A idosa atacada por um pit bull nesta sexta-feira (14), no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, relatou o trágico episódio ao BHAZ. A mulher de 62 anos sofreu vários ferimentos no rosto, pescoço e levou pontos em um dos braços.
A funcionária pública contou que estava chegando na academia, que fica na esquina da rua Mármore com a rua Ângelo Rabelo, por volta das 6h, quando se deparou com o cachorro solto.
“Eu saí do carro, encontrei com esse pit bull e corri. No que eu corro, ele me joga no chão. Eu fui lutando contra ele, lutei muito, porque ele queria o meu rosto, e eu protegi o meu rosto. O dono estava muito longe do bicho, ele estava sem focinheira”.
‘Me sinto guerreira’
A vítima relatou que o tutor do cão só conseguiu tirá-lo de cima dela quando o animal arrancou uma das mangas da blusa que usava. “Eu sofri muito, me sinto guerreira, não é qualquer pessoa que luta com um bicho daquele não”, diz.
“Meu pescoço está muito machucado. Achei que teria que fazer enxerto no meu braço direito mas só levei três pontos e o braço esquerdo está com alguns hematomas”, conta.
A mulher diz que vai acionar o tutor do animal na justiça para reparar os danos. “Eu nasci de novo. Estou machucada mas a minha dor é mais na alma. A gente fica muito revoltada, a gente é tão bacana, cumpridor dos nossos deveres e passamos por isso”, lamenta.
A mulher recebeu atendimento no João XXIII e agradece pelo tratamento no hospital. “Eles conseguiram diminuir um pouco dessa minha dor, tanto emocional quanto física. Tenho que tirar o chapéu para o nosso SUS”.
‘Questão é educar humanos’, defende especialista
Ao comentar o caso em que cães da raça pitbull atacaram a escritora Roseana Murray, em abril deste ano, o presidente da Comissão de Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Reinaldo Veloso, avaliou que o centro da discussão não deve ser os animais, mas a responsabilização do tutor. “É importante que a sociedade saiba que não é questão de matar os animais, mas educar os humanos”.
“Os humanos é que têm que seguir a legislação vigente. O Brasil tem que deixar de ser um país de faz de conta e as pessoas precisam respeitar a legislação. A legislação é clara e diz que todos os animais de grande porte, como fila, rottweiler e pitbull, têm que andar em áreas comuns, que as pessoas frequentam, com focinheira, coleira, guia. E que seja confortável para os animais”, disse, em entrevista ao Repórter Brasil, da TV Brasil.
“A gente vê esses ataques de pitbulls constantemente por debilidade na hora de administrar e de cuidar, por parte dos próprios tutores. Ninguém nasce para o mal. Geralmente, o pitbull, quando tem essa agressividade, adquiriu do meio em que vive”, destacou Veloso. “O que a gente precisa é de um maior avanço nos recursos humanos, na fiscalização. Para evitar que isso aconteça novamente.” Leia na íntegra aqui.
Entenda o caso
A idosa foi atacada pelo pit bull na manhã desta sexta-feira, no bairro Santa Tereza. O tutor passeava com o cachorro solto e sem focinheira no momento do ataque.
À polícia, uma testemunha disse que ouviu os gritos da vítima e chegou a agredir o cachorro, na tentativa de interromper o ataque. Pessoas que passavam no local ajudaram a idosa, e um professor da academia a levou para o Hospital João XXIII.
Um morador do bairro relatou em um grupo de mensagens que ouviu uma gritaria vinda da rua no momento do ataque. “Quando eu vi, o cara do pit bull já estava descendo com ele de cabeça baixa, e a mulher estava sentada no chão, coitada, toda ensanguentada”.
De acordo com a Polícia Militar, as testemunhas disseram que o tutor pegou o animal pela guia e saiu do local sem prestar socorro. A corporação fez rastreamento no bairro Santa Tereza para encontrar o dono do cão, porém sem êxito.
Em nota, a Polícia Civil informou que está apurando “a identificação do tutor do cão e as circunstâncias em ocorreu lesão corporal sofrida” pela idosa. Até o momento, a corporação não conduziu ninguém à delegacia.