Atingidos pela lama em Mariana revivem drama diante de Brumadinho e cobram reparação

Rejeitos de Fundão chegaram a Barra Longa e deixaram o rastro de destruição (Divulgação/Cáritas Brasileira/MAB)

Moradores de Barra Longa, na Zona da Mata mineira, realizaram um protesto nesta quinta-feira (31) e fecharam o escritório da Fundação Renova. A cidade foi atingida em 2015 pelos rejeitos da barragem de Fundão que rompeu em Bento Rodrigues, distrito de Mariana. Entre as reivindicações dos moradores, destaque para o reassentamento dos moradores da comunidade de Gesteira.

O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Pablo Dias, contou ao BHAZ que aproximadamente 200 casas em Barra Longa estão com trincas e rachaduras devido ao tráfego de veículos pesados na região. “No Centro da cidade as famílias estão vivendo em situação de risco. Até hoje elas não foram realocadas para moradias seguras, mesmo isso estando previsto. Essa também é uma reivindicação nossa com a Renova, assim como o desejo de que os moradores de Gesteira sejam reassentados”, disse.

Além do reassentamento de famílias e da retirada das pessoas dos imóveis inseguros, os moradores de Barra Longa exigem o reconhecimento de famílias que foram atingidas, algo que, segundo eles, não ocorreu pela Renova. A fundação surgiu depois do rompimento da barragem de Fundão para prestar assistência às vítimas e recuperar a região, social e ambientalmente.

A população também cobra o pagamento de indenizações. “Três anos se passaram e continuamos com famílias não cadastradas e reassentadas, pessoas morando em imóveis com trincas, indenizações que não foram pagas, pessoas com problemas de saúde. É muita demora nas ações de reparo”, afirma Pablo.

Moradores prometem ficar na Fundação até que ela dê uma resposta às reivindicações (Divulgação/MAB)

O coordenador do MAB conta que o rompimento das barragens em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, fez com que os atingidos de Barra Longa revivessem o drama de novembro de 2015. “Eles não querem que os atingidos pelo novo crime da Vale passem por aquilo que estão sofrendo. A sede da Renova foi fechada por esse motivo, direitos continuam sendo violados”.

Por meio de nota, a Fundação Renova informou que “considera legítima qualquer manifestação popular” e disse que uma equipe esteve no local da manifestação para negociar com os envolvidos. “Desde que assumiu as ações de reparação em Barra Longa/MG, em 2016, diversas obras já foram entregues pela Renova, os quais abrangem a reconstrução de 10 casas, reforma de 133 residências, propriedades rurais, comércios, escola e, inclusive, a recuperação de todos os quintais da área urbana”, diz trecho do material.

Nota da Fundação Renova na íntegra 

A Fundação Renova considera legítima qualquer manifestação popular, coletiva ou individual, e reafirma que possui como práticas norteadoras de suas ações a participação das comunidades. Na manhã desta quinta-feira (31/01), no escritório do Programa de Indenização Mediada (PIM) da Fundação Renova, no município de Barra Longa/MG, houve manifestação de um dos moradores reivindicando a reparação dos danos causados em seu imóvel, em decorrência do rompimento da barragem do Fundão em Mariana/MG.

A equipe da Fundação Renova esteve no local para negociação, sendo agendada reunião para a próxima segunda-feira, 4 de fevereiro, para tratar deste assunto. A manifestação foi encerrada em seguida. Sobre o caso específico deste manifestante, a Fundação Renova esclarece que as intervenções no seu imóvel estão previstas no cronograma de ações a serem concluídas no segundo semestre deste ano.

Desde que assumiu as ações de reparação em Barra Longa/MG, em 2016, diversas obras já foram entregues pela Renova, os quais abrangem a reconstrução de 10 casas, reforma de 133 residências, propriedades rurais, comércios, escola e, inclusive, a recuperação de todos os quintais da área urbana.

Além disso, foram destinados mais de R$ 17 milhões ao pagamento de 147 indenizações e desembolsados mais de R$ 18 milhões pagos à 289 titulares ativos assistidos pelo programa de Auxílio Financeiro Emergencial. Neste contexto, destaca-se que, até 30 de janeiro de 2019, os recursos destinados somam mais de R$ 35 milhões.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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