Em casa também tem fome: Saiba como ajudar famílias das favelas Cafezal e Serra

Ajudar famílias fome favelas
Sem emprego e auxílio, famílias pedem socorro nas comunidades de BH (Reprodução/Instagram/A.C.M Cafezal)

A pandemia já completou um ano e os mais atingidos continuam sendo os mais pobres. A falta de iniciativas do poder público que atendam, de fato, moradores de comunidades, favelas e periferias de Belo Horizonte empurra a “responsa” para os próprios moradores, principalmente, líderes de comunidades. Nas favelas Serra e Cafezal, na Zona Sul de Belo Horizonte, a situação piorou no início desse ano. Segundo Cristiane Pereira, a Kika, líder comunitária da Associação Comunitária de Moradores da Vila Santana do Cafezal, falta alimentos para as famílias mais pobres, que são lideradas em sua maioria por mães solo.

“Faz um ano que estamos direto com essas ações contra o coronavírus. Agora a dificuldade é que as doações diminuíram muito, as coisas estão piores e estamos com um número bem maior de pessoas cadastradas”, explica Kika. O cadastro que a líder menciona é referente às pessoas que vão na Associação pedir pelo kit de cesta básica e produtos de higiene.

Segundo a presidenta da Associação, a ação já chegou a atender mais de 15 mil pessoas das favelas Serra e Cafezal, entre os atendidos estão pessoas desempregadas, mães solo, idosos e outros moradores em situação de vulnerabilidade. “Não temos mais o volume de doações que tínhamos antes, estamos fazendo o que dá.”

Pouca renda e muita gente em casa

No “aperto” causado pela pandemia, os próprios moradores se mobilizam para atender quem está passando fome na casa ao lado. Kika também é moradora da favela e relata que uma das formas de conseguir socorrer essas pessoas foi priorizar alguns grupos mais afetados pela pandemia. “Estamos dando prioridade para famílias maiores, aquelas que tem muita gente [em casa]e ninguém está trabalhando, mães solo e idosos”, explica.

Com o corte do auxílio emergencial no início deste ano, as famílias que dependiam dos R$ 600 ficaram ainda mais sem assistência. O governo federal só voltou a apresentar uma proposta de auxílio na última quinta-feira (18). A versão de 2021 do auxílio será paga a partir de abril em quatro parcelas, com valor médio de R$ 250 e será limitada a uma pessoa por família.

Nesse cenário de falta de renda, os moradores ainda precisam passar por mais um problema: falta de gás em casa. Kika conta que enquanto visita as casas das pessoas para avaliar a necessidade de assistência por parte da Associação, ela percebe que, em alguns casos, só a cesta básica não resolve o problema. Estamos tentando voltar com a ação de doação de marmitas na próxima semana. A gente vai na casa de algumas pessoas e não tem gás de cozinha, tem outros que são idosos e não conseguem cozinhar”, relata.

Tem gente passando fome

Com os problemas econômicos gerados pela pandemia, muitas empresas parceiras da Associação do Cafezal acabaram saindo do programa de doações. Por isso, a comunidade precisa, mais do que nunca, reunir esforços para que chegue comida na mesa das famílias das favelas. Segundo Kika, há crianças na vila que não tem leite em casa e os moradores não têm conseguido auxiliar todas as pessoas. Em resumo, tem gente passando fome.

“Tem uma moradora que sempre me pedia comida. Eu fui até a casa dela e vi que ela tem nove filhos e ainda está com um tumor, ela recebe só os R$ 200 do Bolsa Família. É muito triste ver aquele tanto de gente em casa sem trabalho. Saí de lá abalada.”

Como ajudar

As doações podem ser feitas na conta do Centro Cultural Lá da Favelinha. Empresários que quiserem adotar o programa de doações também podem entrar em contato na Associação Comunitária do Cafezal.

Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative

Edição: Roberth Costa
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!