Moradores de rua de BH comemoram o Natal com ceia e música no Viaduto Santa Tereza

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Comemoração de Natal contou com ceia, oficinas e entrega de kits (Isabela Monteiro/Pastoral de Rua)

Os moradores de rua do Centro de BH participaram de uma ceia natalina nesta quarta-feira (22), promovida pela Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte. O “Natal do Povo da Rua” aconteceu no Viaduto Santa Tereza. Desta vez, a solidariedade tomou conta do tradicional espaço de manifestações artísticas, e as pessoas em situação de rua puderam fazer de lá seu próprio palco.

Segundo a Pastoral de Rua contou ao BHAZ, além da ceia de Natal, o evento contou com um palco aberto em que a própria população pôde cantar, dançar, declamar poesias, fazer manifestos e, assim, animar o encontro. Orações, sorteios e oficinas de poesia também estavam na programação.

O Natal do Povo da Rua também teve rodas de conversa, oficinas de cartão de Natal e entrega de brindes, que consistiam em kits de higiene. A Pastoral de Rua entregou escovas de dentes, pasta de dentes, sabonetes, papéis higiênicos, roupas íntimas para homens e mulheres, absorventes e aparelhos de barbear.

Oficina de cartão de Natal (Isabela Monteiro/Pastoral de Rua)

Memória do atendimento emergencial

O evento natalino aconteceu por conta dos encontros mensais realizados entre a pastoral e os moradores de rua. Por causa do período de Natal, a confraternização deste mês acabou sendo voltada para a data comemorativa, e teve até a montagem de um presépio com materiais recicláveis por parte de alguns voluntários.

Conforme conta ao BHAZ a coordenadora da Pastoral de Rua, Claudenice Rodrigues, o grupo da Arquidiocese de Belo Horizonte realizou, desde o ano passado, o “Canto da Rua Emergencial“. “No período mais crítico da pandemia, nós montamos uma frente humanitária que tinha atendimentos diários, na Serraria Souza Pinto”.

O atendimento foi encerrado em agosto por conta da volta do uso do espaço da Serraria Souza Pinto, no Centro, para eventos. Para manter o vínculo com as pessoas em situação de rua, a pastoral mantém encontros mensais com os moradores, em torno do dia 30 de cada mês. Claudenice aponta:

‘Somos a família deles’

“Eu percebi que eles ficaram muito agradecidos, inclusive alguns expressaram que nós somos a família deles, ainda que eles tenham a família de sangue, e ficaram gratos pela oportunidade de viver um pouco esse espirito de Natal. A maioria frequentava o Canto da Rua Emergencial, e aí bateu aquela esperança de que pudesse voltar com os atendimentos que tinham lá na Serraria”.

De acordo com a coordenadora, os moradores de rua costumam relatar que as condições de vida pioraram com o encerramento do Canto da Rua Emergencial. “Tem construções de ideias para possibilitar um outro atendimento diferenciado, e inclusive fortalecer a politica pública”, esclarece.

A confraternização natalina reuniu cerca de 400 pessoas em situação de rua no Viaduto Santa Tereza, segundo a pastoral. A própria pastoral e outros núcleos da arquidiocese que são ligados à população de rua de Belo Horizonte ajudaram a arrecadar os recursos para fazer o almoço.

Natal é difícil para moradores de rua

“Muitos deles já estão na rua há mais de 30, 40 anos, e alguns, nesses momentos mais emotivos, lembram da família, de um parente, de uma situação de Natal. Para a maioria das pessoas esse já é um período mais emocional, e para a população de rua que não vai comemorar é mais doloroso”, diz a Pastoral de Rua.

Claudenice ressalta a importância desse evento para os voluntários da pastoral: “Foi um momento muito importante para nós, pois estivemos com eles boa parte do ano na rua. E o Natal sempre foi um momento importante, de fortalecer a unidade, de a gente poder compartilhar, confraternizar, renovar a fé em Deus, que é muito forte para a gente”.

Edição: Vitor Fernandes
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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