Se lidar com o clima seco e quente é tarefa difícil, imagine compartilhar esse desafio com mais de 20 pessoas, em uma sala, durante mais de 4 horas, cinco vezes por semana. Essa é a realidade de crianças e adolescentes de escolas de BH, em meio à onda de calor, às queimadas e à falta de chuvas, uma combinação que leva qualidade do ar da capital a ser classificada entre “ruim” e “muito ruim” desde o início desta semana.
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O BHAZ conversou com estudantes na manhã desta quinta-feira (5), quando a capital mineira amanheceu encoberta por uma névoa seca pelo quinto dia seguido. “Tem um ventilador na sala e muita fé”, brincou uma adolescente de 16 anos sobre a situação nos últimos dias.
Na Escola Estadual Maria Andrade Resende, no bairro Garças, na Pampulha, os alunos ouvidos pela reportagem foram unânimes ao relatar o desconforto causado pelo clima.
O alinhamento dos estudantes também se manteve ao serem questionados sobre o que não pode faltar: “a garrafinha de água”. No entanto, boa parte dos entrevistados estava sem o recipiente. “Esqueci”, comentaram muitos.
Ana Clara Carvalho, de 17 anos, também falou sobre o ato de fé para superar as altas temperaturas, mesmo com o ventilador ligado e as janelas abertas. A adolescente conta que tem reforçado na hidratação, mas foi para escola sem a garrafa de água. “Hoje eu trouxe só um suco”, conta ao mostrar a caixa da bebida.
“Estamos vivendo na base da misericórdia. Está bem difícil de respirar. O nariz de todo mundo está um pouco ruim”, lamenta outra estudante, de 16 anos.
O cenário está mudando a rotina nos colégios. A SEE/MG (Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais) afirma que reforçou junto às escolas da rede estadual as orientações para proteção da saúde dos estudantes e servidores.
“Entre as ações destacadas estão a manutenção de janelas abertas para garantir boa ventilação e a orientação sobre a importância da hidratação com a ingestão de água, disponível nas áreas comuns das escolas. Além disso, é recomendado o uso de garrafinhas individuais para hidratação e a redução de atividades físicas intensas durante o calor”, destacou a pasta em nota.
Mesmo assim, as medidas não têm sido suficientes para alívio térmico, segundo os alunos. “Qualquer coisa que a gente vai fazer, a gente já cansa. Por mais que deixe tudo aberto, fica bem abafado. É ruim ficar dentro da sala”, relatou um estudante do terceiro ano do ensino médio. “Para melhorar, estamos nos hidratando muito. Quem não traz garrafa [com água], pega copo. Querendo ou não, isso atrapalha até quem traz garrafa porque ficar saindo de sala toda hora é ruim”, complementa.
Quando vai chover em BH?
Boa parte de Minas Gerais, incluindo Belo Horizonte e região metropolitana, seguem com alertas de calorão e baixa umidade. Nesta quinta-feira (05), a umidade relativa do ar na capital mineira pode ficar abaixo de 12%, semelhante ao clima desértico.
A temperatura mínima do dia foi 18 ºC e a máxima estimada é de 35 ºC. Segundo Anete Fernandes, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a solução para o tempo seco é a chuva e não há indicativo da chegada dela de imediato.
“Não dá para especificar o dia, apenas que deve ocorrer a partir da segunda quinzena deste mês. Já nesta semana, o tempo seco perdura, com a umidade do ar podendo chegar a 10%”, diz a especialista.