O homem investigado por matar um motorista de aplicativo em Belo Horizonte foi indiciado por homicídio privilegiado. A informação foi conformada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (30).
O crime ocorreu no bairro Dona Clara, no dia 16 de janeiro deste ano, após os dois se envolverem em uma briga de trânsito. A discussão começou depois que o investigado tentou ultrapassar o veículo em que Rodrigo Martins Guimarães, de 36 anos, estava.
Os dois homens trabalhavam como motorista de aplicativo. Segundo a PC, o investigado tinha pegado uma encomenda no bairro Jardim Montanhês. Durante o trajeto de entrega, ele buzinou e tentou ultrapassar o carro da vítima, no Anel Rodoviário, próximo ao Shopping Del Rey.
Confusão
O investigado afirmou que buzinou para Rodrigo pedindo passagem. No entanto, segundo seu relato, o homem teria diminuído a velocidade, quase batendo no carro dele. “Ele se vê obrigado a ultrapassar pela direita, momento em que emparelha com o carro e o motorista. Nesse instante, os dois trocam xingamentos e gestos ofensivos”, explica a delegada Ariadne Elloise Coelho.
Na sequência, o investigado continua a seguir a rota da entrega e percebe que está sendo perseguido por Rodrigo. De acordo com a delegada, a perseguição durou quase seis quilômetros. O homem contou ainda que a vítima teria dito “não adianta correr” e “eu vou te matar” durante a perseguição.
Investigações
As investigações revelam que, quando o investigado chegou ao destino da entrega, Rodrigo desceu do carro e foi atrás dele. Com medo, o homem disse que pegou uma faca, que ele deixa dentro do carro para “cortar frutas”, para se defender. Os dois continuam a discutir e partem para briga física, momento em que o investigado desfere os golpes na vítima.
Rodrigo chegou a ser socorrido e encaminhado ao hospital João XXIII, mas morreu três dias depois. O homem contou à polícia que, depois do crime, saiu do local por segurança. O motorista ainda estava com entregas programadas para fazer. Durante o trajeto, ele dispensou a faca e a blusa que estavam sujas de sangue.
A investigação da Polícia Civil começou no dia 20 de janeiro após a repercussão das imagens do crime. O motorista se apresentou voluntariamente no dia 22. “Ele estava acompanhado do irmão e da esposa. Aparentava estar bastante abalado, chorando muito, tremendo e parecia arrependido”, afirma a delegada.
Indiciado
Ele foi indiciado por homicídio privilegiado. Esse tipo de crime, segundo o código penal, ocorre quando o autor age movido por forte emoção, logo após uma provocação injusta da vítima. Por esse motivo, o motorista pode ter a redução de um sexto a um terço da pena.
O homem não tem passagens e responderá em liberdade. “Ele já não estava em estado flagrancial quando assumimos a investigação. O que poderia ter sido feito é um pedido de prisão, mas como ele se apresentou, colaborou e não é um indivíduo perigoso que viola a ordem pública de forma reiterada, não tinha motivos e requisitos legais para pedir a prisão dele. Então, ele responderá em liberdade”, conclui a advogada.
