Fotógrafo da Grande BH é suspeito de importunar sexualmente criança de 10 anos durante ensaio

estúdio de fotografia
Um fotógrafo de 42 anos é acusado de importunar sexualmente uma criança de 10 anos durante ensaio realizado no estúdio dele, em Betim (FOTO ILUSTRATIVA: Banco de imagens/Pixabay)

Um fotógrafo de 42 anos é acusado de importunar sexualmente uma criança de 10 anos durante ensaio realizado no estúdio dele, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ao BHAZ, Queila Xavier conta que a filha teria sido vítima do homem, que está sendo investigado pela Polícia Civil. A defesa do profissional alega que ele é inocente.

Segundo a mãe, a criança acompanhava os tios e a prima de 3 anos em um ensaio fotográfico realizado pelo homem no dia 7 de outubro deste ano. Em ao menos quatro oportunidades, a criança disse ter sido abordada de forma indevida pelo fotógrafo.

“Chegando lá, o fotógrafo ficou muito encantado com ela, e até então ela ficou muito feliz, porque ele chamou ela para ser modelo, disse que ela era linda, abraçou ela. Nesse nesse meio tempo que a tia estava fazendo a primeira troca de roupas e o tio ficou com a com a bebê na sala de espera, ele falou para minha filha ir experimentar um vestido”, disse.

Queila explica que a filha ficou esperando o homem sair para se trocar, mas que ele teria pedido para ela se vestir na frente dele, além de pedir que a menina dissesse que ela “era dele”.

“Ela [a menina] conta que o fotógrafo segurou na mão dela e falou com ela assim ‘fala que você é minha’ e passou a mão nas pernas dela e na virilha dela”, diz a mãe, revoltada.

‘Estava empolgada e começou a ficar triste’

Ainda durante o ensaio, o homem teria passado a língua na orelha da menina e pedido para ela dizer, outra vez, que ela “era dele”. Ao sair do ensaio, os tios perceberam que a criança estava muito calada e perguntaram o que aconteceu, momento em que ela relatou o ocorrido.

“Ela estava toda feliz e empolgada e depois, do nada, começou a ficar triste e a fechar a cara. Quando ela e os tios chegaram na sorveteria, eles pressionaram para saber o que havia acontecido. Ela chorou e falou que não tinha contado antes porque ficou com medo do tio bater no homem”, declarou.

A avó da menina publicou uma denúncia contra o fotógrafo nas redes sociais. Segundo Queila, depois do post, a família soube de outras supostas vítimas.

De acordo com a dona de casa, a filha está se recuperando do susto. Ela e o marido denunciaram o homem para a polícia e esperam que a justiça seja feita. A mãe explica que desde cedo fala com a filha sobre a importância de denunciar episódios desta natureza.

“Eu falo com elas desde pequenas, o que pode e o que não pode. Eu me abro com elas normalmente, falo sobre educação sexual e que se acontecer algo elas têm que me contar”, explica a mãe.

O que diz o fotógrafo?

Em nota enviada ao BHAZ, a Polícia Civil informou que “há procedimento investigativo instaurado para a apuração dos fatos”. A investigação está a cargo da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Betim.

Também em contato com a reportagem, o advogado Luiz Henrique Fraga, que representa o fotógrafo, disse que está “acompanhando o andamento das investigações sobre essas supostas acusações e mostrará ao final do presente inquérito policial o devido esclarecimento dos fatos”.

“Não obstante, reforçamos nossa crença na presunção de inocência do nosso cliente e tralharemos para assegurar a justiça e contestar possíveis alegações injustas”, acrescenta a nota.

Nota da defesa na íntegra

A equipe de Defesa do fotógrafo suspeito vem a público informar que tomou conhecimento nesta data acerca da existência de um inquérito policial, ainda em fase preliminar, que foi instaurado afim de investigar os fatos decorrentes das acusações que estão sendo veiculadas por meio das redes sociais em desfavor do nosso cliente.

Cabe ressaltar que o referido fotógrafo vem prestando seus trabalhos profissionais ao longo dos anos em Betim e região e nunca teve em seu desfavor nenhum Boletim de Ocorrência, inquérito policial e muito menos processo criminal.

Desta forma, a Defesa estará acompanhando o andamento das investigações sobre essas supostas acusações e mostrará ao final do presente inquérito policial o devido esclarecimento dos fatos. Não obstante, reforçamos nossa crença na presunção de inocência do nosso cliente e tralharemos para assegurar a justiça e contestar possíveis alegações injustas.

Todavia, faz se necessário destacar que toda e qualquer acusação a respeito desses fatos deve ser devidamente realizada e formalizada perante a autoridade policial (Polícia Militar ou Polícia Civil), as quais serão as ÚNICAS competentes para investigar e averiguar as supostas denúncias, uma vez que dada a natureza sigilosa do crime investigado a Defesa não poderá revelar mais detalhes a respeito do conteúdo das investigações.

Esclarecemos ainda que desde imediato nosso cliente prontamente se coloca à disposição das autoridades e se compromete à estar colaborando com as investigações no que for necessário.

Crime sexual

O crime de estupro é previsto no artigo 213 do Código Penal, e consiste em “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.

Mesmo que não exista a conjunção carnal, o criminoso pode ser condenado a uma pena de reclusão de seis a 10 anos.

O artigo 217A prevê o crime de estupro de vulnerável, configurado quando a vítima tem menos de 14 anos ou, “por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”. A pena varia de 8 a 15 anos.

Já o crime de importunação sexual, que se tornou lei em 2018, é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência.

O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô. Antes, isso era considerado apenas uma contravenção penal, com pena de multa. Agora, quem praticar o crime poderá pegar de um a 5 anos de prisão.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:

  • Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher
  • av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
  • Casa de Referência Tina Martins
  • r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
  • Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher)
  • r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
  • Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher
  • r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
  • Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Edição: Lucas Negrisoli
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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