‘Estava disposto a morrer’, diz tia de homem que manteve criança e jovem reféns em BH

sequestro em bh
Criança já está com a família e jovem de 23 anos também passa bem (Asafe Alcântara/BHAZ)

O homem que sequestrou uma criança de 7 anos e um jovem de 23 na tarde dessa quarta-feira (21) segue internado no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Leandro Pereira foi encaminhado à casa de saúde em estado grave. Ainda não há outros detalhes a respeito do estado de saúde dele.

O homem de 39 anos foi baleado pela Polícia Militar por volta das 10h após manter o filho da ex-companheira e um amigo dela em cárcere privado por horas. Segundo a major Layla Brunella, porta-voz da PM em Minas, a corporação atirou depois que ele se recusou a negociar a soltura das vítimas.

Familiares relataram à reportagem que Leandro não aceitou o fim do relacionamento de oito anos com a ex. Ele exigiu que a mãe do menino comparecesse ao local do sequestro para continuar a negociação com a polícia, o que lhe foi negado.

‘Disse que ia se matar e matar os meninos’

Daniela Félix, mãe do rapaz de 23 anos, conta que uma tia de Leandro o contatou durante o sequestro. “Ele disse que se não fizesse o que ele queria, ia se matar e matar os meninos”, disse em entrevista ao BHAZ.

A montadeira de 43 anos narra que Leandro e a mãe do pequeno estavam separados há cerca de dois meses. O jovem que foi feito refém é amigo próximo da moça, são “como irmãos” e cresceram juntos. Eles teriam combinado de se encontrar na casa, onde Leandro os aguardava à espreita.

“Ela tava querendo sair dali, mudar. Aí chamou ele e pediu ajuda”, explica a familiar. Segundo Daniela, a moça queria deixar a casa por conta de ameaças que vinha recebendo de Leandro.

‘Estava disposto a morrer’

“Ele começou a ficar com ela já grávida. Ele também não é essa pessoa ruim igual eles tão falando, não. Ele cuidou dela, do menino, convênio médico, tudo. Só que infelizmente deu essa m*rda”. O relato é de Dora Pereira, secretária de 43 anos, tia do então casal.

“Eu chamei ele ontem, tem toda a conversa com ele. Ele falou que tava disposto a fazer tudo, que ele não ia deixar ela sair assim livre. Que ele queria saber o porquê da separação”, acrescenta. “Eu não sei se por causa do fim do relacionamento ou do jeito que foi, porque ela mandou as roupas tudo pro serviço dele”.

A tia revela que entrou em contato com Leandro durante o sequestro e pediu que ele se entregasse à polícia, uma vez que era “trabalhador”. “Conversei, mensagem. Ele falou que estava disposto a morrer, que não ia se entregar, não, mas que queria conversar com ela”, disse.

Sensação de alívio e tristeza

O BHAZ ainda ouviu uma tia do rapaz de 23 anos sequestrado por Leandro. Depois que os reféns foram liberados, ela lamentou a situação e ressaltou que toda a família está abalada. O sequestrador e a mãe da criança resgatada pela PM nesta manhã são primos de primeiro grau.

“É um alívio e uma tristeza, porque a gente conhece a família dele. Então a gente fica triste por ter acabado dessa forma”, disse Cristiane Nogueira à imprensa após o resgate. Técnica de laboratório, a mulher de 47 anos ajudou a Polícia Militar a se comunicar com o suspeito.

“A gente tá há 16 horas aqui, em pé parado na chuva, sol, frio. Mas graças a Deus terminou tudo bem”, disse, aliviada. “Eu não sei nem te falar o que passou na cabeça, porque são tantas coisas. A gente na verdade nem pensa direito, só quer que termine bem”.

Leandro está no hospital

A Polícia Militar baleou o homem que manteve uma criança de 7 anos e um jovem, de 23, reféns por mais de 13 horas em Belo Horizonte desde a noite de ontem. As vítimas foram libertadas por volta das 10h.

Segundo a major Layla Brunella, porta-voz da PM em Minas, a integridade física da criança foi preservada. A corporação usou um sniper depois de mais de 13 horas de negociação com o rapaz, que estava irredutível.

“Ele foi socorrido ainda com vida. Assim que os militares entraram na residência e perceberam que havia sinais vitais, pediram o apoio do Samu, que estava na porta”, diz a major. “O ferimento é grave, não vou detalhar por questões técnicas, mas ele foi socorrido com vida e é nossa praxe”, acrescenta.

Segundo a porta-voz da PM, Leandro teve acesso ao celular da ex-mulher e teve contato com imagens e mensagens que o deixaram com o ânimo ainda mais exaltado. A partir disso, ele interrompeu o processo de negociação com as autoridades, que decidiram interferir a fim de “preservar a vida das vítimas”.

Leandro Pereira havia sido condenado e preso por matar uma ex-companheira em 2008. Ele cumpriu oito anos, da pena de 14 anos, em regime fechado.

Em nota ao BHAZ, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais) confirma que Leandro ficou preso de 26 de junho de 2008 a 16 de junho de 2016, quando recebeu alvará de soltura (leia mais aqui).

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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