Querido na UFMG, motoboy ‘Mano das Pizzas’ perde moradia e conta com ajuda para se reerguer

mano das pizzas
Mesmo trabalhando com entregas por aplicativo com uma bicicleta, há duas semanas Tiago se encontra vivendo em situação de rua (Tiago Costa/Arquivo pessoal)

Um motoboy bastante conhecido na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) tem contado com a solidariedade dos alunos para sobreviver. Chamado carinhosamente pelo apelido de “Mano das Pizzas”, Tiago Costa, de 35 anos, sofreu um grave acidente em 2020 e com isso perdeu seu principal instrumento de trabalho: a moto. Mesmo trabalhando com entregas por aplicativo com uma bicicleta, há duas semanas Tiago se encontra vivendo em situação de rua (veja abaixo).

Ao BHAZ, o motoboy conta que trabalhava vendendo pizzas na UFMG desde 2017. Como a instituição ficou fechada durante a pandemia, Tiago teve que começar a trabalhar como entregador por meio de aplicativos.

“Esse ano seria meu quinto ano na UFMG. Mas em novembro de 2020, eu rodando em um aplicativo de entrega, acabei dormindo na minha moto. Eu estava há 22h direto trabalhando, bati em um ônibus de viagem parado no Anel Rodoviário”, relembra.

Felizmente, Tiago sofreu apenas alguns ferimentos e foi liberado do hospital dias depois. Outro susto veio, no entanto, quando ele procurou os documentos da sua motocicleta para retomar as entregas.

‘As coisas desandaram’

“Eu vi que eu estava sem minha habilitação e sem a documentação da minha moto. Achei que tinha perdido, mas quando saí do hospital vi que recolheram. Quando fui correr atrás descobri que tinham 20 pontos na minha carteira, clonaram ela lá em São Paulo”, relata o motoboy.

Embora tenha conseguido se manter como entregador por algum tempo, depois do acidente, a vida de Tiago mudou drasticamente. Ele precisou vender todo o maquinário que usava para fazer suas pizzas e, com a renda cada vez mais escassa, não conseguiu mais manter o aluguel em dia.

“Depois do acidente, as coisas desandaram mais ainda. Já tem mais ou menos uns 14 dias que estou morando na rua. Tenho duas filhas, uma de 11 e de 9 anos. Tenho que cuidar delas. Sou separado há seis anos, elas estão na casa da mãe”, desabafa Tiago.

Como ajudar?

Agora, o trabalhador e pai de família conta com a solidariedade para se reerguer. Em um post feito nas redes sociais, ele compartilhou a difícil situação que está enfrentando e pediu para que as pessoas o ajudassem, doando pelo PIX (31) 9 9208-6712.

“Graças a Deus tem uma galera me ligando, me mandando mensagem. Cada um me ajudando como pode, já recebi PIX de R$ 50, R$ 100. Com esse dinheiro fiz compras pras minhas meninas. Vou administrando do jeito que dá. Muita gente tá passando por dificuldade, não sou só eu”, pondera.

UFMG ‘é família’

Apesar de todas as adversidades, é com muito carinho que Tiago fala sobre a UFMG – instituição que o acolheu de portas abertas. Com o retorno das aulas presenciais previstos para março deste ano, ele pretende juntar dinheiro para motorizar sua bicicleta e retomar as vendas no campus.

“A partir de março eu conseguindo colocar um motorzinho na minha bicicleta, vou estar de volta. Por conta do meu acidente, eu desfiz de todo o maquinário de produção, então vou ter que começar pegando de alguém pra revender, mas dá pra começar”, conta.

Para ele, a relação com a universidade vai muito além de negócios. Com o passar dos anos, Tiago foi criando cada vez mais vínculos dentro da UFMG, o que explica a rede de solidariedade que vem se formando para ajudá-lo.

“Eu rodava com a bolsa com 20 pizzas, tinha dia que eu vendia tudo. Eu ia na Belas Artes, na Escola de Música, até na Reitoria! Os vigilantes pegavam comigo, os professores, diretores. Quando veio a pandemia, eu tive o meu psicológico ‘abaladasso’ por essa falta do convívio. Ali é uma família e eu nem estou aumentando. São várias culturas e etnias dentro de um lugar só. O pessoal lá é sensacional”, declarou.

Tiago rodava por todo o campus, fez amizades e chegou até a participar de manifestações em defesa da universidade (Arquivo pessoal/Tiago Costa)
Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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