Menina de 6 anos consegue entrar na escola durante internação no Hospital João 23

Vitória João 23
Vitória ainda está com as mãos imobilizadas devido às queimaduras (Reprodução/SES-MG)

Há pouco mais de um mês, uma família de Ribeirão das Neves, na Grande BH, passou por um grande susto. Um incêndio em casa fez com que uma mãe e seus quatro filhos fossem encaminhados à urgência do Hospital João 23. O casal de gêmeos, de 2 anos, e a bebê de 7 meses foram liberados no mesmo dia. Já a mãe, Lorifica Jordana da Silva, e a filha Vitória, de 6 anos, passaram por um longo período de internação no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ).

O período se tornou mais importante do que imaginavam. Com o auxílio da equipe do hospital, a menina, que estava sem estudar, conseguiu uma vaga em uma escola próxima de sua nova casa. Os funcionários ajudaram na matrícula, na emissão da segunda via dos documentos das crianças – que foram queimados no incêndio -, e também presentearam Vitória com itens escolares. Já os irmãos gêmeos foram cadastrados em uma creche.

“Constatamos que a Vitória, em idade de obrigatoriedade do ensino, ainda não estava matriculada, pois seus pais não haviam conseguido vaga para ela. Rapidamente, entramos em contato com a Secretaria Municipal de Ribeirão das Neves e efetuamos seu cadastro escolar”, conta a pedagoga do hospital Jaqueline Dantas. Desta forma, além do tratamento das queimaduras no Hospital João 23, referência nacional neste tipo de atendimento, a família conseguiu resolver a matrícula na escola, uma questão que já preocupava os pais há algum tempo.

Para finalizar o processo de matrícula, era necessária a apresentação dos documentos, que acabaram sendo queimados no incêndio. A ajuda veio da assistente social do hospital Cláudia Carvalho, que acompanhou o pai ao cartório para retirar a segunda via dos documentos das crianças e resolveu tudo rapidamente.

“Minha família recebeu um amparo muito grande de toda a equipe. A assistente social nos acompanhou desde a nossa chegada e resolveu toda a questão da documentação dos meus filhos. Com os documentos em mãos, depois de uma semana de internação, a Vitória já estava matriculada em uma escola próxima à casa onde vamos morar. Nem sei como agradecer. Devo muito a elas e ao João 23. É um trabalho de fundamental importância aqui no hospital”, elogia o pai da Vitória, Valtécio Cezário de Oliveira.

Intervenções bem-sucedidas

Segundo a pedagoga, as crianças internadas no João 23 e no Hospital Infantil João Paulo 2 contam com o serviço da classe hospitalar para atender as demandas educacionais durante a internação. “O objetivo maior é fazer com que a criança não perca a vivência escolar. Para isso, entramos em contato com o local em que está matriculada ou, quando não é possível, selecionamos atividades compatíveis com o nível da criança e fazemos esse acompanhamento durante todo o período de internação”, explica Jaqueline Dantas.

Hospital faz parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) (Amanda Dias/BHAZ)

Vitória, que ainda está com as mãos imobilizadas devido às queimaduras, iniciou as atividades de forma oral, com acompanhamento da pedagoga em seu leito, e agora, após sua alta hospitalar, seguirá realizando as tarefas, inicialmente, em casa. A empolgação com a vida pedagógica recém-iniciada é grande. “Eu amei começar a estudar, estou gostando muito de aprender coisas novas”, afirma.

Além do material entregue pela escola, a equipe ainda presenteou Vitória com outros itens escolares e também realizou o cadastro na creche para seus irmãos gêmeos, que agora aguardam as vagas. “Temos tido sucesso nessas intervenções. As crianças já recebem alta com a vaga garantida, com o apoio das secretarias. Ficamos felizes em ajudar a Vitória a se recuperar e seguir a sua vida de forma plena, como toda criança merece”, diz Jaqueline.

Outros serviços

Segundo a enfermeira do CTQ do Hospital João 23 Daniela Mello, depois da alta hospitalar os pacientes recebem, quando necessário, doação de malha compressiva, de alto custo, e de placas de silicone para tratamento de cicatrizes que não estão evoluindo bem.

Toda criança sai fantasiada no dia de sua alta (Reprodução/SES-MG)

Além disso, todas as crianças do CTQ, no dia de sua alta, saem fantasiadas do hospital. “Elas ficam ansiosas aguardando pelo momento da alta e pelo traje surpresa”, afirma a enfermeira do CTQ Daniela Mello. “Quando saem com as partes do corpo enfaixadas, acabam chamando atenção por onde passam. Mas, no momento em que deixam o hospital fantasiadas, as pessoas veem ‘super-heróis e princesas'”, explica.

“É uma forma de dar privacidade para que a criança não seja questionada o tempo todo sobre os curativos. Contribui muito para a sua autoestima, pois ela se percebe inteira, bonita e capaz, independentemente da marca no corpo”, completa a pedagoga Jacqueline Dantas.

De acordo com o pai, Vitória aprovou. “Ela gostou demais de sair caracterizada. Ela já tinha uma fantasia da personagem Bela, mas acabou sendo queimada durante o incêndio”, conta.

Doações

As fantasias são doadas por servidores da Fhemig e pela ONG “Criança que sonha”.“Sempre que temos demanda, solicitamos à ONG a fantasia do tamanho que precisamos”, conta a pedagoga.

Quem tiver interesse em realizar doações de fantasias, deve entrar em contato diretamente com a ONG pelos telefones (31) 99979-3828, 99928-6556 ou 98717-7074.

Por Aline Castro Alves /Fhemig

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