MP denuncia promotor de Justiça por feminicídio da esposa em BH

Lorenza Pinho
Investigação concluiu que Lorenza foi vítima de feminicídio (Reprodução/Lorenza Pinho/Facebook)

O MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) denunciou, nesta sexta-feira (30), o promotor de Justiça André Luis Garcia de Pinho pelo assassinato da esposa dele, Lorenza Maria Silva de Pinho. As investigações do órgão apontaram que a morte de Lorenza, no início deste mês, foi causada por asfixia, ação contundente e intoxicação.

“Lamento informar que as investigações sobre a morte de Lorenza Maria da Silva Pinho concluíram que sua morte decorreu de um feminicídio”, disse o procurador-geral de Justiça do MPMG, Jarbas Soares Júnior, em entrevista coletiva nesta sexta. O procurador-geral também informou que pediu que a prisão temporária de André Luis fosse convertida em prisão preventiva.

“A morte foi causada por asfixia, ação contundente e intoxicação. Com o apoio da PCMG [Polícia Civil de Minas Gerais], foi oferecida denúncia hoje ao TJMG [Tribunal de Justiça de Minas Gerais] pelos crimes indicados e pedido de prisão preventiva do promotor”, apontou Jarbas.

Além da denúncia ao TJMG, a equipe responsável pelas investigações também suspendeu o sigilo de Justiça do caso. “O trabalho ocorreu com bastante dedicação e esforço conjunto com a PCMG. Tudo transcorreu com segurança e foi um trabalho regular, tudo muito bem registrado. Muitas ações foram filmadas. É um momento triste, porém é momento de nos colocar à disposição”, disse o delegado Joaquim Neto e Silva.

Investigações

Segundo a equipe do MPMG, as investigações começaram no mesmo dia em que Lorenza morreu. “Recebemos a notícia de que ela teria morrido sob circunstâncias suspeitas e imediatamente separamos um grupo especial para trabalhar no caso”, afirmou o procurador de Justiça Marcos Paulo Miranda.

Além da Polícia Civil, a investigação contou com apoio de equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeiros. “Cumprimos cinco ordens de busca e apreensão no apartamento que o casal morava. Também houve buscas em um outro apartamento do casal, no Sion. Também ouvimos 22 testemunhas, parentes e pessoas próximas e pessoas relacionadas ao atendimento médico da Lorenza”, detalhou o procurador.

Ainda segundo Marcos Paulo, os investigadores revisaram mais de 14 mil páginas de decorrências médicas detalhadas no prontuário de Lorenza. “Isso fez com que a gente fizesse uma análise do quadro da vítima. Analisamos mais de 100 horas de imagens de câmeras de segurança da casa do casal”, complementou.

Médicos denunciados

Ainda segundo Marcos Paulo, os médicos responsáveis pelo atendimento de Lorenza no hospital ao qual ela foi encaminhada também foram denunciados – um deles, mais de uma vez. “O médico Itamar [Tadeu Gonçalves Cardoso] foi denunciado criminalmente por falsidade ideológica por inserção de dados inexatos no prontuário da Lorenza”, disse o procurador.

“O senhor Itamar também inseriu dados inexatos, inverídicos na declaração de óbito. Por isso, ele é denunciado duas vezes. O Alexandre, médico que assinou a declaração de óbito a pedido do Itamar, foi denunciado por falsidade ideológica”, detalhou Marcos Paulo.

Motivação

Ainda segundo as investigações, o promotor de Justiça teria matado a esposa por causa de conflitos no casamento. “Ela não conseguia mais exercer o papel de esposa e de mãe que ele esperava. Passava a maior do tempo trancada no quarto, tinha suspeita de infidelidade da parte dele”, detalhou a promotora Gislaine Test Colet.

“O que percebemos é que houve um desgaste no relacionamento. No primeiro momento, eram um casal apaixonado, mas que, com o tempo, ela foi definhando. Ela teve uma série de problemas de saúde, que foram agravados pela morte da mãe dela”, afirmou Gislaine, que ainda complementou: “Ela acabou se tornando um peso na vida dele”.

“A situação do casal estava precária, faltava até mantimentos. Já foram ameaçados de despejo. Foi encontrada uma carta dela com tudo o que estava passando, falando sobre como ele tratava ela de forma indiferente”, completou o subcorregedor geral do MPMG, Giovani Mansur.

O caso

O corpo de Lorenza Maria Silva de Pinho foi encontrado no apartamento do casal no último dia 2. Desde então, o Ministério Público e a Polícia Civil já apuravam o caso. “Os exames de necropsia foram concluídos na madrugada desse sábado, no Instituto Médico Legal Dr. André Roquette, acompanhados das autoridades competentes, e todos os elementos de investigação estão sendo compartilhados com o MPMG”, disse a corporação.

Equipes do MPMG e da Polícia Civil estiveram na manhã do dia 4 de abril no apartamento de André Luis, onde a mulher foi encontrada morta. Ao fim da ação no apartamento, que fica no bairro Buritis, região Oeste de BH, o promotor foi levado pelos agentes e está preso temporariamente desde então.

Em nota, o órgão explicou que os oficiais realizaram diligências no local “dando seguimento às apurações relacionadas aos fatos ocorridos na sexta-feira”. O trabalho contou com a participação das equipes do Gabinete de Segurança e Inteligência e do Centro de Apoio das Promotorias Criminais, ambos do MPMG, além das Polícias Civil e Militar.

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!