Não está nada fácil viver em Belo Horizonte. O alto custo dos produtos demonstra o peso que o cidadão enfrenta para pagar por tudo aquilo que consome e pelos itens básicos na capital mineira. A cesta básica está custando aproximadamente R$ 590, o maior valor da história. A energia elétrica foi o que mais contribuiu para o aumento no custo de vida no último mês.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD) aponta que, em setembro, o custo de vida na capital mineira avançou 1,31%, ou seja, ficou mais caro. O levantamento aponta os itens que tiveram alta no último mês:
- Alimentos in natura – 5,57%
- Alimentação em restaurante – 2,52%
- Despesas pessoais – 2,02%
- Alimentos elaboração primária – 1,54%
- Encargos e Manutenção – 1,51%
- Alimentos industrializados – 1,38%
- Produtos administrados – 1,23%
Além de tudo isso, a energia elétrica teve a maior alta com 6,61%. O BHAZ conversou com a economista Vaniria Ferrari para buscar explicações sobre as altas enfrentadas pelos belo-horizontinos. “Primeiro temos que entender qual a causa desta inflação. O que mais aumentou foram os custos de produção das empresas e, principalmente, os produtos agrícolas”.
A alta da moeda americana contribui, segundo a especialista, para a realidade na capital mineira. “Com o dólar mais alto, tivemos aumento do custo, principalmente a alimentação de grãos que são a base de tudo. A energia também pesa no custo da produção das empresas e temos a energia elétrica consumida nas casas”, aponta.
Receita comprometida
Esta série de aumentos nos produtos faz com que a renda da população fique cada vez mais comprometida. Ferrari exemplifica com o preço da cesta básica que chegou a R$ 588,42, o maior valor já registrado pelo IPEAD.
“Quem tem receita está com ela mais comprometida. A pessoa que recebe um salário mínio, R$ 1,1 mil, tem quase 60% destinado apenas para conseguir comprar uma cesta. Isso sem falar na energia elétrica e outros gastos”, explica Vaniria.
O impacto econômico do aumento do custo de vida impede a pessoa de realizar gastos adicionais. “Uma coisa puxa a outra. As pessoas estão passando aperto com o orçamento familiar e acabam reduzindo o consumo. O consumo extra não existe mais. A renda está direcionada para alimentação e outros insumos essenciais, como gás de cozinha e combustível”, complementa a economista.
Todos querem saber quando teremos redução, no entanto, isso ainda não é possível prever. Se algo serve de alento é que a capital mineira não tem o maior custo. “As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília têm custo de vida ainda maior. Só que em relação à média, o nosso está bem alto no que se refere à alimentação”, finaliza.
Valores
O portal colaborativo Custo de Vida apresenta os preços médios de produtos e serviços das cidades. Os valores são calculados com base nas colaborações recebidas e, por isso, podem não apresentar exatidão. Veja a relação de alguns itens da capital mineira:
- Almoço em restaurante barato – R$ 7,17
- Almoço em restaurante caro – R$ 31,76
- Arroz 5 kg – R$ 14,47
- Pão francês (kg) – R$ 8,52
- Ônibus – R$ 4,05
- Ingresso cinema (inteira) – R$ 16,43
Os valores foram baseados em 117 colaborações recebidas nos últimos 18 meses, entre 23 de abril de 2020 e 5 de outubro de 2021. A relação completa pode ser lida aqui.