Iniciativa vai distribuir máscaras PFF2 no transporte público coletivo de BH

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Máscaras caseiras têm eficiência baixa em comparação à máscara N95, equivalente à PFF2 no Brasil (Amanda Dias/BHAZ)

A internacionalista Laura Luiza Costa, de 23 anos, começou uma campanha de arrecadação de máscaras do tipo PFF2 (N95) para as pessoas que utilizam o transporte público diariamente, em Belo Horizonte. Todo o projeto foi idealizado por ela, desde a arrecadação até as futuras entregas. Na capital mineira, mais de 90% dos passageiros afirmam andar em ônibus lotados durante a pandemia.

A belo-horizontina conta que a iniciativa veio devido à falta de ação do setor público em relação à proteção dos usuários de transporte público. “Epidemiologistas demonstram que os transportes públicos coletivos são um dos maiores focos de contaminação, por ser um local fechado, sem ventilação e lotado de passageiros. Portanto, precisamos proteger essas pessoas que tantas vezes não têm opção e precisam sair pra trabalhar e que não têm acesso à máscaras de qualidade, que de fato oferecem altos índices de proteção”, pontua.

Um estudo da USP (Universidade de São Paulo), realizado na capital paulista, em parceria com o Instituto Pólis, mostra que o número de internações pela Covid-19 foi maior nos locais onde as pessoas continuaram se deslocando para o trabalho, em especial usando de transporte público. Na mesma universidade, uma pesquisa mediu a eficiência de filtração de aproximadamente 300 máscaras faciais, com diferentes combinações de tecidos, e comparou seu desempenho com o de máscaras cirúrgicas e do tipo PFF2.

O estudo concluiu que a PFF2 foi a que apresentou maior poder de filtragem, em torno de 98%, ao mesmo tempo que as máscaras de cirúrgicas também se mostraram muito eficientes, com 89% de filtragem das partículas. Em relação às fabricações caseiras, as máscaras de TNT apresentaram uma eficiência média de 78%, sendo a melhor do tipo, enquanto as de algodão, usadas pela maioria dos brasileiros, tem uma eficiência muito variável, entre 20% e 60%.

Em conformidade com os especialistas, países como a Áustria e Alemanha já exigem, desde o começo do ano, o uso de máscaras cirúrgicas ou PFF2 em locais como transporte público e comércio. Depois, a França decidiu limitar o uso de proteção facial para as cirúrgicas, FFP2 (semelhante à PFF2 brasileira e à N95), e algumas de tecido que seguem determinados padrão.

No Brasil, no começo de junho, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que mandou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fazer um parecer para desobrigar o uso de máscaras por pessoas que já tiveram Covid-19 e por vacinados, contrariando as recomendações dos cientistas. O pedido não se concretizou. “Essa declaração é extremamente irresponsável em um cenário de descontrole da pandemia e das variantes do vírus e em um país que ainda tem mais de mil pessoas morrendo por dia, com um saldo de mais de meio milhão de mortes pela doença“, afirma Laura.

Doações e entregas

A internacionalista criou a iniciativa por meio da rede social e conta com a ajuda do maior número de pessoas possível para distribuir as máscaras mais eficientes na capital. As doações podem ser feitas em material, mas precisam ser máscaras PFF2 certificadas. Em dinheiro, a doação está funcionando através de um PIX, com três chaves possíveis:

A prestação de contas será postada na rede social e a distribuição será feita em pontos específicos da cidade. “Faremos todas as prestações de conta do valor arrecadado, indicando a quantidade de máscaras compradas e o valor unitário”, garante Laura. “Vamos selecionar estações de metrô e ônibus por regiões da cidade para fazer a distribuição das máscaras”, explica.

“A ideia é buscar estações de regiões onde a contaminação do coronavírus é maior e onde tem muitos trabalhadores usuários do transporte público. Hoje já conseguimos extrair esses dados a partir da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). As regiões Norte e Nordeste são as que reúnem o maior número de casos hoje. O bairro São Salvador é um exemplo disso, que tem um dos maiores índices de contaminação”, revela.

“Pretendemos priorizar essas regiões inicialmente, mas como disse tudo depende do volume arrecadado”, diz. “A pandemia escancarou uma série de desigualdades sociais e o número de dígitos na conta bancária não pode definir quem deve viver ou morrer. Precisamos garantir acesso e proteção à esses trabalhadores e trabalhadoras”, conclui Laura.

Edição: Vitor Fernandes

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