A Polícia Civil de Minas Gerais investiga as mortes de pelo menos 10 gatos em um condomínio residencial no bairro Monsenhor Messias, região Noroeste de BH. Os animais foram encontrados sem vida em um intervalo menor que 40 dias e moradores relatam temor diante da matança dos bichos.
Inconformados e também temerosos que mais animais sejam mortos, os moradores passaram a se mobilizar para dar um fim à situação. Até agora, no entanto, o caso segue sem respostas.
“Deixaram os corpos dos adultos e, no caso dos filhotes, abriram as barrigas e deixaram as partes espalhadas”, conta o universitário David Pedra, 23, morador que acompanha de perto a crueldade contra os gatos no condomínio.
Suspeita de envenenamento
David conta ao BHAZ que ele e a namorada já tentaram adotar alguns gatinhos que circulam pelo condomínio. No entanto, eles apareciam mortos pouco tempo depois.
“Há uns 40 dias, tinha uns quatro filhotinhos lá. Eu e a Luiza estávamos tentando pegar um deles para adoção, mas eles eram bem ariscos. Uma colega aqui do condomínio estava tentando pegar pra gente e poucos dias depois viu os filhotes mortos, com as barrigas cortadas”, recorda.
Recentemente, o estudante queria adotar outro gatinho, que batizou de “Jesse”. O casal esperava se mudar para outro apartamento para enfim pegar o bichano. No entanto, quando David e Luiza desceram para buscá-lo na última semana, não viram os gatos que costumavam ficar no conjunto habitacional.
“Então descobrimos que alguém tinha envenenado os gatos. Os adultos tinham deixado os corpos e, os filhotes, estavam novamente com as barrigas abertas. Dessa vez tinham deixado várias partes [do corpo] deles”, explica o rapaz.
Medo toma conta de condôminos
O estudante narra que os moradores estão muito abalados com os maus-tratos e mortes dos gatos. Assustados, David e a namorada vão se mudar para outro endereço. Outra condômina que cuidava muito dos animais também cogita deixar o imóvel.
“Nós já vamos sair essa semana, estamos com medo. Isso é atitude de serial killer. Os gatinhos já são um episódio muito triste, mas temos medo de evoluir para pessoas também”, lamenta. “Eu e Luiza temos uma gatinha, a Zoe. Graças a Deus temos o apartamento todo telado e ela nunca sai de casa. Mas dá muito medo”, finaliza.
Moradores vivem luto diário
Carina Araújo, 28, perdeu a própria gata no condomínio. Quando chegou ao endereço, um ano e meio atrás, a moradora decidiu acolher e castrar Mel, gatinha que mais tarde ficaria sob os cuidados dela.
“Ela vinha pra comer e beber e acabou se apegando a mim. Quando os assassinatos em massa começaram, telei a janela. Mas ela semre viveu nas árvores, estava acostumada, então não conseguiu se adaptar”, recorda a publicitária.
Carina passou a abrir a porta ocasionalmente, para que Mel brincasse no estacionamento por algumas horas. Certo dia, a moradora abriu a porta esperando que a gata voltasse, mas ela não apareceu. Foram dois dias de buscas, mas já era tarde demais.
A publicitária narra que até mesmo cachorros já acabaram indo para o hospital, só de passear pelo estacionamento. “Por causa desse medo de acordar e ter sempre um bicho pra levar pro lixão, eu sempre cuidava dos bichos e os colocava para adoção”, revela.
Carina e Nancy Moreira, uma das síndicas do prédio, tentam ajudar como podem. Elas colocam ração e água para os animais, longe do estacionamento, e tentam mobilizar os condôminos quando um pet aparece machucado. Inclusive, divulgam a crueldade animal em cartazes, na intenção de coibir novos ataques.
Polícia Civil investiga mortes
“Embora tenha câmeras de segurança, são horas de gravação e só alguém especializado poderia ver as imagens. Eles [os responsáveis pelo condomínio] não conseguem fazer muito. São oito prédios e muita gente. Há inclusive os síndicos que odeiam gatos, então não descartamos”, acrescenta Carina.
A publicitária afirma que os assassinatos sempre acontecem longe das câmeras, então não há suspeitas sobre quem comete tais crimes. Hoje (19), a perícia da Polícia Civil foi até o apartamento da síndica Nancy e coletou materiais que ajudarão nas investigações.
Em nota, a corporação afirma que instaurou procedimento investigativo. “A Autoridade Policial requisitou exames periciais e os trabalhos investigativos estão em andamento pela Delegacia Especializada em Investigação de Crime Contra a Fauna”, diz (leia abaixo na íntegra).
Nota da Polícia Civil na íntegra
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou procedimento investigativo, ao tomar conhecimento do crime de maus-tratos a gatos ocorridos em um condomínio residencial situado no bairro Monsenhor Messias, na capital. A Autoridade Policial requisitou exames periciais e os trabalhos investigativos estão em andamento pela Delegacia Especializada em Investigação de Crime Contra a Fauna.”