O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) recomendou a retirada de ao menos três telas assinadas por Candido Portinari das paredes da Igreja São Francisco de Assis — a Igrejinha da Pampulha. A orientação consta em relatório técnico emitido pelo órgão, após vistoria realizada no local na última semana.
Ao Bhaz, a superintendente do Iphan em Minas Gerais, Célia Maria Corsino, declarou que ao menos uma das 14 pinturas que reproduzem as cenas da Via Sacra, já apresentava sinais de deterioração em decorrência do contato com a umidade.
“Na vistoria, percebemos que uma das telas apresentava manchas no verso. Apesar dos cuidados do pessoal da arquidiocese, que tem posto uma capa nos quadros, percebemos problemas pontuais. A solução é a retirada dos quadros, mas isso depende de uma ação conjunta com a prefeitura e o Iepha [Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais]”, afirmou.
Segundo a superintendente, a medida seria a forma mais adequada de preservar as peças sacras contra danos causados por infiltrações. “As últimas chuvas tinham dado goteira na igreja. Então, com a infiltração, a água vai toda para os painéis de madeira. Mas a nossa preocupação é com as paredes, onde estão os quadros”, explica.
As gestões do Iphan na preservação do templo foram determinadas em um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado junto ao Ministério Público de Minas Gerais na último dia 16 de dezembro. Em audiência realizada com representantes do órgão federal, da administração municipal e do Iepha, ficou acertada uma ação conjunta entre as entidades em busca de soluções.
“Estamos fazendo uma agenda conjunta. Inclusive a data para a vistoria dos demais órgãos já está marcada. A Pampulha, por ter se tornado um patrimônio mundial, exige ações conjuntas. Não sou eu que vou determinar a retirada dos quadros, mas sim, se for uma conclusão conjunta”, declara Célia Maria Corsino.
Revitalização
As obras de revitalização da Igrejinha da Pampulha, custeadas com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das Cidades Históricas, terá início em 2018, conforme previsto pela superintendente do Iphan.
“A licitação ocorreu em 2015, então as obras já eram para ter iniciado em março deste ano. Fomos surpreendidos pela agenda de cerimônia na igreja, que havia casamentos marcados para até agosto”, conta.
Por outro lado, quem afirma que foi surpreendida por uma agenda de obras “inesperada” foi a Arquidiocese de Belo Horizonte. A entidade chegou a afirmar, em nota encaminhada ao Bhaz, que o cronograma de obras teria sido apresentado “pelos órgãos competentes” somente em setembro, o que poderia colocar casamentos previamente agendados em xeque.
Conforme a superintendente do Iphan, um acordo estabelecido com a Arquidiocese de Belo Horizonte permitirá o planejamento da agenda de cerimônia na igreja para que as obras de revitalização sejam executadas a partir 2018.
