Homem é assassinado na Praça da Liberdade durante a madrugada

factual praça da liberdade
Vítima foi encontrada morta no local onde passava as noites (Cristiana Andrade/Arquivo pessoal)

Um homem foi assassinado na Praça da Liberdade, na Zona Sul de Belo Horizonte. Ele foi encontrado morto na manhã desta quinta-feira (28) pelos trabalhadores do espaço logo nas primeiras horas do dia – e reconhecido pelos mesmos como um morador em situação de rua que dormia na praça com frequência. Representante da Pastoral da Rua afirma que a situação de quem é obrigado a viver ao relento segue “lamentável”.

A movimentação da Polícia Militar e da perícia chamou a atenção de quem passava pelo ponto turístico nesta quinta. Os militares foram informados, no início da manhã, de que o homem havia sido morto aparentemente com uma facada. O BHAZ apurou que a vítima dormia constantemente na Praça da Liberdade e era muito tranquila, nunca se envolveu em qualquer tumulto, e saía do espaço com seus pertences logo quando os jardineiros chegavam.

Questionada pela reportagem, a polícia não soube informar a identidade do morador em situação de rua, tampouco a dinâmica do crime ou motivação. Como de praxe, o caso agora será investigado pela Polícia Civil.

Segurança da praça

O BHAZ questionou a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) sobre a segurança que é realizada na praça, principalmente no período noturno, momento em que o crime foi praticado.

De acordo com a SMSP (Secretaria Municipal de Segurança Pública), “a Guarda Civil Municipal realiza patrulhas preventivas, espontaneamente, em todos os dias da semana, durante as 24h do dia”. As patrulhas também acontecem, segundo a pasta, na região Centro-Sul, “onde está localizada a Praça da Liberdade”.

“A GCM realiza rondas a pé e também em viaturas, além do monitoramento por meio das câmeras do COP-BH, para, em parceria com as demais forças de segurança, garantir o policiamento comunitário preventivo voltado para a segurança da população”, ressalta a secretaria.

‘Situação lamentável’

A pandemia do novo coronavírus escancarou a difícil realidade enfrentada pelos moradores em situação de rua, conforme disse ao BHAZ Cristina Bove, representante da Pastoral de Rua. “A situação que já era lamentável está ainda mais. Você não tem oferta de moradia e nem de trabalho e renda para promover a saída destas pessoas das ruas. É grave a situação na qual elas estão submetidas”, afirmou.

Desde junho, pessoas que vivem nas ruas de BH recebem suporte na Serraria Souza Pinto, local que integra o conjunto arquitetônico da Praça da Estação. Segundo Bove, já passaram por lá mais de 5 mil pessoas. “O atendimento está sendo feito de forma emergencial. Teve dia que atendemos 700 pessoas. É muita gente vivendo nas ruas”, lamenta.

A representante cobra medidas do poder público para o quadro ser alterado na capital mineira. “Tem que ter política pública. Em nível de moradia, trabalho e renda para eles poderem se manter e na própria rua é preciso dar dignidade a eles. Não tem um sanitário, a pessoa não tem direito a tomar um banho, trocar de roupa. Tudo isso quebra a dignidade da pessoa”.

Dados do CadÚnico (Cadastro Único) apontam que a capital mineira, conforme informou Bove, tem 9 mil moradores em situação de rua. “Se queixam de que aqueles que vivem nas ruas só ficam deitados. É lógico, sozinhos eles não conseguem enfrentar a falta de perspectiva. Precisamos pensar sobre isso”, finaliza.

Nota da SMSP na íntegra

“A Guarda Civil Municipal (GCM) realiza patrulhas preventivas, espontaneamente, em todos os dias da semana, durante as 24h do dia, por toda a cidade, o que inclui a Região Centro-Sul, onde está localizada a Praça da Liberdade. A GCM realiza rondas a pé e também em viaturas, além do monitoramento por meio das câmeras do COP-BH, para, em parceria com as demais forças de segurança, garantir o policiamento comunitário preventivo voltado para a segurança da população”.  

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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