Hospital oncológico 100% SUS, com diagnóstico a curto prazo, é inaugurado em BH

25/11/2024 às 17h21 - Atualizado em 25/11/2024 às 21h49
Hospital oncológico 100% SUS tem sete andares inaugurados em BH
A previsão é que os outros quatro pavimentos sejam inaugurados em 2025. (Ana Magalhães/BHAZ)

O Instituto de Oncologia Ciências Médicas de Minas Gerais (IONCM-MG), o mais novo hospital para o tratamento de câncer 100% SUS em Belo Horizonte, inaugurou sete andares nesta segunda-feira (25). A previsão é que os outros quatro pavimentos sejam inaugurados em 2025. Desde o dia 5 de novembro, o instituto já estava realizando atendimentos.

O prédio, que está localizado na rua Bernardo Guimarães, n.º 2640, próximo ao Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais (HUCM-MG), no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de BH, será ponto de assistência integral aos pacientes do Sistema de Saúde Unificado (SUS). O hospital é uma parceria com a Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), Governo Federal, Governo de Minas Gerais e Prefeitura de BH.

Aristides Oliveira, diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, afirmou que a parceria entre a pasta e a Feluma vai além do financiamento das obras. “É também uma implementação de um modelo de cuidado mais adequado para o paciente com câncer. Por isso, é uma perfeita aliança entre Governo Federal, Governo Estadual, município e Ministério da Saúde. Afinal, essa questão histórica do sistema de saúde, envolvendo a dificuldade de acesso a consultas e exames especializados no Brasil, não se trata exclusivamente de recursos.”, informou.

Para isso, segundo Aristides, haverá um apoio na gestão de fila, saúde digital, integração do protocolo eletrônico, telessaúde, coordenação do cuidado, parceria com a atenção primária, formação, entre outros.

Atendimento e formação de profissionais

Conforme o secretário do Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Fábio Baccheretti, a Feluma além de ser uma instituição que presta serviços de saúde de qualidade, forma médicos, enfermeiros e profissionais da área como um todo. “Ter esse hospital vai permitir que nós tenhamos melhores profissionais capazes para se espalhar pelo estado. No interior, existe a dificuldade de ter profissionais especializados. Porém, a Feluma forma todos os anos mais de 200 médicos e, agora, serão formados com este novo serviço”, disse.

O secretário municipal de saúde de BH, Danilo Borges Martins, afirmou que o projeto é uma concretização de algo que já estava planejado há muitos anos, já que, desde 2008 não era implementado um serviço de oncologia gratuito em BH. “A criação desse serviço é muito necessária, já que pode fazer muita diferença na vida do paciente do SUS da capital. Por isso, essa parceria com a Feluma proporcionou um dia muito emocionante. Somente esse serviço ampliará 20% das cirurgias e 15% dos tratamentos de quimioterapia da cidade. Isso é um ganho enorme para nossa cidade”, contou.

A instituição, ainda, levará o nome Flávio de Almeida Amaral, professor e ex-diretor geral da FCM-MG. “Ter meu nome perpetuado dessa forma é algo que traz para mim e para a minha família um enorme orgulho. Esse instituto não é apenas um serviço oncológico, mas tem no seu DNA o jeito Feluma de fazer. Contamos com diversos profissionais da saúde, sendo um time multidisciplinar, que tem amor e carinho pelo paciente SUS e prestar um atendimento de qualidade”, afirmou.

Com a finalização das obras do instituto, a expectativa é que sejam gerados 200 novos postos de trabalho. No primeiro semestre de 2025, serão iniciadas atividades acadêmicas como hospital-escola.

Hospital tem expectativa de fazer mil atendimentos por dia

A unidade contará com um serviço de oncologia especial, pois vai oferecer um diagnóstico a curto prazo (fast track) para os pacientes. Esse é um método de atendimento com processos de cuidados específicos em que a pessoa passa por consultas, exames para o diagnóstico e tratamento com uma logística facilitadora, para que o tempo entre a primeira consulta e o início dos cuidados seja curto.

Segundo o presidente da Feluma, Wagner Eduardo Ferreira, o rápido diagnóstico contribuirá para o salvamento de vidas. “Em oito dias de funcionamento, já foram atendidas mil pessoas. Estamos em processo de implementação. Já o nosso laudo está saindo entre 15 a 20 minutos. Entre a chegada na porta e o tratamento do paciente, o período é de 15 dias”, afirmou.

“A Feluma foi uma das experiências que se destacaram, no ano passado, e fez com que pensássemos sobre a pesquisa especializada. A ministra Nísia Trindade, e o presidente Lula, nos deram uma missão para acabar ou minimizar as filas de acesso ao atendimento especializado. Esse instituto de oncologia foi inspirador e esse modelo de fast track será implementado nacionalmente”, contou o diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde,

O corpo clínico do instituto atuará nas especialidades que enfrentam maiores dificuldades na saúde pública, como Ginecologia, Gastrenterologia Proctologia, Mastologia e Onco-Hematologia. Além disso, a unidade dará assistência multidisciplinar em Fisioterapia, Odontologia, Nutrição, Psicologia, Cuidados Paliativos, Serviço Social, Farmácia Clínica e Enfermagem em Navegação, com profissionais que atuam guiando o paciente em todos os fluxos do tratamento.

Ao todo, serão oferecidas 12 especialidades, sete linhas macro e 14 sublinhas de cuidado. Na formação do corpo clínico, o intuito é contar com mais de 50 médicos, desde professores da FCM-MG até médicos assistenciais.

O hospital também prestará assistência multidisciplinar em tratamento oncológico com estrutura para comportar 35 boxes de quimioterapia individuais, salas para atendimento. Além disso, a unidade contará equipamentos de última geração para realização de exames mais complexos, como a recém-adquirida ressonância magnética com inteligência artificial (modelo único no SUS), aparelhos de ultrassom, colonoscopia, biópsia guiada e outros serviços.

A expectativa é atingir a capacidade de mil atendimentos por dia, entre consultas, retornos, exames e procedimentos. Além disso, a estimativa é que sejam feitas 2,5 mil cirurgias e 17,4 mil procedimentos de quimioterapia no hospital por ano.

Fuad Noman anunciou parceria um dia após da reeleição

Após ganhar a eleição para a Prefeitura de BH, Fuad Noman (PSD) afirmou que faria uma parceria com a Faculdade de Ciências Médicas para construir um hospital 100% SUS para o tratamento de câncer na capital mineira.

O prefeito, às vésperas da campanha eleitoral, foi diagnosticado com câncer e iniciou o tratamento rapidamente. Segundo o chefe do executivo de BH, quanto mais rápido as pessoas começarem a tratar, a chance de cura é muito maior. “É preciso dar o mesmo tratamento para quem tem plano de saúde e para quem vai ao SUS”, afirmou durante uma entrevista na época.

Fuad não compareceu à coletiva, pois precisou ser internado nesta última sexta (22), em razão de fortes dores nas pernas. O médico responsável pelo prefeito, Dr. Enaldo Melo de Lima, afirmou que o quadro dele é estável e que seria necessário fazer alguns exames, o que levou ao cancelamento da sua agenda nos próximos dias.

A ministra da saúde, Nísia Trindade, também participaria da inauguração do hospital, mas precisou cancelar o compromisso devido a uma demanda do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), e precisou ficar em Brasília.

Ana Magalhães

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Repórter do BHAZ desde agosto de 2024.

Ana Magalhães

Email: [email protected]

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Repórter do BHAZ desde agosto de 2024.

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