Uma manifestação inusitada chamou a atenção de professores e da direção de uma escola do bairro Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Um grupo de alunos de 8 anos reivindicou pedindo o aumento no tempo de recreio. Cartazes e palavras de ordem mobilizaram outras crianças a participar.
Nas redes sociais, uma funcionária publicou algumas fotos dos cartazes feitos pelos estudantes. “Estão reivindicando o aumento do recreio”. O BHAZ conversou com a professora Fernanda Xavier para entender tudo que aconteceu na escola.
as crianças na escola construtivista que eu trabalho estão reivindicando o aumento do recreio
— Belanelle (@lovesucks) September 28, 2021
reparem no Paulo Freire saindo do túmulo e aderindo ao movimento 🗣🗣🗣🗣 pic.twitter.com/NeZAD4MKo5
“Estou trabalhando o gênero de cartaz com as crianças e mostrando que é uma forma de se comunicar. A reivindicação veio a partir deles e foi fantástico”, explica a professora. Fernanda relembra o momento em que uma aluna mostrou o cartaz com a reivindicação.
“Cheguei para dar aula e uma aluna me disse: ‘Professora você nos ensinou a fazer cartaz e a gente fez um. Vou te mostrar’. Depois que me mostrou ela e outros começaram a gritar: ‘Aumento de recreio”, lembra. A atitude mobilizou outros estudantes que também ficaram interessados em produzir cartazes.
A criançada deixou a criatividade livre e, em um dos cartazes, a turma chegou a recorrer ao patrono da educação brasileira. “Uma das alunas disse que ia colocar Paulo Freire revirando no túmulo: ‘Até ele vai querer aumentar nosso tempo de recreio'”, conta Fernanda.
Objetivo alcançado
A pandemia do novo coronavírus mudou a realidade da escola. Antes, os alunos tinham 30 minutos de pátio, conforme conta a professora Fernanda. “Agora as turmas não podem se encontrar. O tempo reduziu para 15 minutos. Eles lancham na sala e depois descem”, explica.
O protesto surtiu efeito e teve um final feliz para os alunos: “Conseguimos chegar em um acordo e eles vão ter 30 minutos de pátio três vezes por semana. Eles estão alucinados com a conquista da reivindicação”.
O tempo adicional, na visão da educadora, será essencial para o desenvolvimento das crianças. “Foi um protesto que surtiu efeito”, finaliza.