Mesmo após prisões, PF não conclui inquéritos que apuraram desvios em universidades

Delegada Érika Marena, responsável pela investigação em Santa Catarina, deixou o cargo

Quatro meses depois de o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jaime Arturo Ramirez; a vice-reitora, Sandra Regina Goulart Almeida; e o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira, terem sido conduzidos coercitivamente à Polícia Federal, em Belo Horizonte, para prestar depoimento, o inquérito ainda não foi concluído e, não há indiciado, de acordo com movimentação do escritório da Procuradoria da República em Minas.

À época, os professores e dirigentes da universidade foram alvo da Operação “Esperança Equilibistra”, desencadeada pela Polícia Federal para apurar denúncia de desvio de recursos de cerca de R$ 4 milhões na construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, projeto cujo valor total era de R$ 19 milhões. De acordo com o delegado da Polícia Federal Leopoldo Lacerda, à época, esse teria sido o valor gasto até então, na construção do memorial e realização de pesquisas de conteúdo, mas, de acordo com a polícia, “o único produto aparente era um dos prédios anexos, ainda inacabado”.

O Portal BHaz pediu informação sobre o andamento do inquérito à PF em Minas, há uma semana, e não obteve retorno. O Ministério Público Federal disse que a investigação corre sob segredo de Justiça e que o trabalho de investigação ainda não foi concluído.

A lentidão também marca outro inquérito da Polícia Federal, que apura supostos desvios de recursos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os recursos, no valor total de R$ 80 milhões, deveriam ser destinados a programas de Educação à Distância (EAD). À época, o reitor da UFSC,  Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi acusado de obstruir as investigações e, com isso, afastado do cargo. Ele não resistiu à desmoralização e suicidou-se em um shopping de Florianópolis.

A Operação “Ouvidos Moucos” foi desencadeada em setembro passado e, até agora, o inquérito não foi concluído. O prazo expira em abril, já que a PF conseguiu mais noventa dias para fazer o indiciamento dos responsáveis. Passados seis meses, pelo menos seis pessoas continuam afastadas de suas funções públicas.

O suicídio de Cancellier causou indignação e custou o cargo da delegada Érika Marena, que presidiu a Operação Ouvidos Mocos. Ela foi uma as peças importantes da força tarefa responsável pela Operação Lava-Jato, quando foi convidada a assumir a chefia da diretoria de combate ao Crime Organizado da PF em Santa Catarina. Mas o desgaste com a repercussão do suicídio do reitor, ela terminou sendo transferida novamente, desta vez, para Superintendência da PF em Sergipe.

Maria Clara Prates

Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Trabalhou no Estado de Minas por mais de 25 anos, se destacando como repórter especial. Acumula prêmios no currículo, tais como: Prêmio Esso de 1998; Prêmio Onip de Jornalismo (2001); Prêmio Fiat Allis (2002) e Prêmio Esso regional de 2009.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!