Polícia revela que bebê encontrado congelado em BH nasceu com vida; mãe foi presa

Delegados
Mulher apresentou três versões diferentes sobre o ocorrido quando prestou depoimento à polícia (Polícia Civil/Divulgação)

A mãe da bebê encontrada congelada dentro de um freezer no início desta semana foi presa na quarta-feira (1°), em Belo Horizonte. Investigações da Polícia Civil apontam que a criança de aproximadamente 35 semanas teria nascido com vida, há cerca de um ano.

A mulher de 30 anos, natural da Bahia, é acusada pelo crime de ocultação de cadáver e deve responder também por homicídio. À corporação, ela detalhou a sequência dos fatos que levaram à descoberta da criança no freezer (veja detalhes abaixo).

Vítima não era feto

De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Alexandre Fonseca, o exame necroscópico do Instituto Médico Legal Dr. André Roquette (IMLAR) atestou que a vítima não era um feto, e sim uma criança, já que já havia nascido.

“O exame foi contundente em demonstrar que a bebê nasceu com vida, era saudável, com pulmões plenamente formados”, contou o delegado do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção nessa quinta-feira (2).

A Polícia Civil ainda aguarda exames complementares, mas trabalha com a hipótese de que a bebê possa ter morrido em consequência do sangramento pelo cordão umbilical, que não foi amarrado, ou por hipotermia”.

De acordo com o subinspetor Arnaldo Gomes, a mãe investigada pelo crime apresentou três versões diferentes sobre o ocorrido quando prestou depoimento à polícia.

“Apesar de, no momento do depoimento formal, ela ter se reservado o direito de ficar em silêncio, as entrevistas conduzidas anteriormente pelo corpo de investigadores do DHPP podem sim ser usadas como prova”, pontuou.

Sequência dos fatos

Ainda segundo os responsáveis pela investigação, a suspeita alegou que desde que descobriu a gravidez não queria dar à luz a criança. Ela disse que já tinha outros dois filhos, com pais diferentes.

No dia do crime, há mais de um ano, ela buscou um fornecedor ilegal de abortivo em comprimido no Centro de Belo Horizonte. Depois de comprar o medicamento, ela se instalou em um hotel próximo ao Mercado Central e tomou o abortivo.

A mulher disse que passou mal e só se recorda de ter acordado com a criança já nascida. Imediatamente, ela recolheu a placenta e a descartou pelo vaso sanitário do quarto.

Sem saber o que fazer, ela envolveu a criança em uma cinta pós-cirúrgica que usava abdominal para esconder a gravidez e depois a embalou em vários sacos plásticos.

A suspeita disse também que sentia medo de represálias de traficantes da região onde morava, caso descobrissem o crime. Por isso, ela ocultou todos os vestígios no apartamento do hotel.

“Posteriormente, a mulher pediu a uma vizinha, no bairro Flávio Marques Lisboa, região do Barreiro, que guardasse o embrulho com o corpo, dizendo que era um pedaço de carne”, explicou o delegado Alexandre Fonseca.

Ele reforça que a senhora em questão é inocente de participação no crime. “Ela, de fato, não sabia o que havia naquele embrulho e, por a investigada supostamente não ter geladeira em casa, acreditou na versão dela”, esclareceu.

Descoberta da bebê no freezer

Na última terça-feira (30), a vizinha enviou mensagens à investigada informando que precisava liberar espaço no congelador, de acordo com o depoimento que apresentou à polícia.

Ela conta que resolveu abrir o plástico e se deparou com o pé da criança. “Assustada, sem saber como agir, ela ligou para o pastor local, que também é policial militar reformado, e ele acionou a corporação para as providências cabíveis”, detalhou o delegado.

A suspeita foi detida pela Polícia Militar e encaminhada ao DHPP, onde foi autuada em flagrante por ocultação de cadáver.

Alexandre Fonseca ressalta que o crime é permanente: “ou seja, mesmo tendo ocorrido há mais de um ano, com o encontro do corpo, existe uma situação de flagrante”.

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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