Jovem de 18 anos morre no Centro de BH com suspeita de overdose; 800 já foram atendidos na capital

Divulgação/Secretaria de Saúde BH

Uma jovem com 18 anos recém-completados morreu na segunda-feira (4), em Belo Horizonte, com suspeita de overdose (ou, conforme o termo técnico, intoxicação exógena). A ingestão de bebida alcoólica e drogas é uma preocupação das autoridades: desde sexta-feira (1º), já foram realizados mais de 800 atendimentos pelo sistema municipal de saúde.

No caso mais grave, uma jovem foi internada no Hospital da Unimed, no domingo, após ter uma parada cardiorrespiratória em um hotel da região Central da capital mineira, na rua São Paulo. Ontem, no entanto, a jovem faleceu – ela havia completado 18 anos no dia 17 de janeiro.

Um funcionário do hotel, que também é usado como prostíbulo, afirmou ao BHAZ que a jovem deu entrada no local no final de semana. “No dia do ocorrido eu estava de folga, mas as pessoas comentaram pelos corredores que tudo aconteceu muito rápido. Ela passou mal e logo o Samu chegou fazendo o atendimento”, disse o homem, que pediu para ter a identidade preservada.

Perguntado sobre mais detalhes da estadia da jovem, o funcionário desconversou. “O que aconteceu lá dentro [no quarto] a gente não sabe. Pois a partir do momento que a diária é paga pela pessoa, não temos como controlar”, contou.

Apesar da causa da morte ter como principal suspeita a overdose de bebida alcoólica e/ou droga e a jovem estar em um hotel usado como prostíbulo, a Polícia Civil informou, por meio de sua assessoria, que não investigará o caso. Isso porque, justifica a corporação, como o óbito da jovem foi considerado como “morte natural”, não é possível abrir um inquérito.

Seria necessário, afirma, que a equipe médica suspeitasse de alguma ação criminosa para, assim, a Polícia Civil ser acionada. A reportagem procurou o Hospital da Unimed, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.

Nas redes sociais, amigos da jovem lamentaram o falecimento. “Saudades eterna, minha linda”, escreveu uma pessoa.

Números preocupantes

Em apenas 12h, entre a noite de domingo (3) e a manhã de segunda-feira, foram realizados 308 atendimentos pela rede municipal de saúde. O número resulta em uma preocupante média de um atendimento a cada 2 minutos.

Postos ficam à disposição do folião durante todo o dia (Divulgação/Secretaria de Saúde BH)

Três Postos Médicos Avançados (PMAs) estão 24 horas à disposição da população para o atendimento no Carnaval. Um deles está localizado na Praça da Estação, enquanto os outros dois são itinerantes, conforme a expectativa de público para cada evento.

Desde a sexta-feira (1) até às 7h dessa terça (5), 1.305 atendimentos foram realizados, tanto nas PMAs quanto nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Desse número, 801 foram por intoxicação (álcool ou drogas), o que representa 61% dos casos atendidos.

DataIntoxicaçãoTraumasOutros
01/03 a 02/03 – entre 19h e 7h
22171
02/03 a 03/03 – entre 7h às 7h18210223
03/03 a 04/03 – entre 19h às 7h30811543
04/03 a 05/03 – entre 19h às 7h28914558

Para a folia deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) espalhou por toda a cidade as cabines móveis de atendimento com o objetivo de atender um número maior de foliões. “São 393 profissionais de saúde e 16 leitos de retaguarda para atender a casos de urgência durante o plantão”, afirmou, durante o anúncio da estrutura para a folia, o secretário de Saúde, Jackson Machado.

O secretário ainda destacou que, no último Carnaval, cerca de 20% dos atendimentos foram realizados a crianças e adolescentes com intoxicação por álcool e outras drogas.

Recomendações médicas

No período de Carnaval, a ingestão de bebida alcoólica é frequente e, por consequência, aumenta a chance de intoxicação. A médica – e colunista do BHAZ – Daniele Viana conta que, além de ser tóxico para todas as células do corpo, o álcool em doses exageradas pode causar a desidratação.

“O álcool inibe a diurese e faz com que a pessoa urine mais vezes. A intoxicação por álcool acontece pois a pessoa está com pouca quantidade de líquido no organismo. Além disso, as pessoas estão suando de forma excessiva, visto que estão expostas ao sol. A combinação desses fatores contribui para que a pessoa passe mal mais rápido”, explica.

Com relação ao uso das drogas, Daniele explica que as mais comuns para este período são as sintéticas, e que a cocaína, por exemplo, pode provocar arritmia cardíaca. “Além do risco que a droga traz consigo, ela pode causar intoxicação aguda, popularmente conhecida por overdose, e que pode levar à morte”.

Uma recomendação da profissional da saúde para os foliões é que redobrem a hidratação durante o consumo do álcool e que as drogas não sejam utilizadas de forma alguma.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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