Família se mobiliza para reerguer Bar do Rosa e ajudar ‘Careca’: ‘É a vida dele’

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Espaço era um dos favoritos dos alunos do campus Coração Eucarístico (Ana Luiza Miranda/Arquivo Pessoal + Reprodução/Twitter)

Peça a um estudante da PUC Minas para falar qualquer coisa relacionada ao curso e a reação provavelmente não terá o entusiasmo que provocam três simples palavras: Bar do Rosa.

O que muitos “fãs” do bar queridinho dos estudantes do campus Coração Eucarístico não imaginam é que o sentimento do dono do estabelecimento, carinhosamente apelidado de Careca, é o mesmo. E que, no fatídico março de 2020, enquanto os alunos adiavam os planos de se encontrar no bar após as aulas, Careca dava um adeus bem mais definitivo e doloroso ao local.

Desde então, as portas do point queridinho nunca mais se abriram, mas todo o resto mudou. Em conversa com o BHAZ, Ana Luiza Miranda, filha de Careca, contou todos os desafios que o pai tem enfrentado desde que precisou fechar as portas do Bar do Rosa – que era, ao mesmo tempo, sua única fonte de renda e principal fonte de alegria.

“Meu pai definhou mesmo. Ele está muito magro, não tem sorriso no rosto mais. Quem vai lá no restaurante, tem gente que nem volta”, lamenta a jovem. Segundo Ana Luiza, além de diversas dívidas acumuladas durante os meses de pandemia, Careca também pagou com a própria saúde mental. Foi justamente isso que levou a jovem a se mobilizar para tentar salvar não só o empreendimento, mas também a família.

“Ele está num estado de depressão grave. Desde então, ele fica falando que não aguenta mais, questionando o que ele vai fazer. E esse foi o ponto crucial para eu tentar movimentar alguma coisa. Eu falei: ‘não, agora eu preciso de ajuda'”, lembra. Por isso, ela criou, além de uma “vaquinha” online, uma rifa que vai distribuir diversos prêmios a quem ajudar.

‘Era muito amigo, parceiro dos alunos’

A situação atual de Careca ilustra uma triste realidade que atingiu em cheio um número imenso de bares e restaurantes na capital: donos que, de um dia para o outro, precisaram dar fim a projetos de vida construídos com anos de dedicação. No caso do Bar do Rosa, especificamente 14 anos.

“Quem conhece meu pai, as pessoas que conviviam lá conseguem falar, ele chegava lá 8h, porque ele ia preparar o almoço. E se tinha cliente até 2h da manhã, ele ficava até 2h da manhã, de segunda a segunda. A vida dele sempre foi trabalhar muito”, conta Ana Luiza.

E era nessa rotina de trabalho agitada e, muitas vezes, desafiadora, que Careca mais encontrava realização pessoal. “Eu tenho áudio aqui de pessoas que frequentavam o bar falando o tanto que meu pai era feliz, o tanto que ele era legal, que todo mundo era apaixonado por ele. Ele era muito parceiro dos alunos, sempre foi muito parceiro dessa galera”, lembra a filha.

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Antes da pandemia, o espaço era um dos favoritos dos alunos no Coração Eucarístico (Ana Luiza Miranda/Arquivo Pessoal)

R$ 120 por semana

O Bar do Rosa não foi o único negócio da família a ser ameaçado pela pandemia. Pouco antes do início da crise de saúde, Careca abriu, junto do filho, um restaurante próximo ao primeiro ponto – o Bar do Rosa 2. A ideia era vender refeições a preços mais baratos para os estudantes da PUC.

O que eles não imaginavam é que a universidade passaria os próximos 17 meses sem autorização para receber alunos. “Estava começando a engatar, começando a crescer. Aí veio a pandemia e travou”, conta Ana Luiza, que explica ainda que, desde então, o restaurante ficou com o irmão: “Ele conseguiu manter. Aos trancos e barrancos, devendo muita gente, ele conseguiu”.

Atualmente, Careca trabalha com o filho, mas o espaço continua sofrendo com o peso das restrições dos meses passados e desafios dos novos tempos. “Lá não está tendo lucro. Quando tem lucro, meu pai tira R$ 100, R$ 120 por semana, Ninguém está conseguindo tirar nada, nem meu irmão, nem ele”, revela a filha.

Dívidas no Bar do Rosa e desafios em casa

O resultado disso fica evidente não só nas portas fechadas, mas também nos quase 10 processos trabalhistas que o estabelecimento acumula, além de outros fiscais que a filha acredita que devem chegar: “Ele ficou muito tempo sem pagar nada, porque não estava funcionando. Veio muita coisa que a gente não conseguiu pagar”.

Ainda segundo Ana Luiza, o valor estipulado na vaquinha leva em conta a regularização de todas essas dívidas, além das do restaurante e também da manutenção da família, que tinha no Bar do Rosa a única fonte de renda. “Graças a Deus, ele tem uma casa que é dele, mas a mulher dele trabalhava no bar também. Agora ela está se virando como pode”, conta.

Além dos dois irmãos mais novos, a família também ganhou uma demanda a mais. É que a outra filha de Careca está grávida e agora eles estão se mobilizando para prestar a assistência que ela precisa.

Bar do Rosa vai voltar?

Desde que os desafios – e a vaquinha – foram divulgados, a campanha conseguiu arrecadar, em menos de 24 horas, R$ 29 mil dos R$ 100 mil estipulados como meta e mexeu com os estudantes, que se mobilizaram em peso para ajudar. Mas a pergunta que ronda a todos é só uma: o Bar do Rosa vai voltar?

Segundo Ana Luiza, essa é a meta. “A gente estipulou R$ 100 mil pensando em refazer o bar também. Tem essa expectativa de crescer o Bar do Rosa novamente. Eu não sei se a gente vai conseguir, porque depende do proprietário, mas a ideia é que o Bar do Rosa não morra mesmo, porque é a vida do meu pai”, conta.

Como ajudar?

Quem quiser ajudar na reconstrução do bar pode contribuir com qualquer valor pelo Pix (chave: 37.047.142/0001-14) ou através do link da vaquinha (acesse aqui), informando um telefone para contato.

Ao final da campanha, serão sorteados os itens abaixo:

  • 1 copo Stanley; 
  • 3 caixas de cerveja Verace;
  • 1 caixa de Xeque Mate;
  • Kit churrasco para cinco pessoas;
  • 4 entradas + R$ 200 de consumo na Major Lock;
  • R$ 300 em roupas;
  • Maquiagem + sobrancelha;
  • 2 pares do show “Belo O Dia”, dia 06 de novembro.

A família também aceita quaisquer doações que possam ajudar a irmã de Ana Luiza, que está grávida. Quem tiver itens de higiene pessoal e enxoval ou quiser contribuir de outras formas pode entrar em contato pelo Instagram (clique aqui).

Edição: Roberth Costa
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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