamento municipal. Suas receitas são próprias, provenientes das atividades que exerce.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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