O principal suspeito de matar uma mulher de 43 anos asfixiada com um travesseiro em Belo Horizonte foi preso preventivamente pela Polícia Civil na última quinta-feira (26). O homem foi localizado em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, oito meses após o crime, que ocorreu em janeiro deste ano. Nesta segunda-feira (30), a Polícia Civil, em coletiva, deu detalhes da prisão.
Conforme as investigações, a vítima foi encontrada dentro de casa por um familiar dois dias após o crime. Eles residiam em um mesmo lote no bairro Céu Azul, região de Venda Nova, mas os parentes estavam em viagem quando ela foi atacada. O corpo estava em estado de decomposição.
“Foi nesse momento, ciente de que esses familiares estavam viajando, que o namorado dela cometeu esse assassinato”, pontou a delegada Iara França. Segundo a titular do núcleo, inicialmente, o investigado foi chamado à unidade policial como testemunha. “Apresentou a versão de que esteve com ela naquele domingo, durante a tarde, foram para um bar e beberam. Em razão de ciúmes, brigaram, ele a deixou em casa e foi embora”, detalhou.
No entanto, durante as apurações, a equipe descobriu elementos que incriminavam o companheiro.
“Todo o local foi muito bem levantado. A forma como ela foi encontrada, as lesões encontradas no corpo dela, não eram compatíveis como se a vítima tivesse, segundo a versão dele, tido uma overdose de drogas e ali desfalecido na cama sozinha”, informou Iara. Segundo a delegada, a mulher foi morta com agressões na face, principalmente na região dos olhos, e posteriormente asfixiada com um travesseiro.
“E algumas pequenas informações foram juntadas dentro desse quebra-cabeça, como a notícia de um vizinho que teria ouvido um barulho na casa, de uma voz masculina, de um momento que o suspeito disse que não estaria lá. Fizemos a junção das provas objetivas, do que é coletado no próprio corpo e no local do crime, com os indícios coletamos de pessoas, testemunhas, vizinhos, conseguimos encaixar todas essas peças e chegamos à conclusão de que ele de fato havia a assassinado”, acrescentou a delegada.
Prisão e violência doméstica
O inquérito policial foi concluído em julho, e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) representou à Justiça pela prisão do investigado. Após monitoramento da equipe do núcleo para localizá-lo, o homem foi preso em Betim, onde estava morando, após retornar do trabalho na área da construção civil, e não resistiu à ação policial. Desde então, o suspeito encontra-se no sistema prisional.
Conforme os levantamentos policiais, a vítima estava em um relacionamento com o suspeito há cerca de um ano e sofria violência doméstica, mas não procurou a polícia para denunciar os fatos.
“Ela sofria calada e, mais uma vez, é uma vítima fatal de feminicídio, que não registrou ocorrência, que não pleiteou medida protetiva. Então é importante reforçar a necessidade do registro. A polícia só consegue saber se aquele núcleo familiar precisa de uma atenção maior se a ocorrência for registrada”.
A PCMG orienta que todo caso de violência doméstica e familiar contra a mulher seja denunciado.
Saiba como denunciar
O primeiro registro de ocorrência relacionado à violência contra à mulher pode ser feito:
- Na Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher ou em qualquer Delegacia de Polícia Civil. Pelo link, basta ir em “buscar por nome” e digitar o termo “mulher”.
- Pela Delegacia Virtual.
- Em qualquer unidade da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
- As denúncias também podem ser feitas pelo Disque 181 ou pelo Ligue 180, inclusive de forma anônima (ler mais abaixo). Os fatos narrados nestes contatos são encaminhados à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), que irá apurar a denúncia e tomar as providências necessárias. Não é um registro de ocorrência, mas é uma alternativa caso o denunciante seja um vizinho, amigo ou parente de uma vítima que talvez não possa ir até uma delegacia ou se sinta ameaçada para denunciar.
190
É possível acionar a Polícia Militar pelo número 190 em casos urgentes para que os agentes se desloquem até o local. No momento de uma violência, a PMMG poderá socorrer essa vítima e, inclusive, efetuar a prisão em flagrante do agressor.
A Polícia Militar de Minas Gerais oferece, ainda, o serviço Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD). Segundo a PMMG, a PPVD consiste em guarnição, “qualificada e treinada”, composta por uma policial do sexo feminino e um policial do sexo masculino, que prestam serviço de proteção à vítima, garantindo o seu encaminhamento aos demais órgãos da Rede Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher.
Veja mais sobre canais de denúncia e serviço de apoio às vítimas
181
O Disque Denúncia 181 funciona com uma central de atendimento unificada, com profissionais capacitados que trabalham 24 horas por dia e recebem denúncias, inclusive de violência contra a mulher. No entanto, é importante mencionar que não atende de forma urgente. De forma anônima, a mulher pode relatar as ocorrências e a denúncia é analisada por agentes da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Com inteligência e o trabalho integrado das Forças de Segurança, as investigações são feitas para responsabilizar o autor dos delitos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de Minas Gerais, somente no primeiro semestre de 2024, o Disque Denúncia 181 recebeu uma média de 200 chamados por mês sobre casos de violência contra a mulher.