Um novo voo com deportados brasileiros, vindo dos Estados Unidos, chegou na tarde desta sexta-feira (21) ao Aeroporto de Confins. Essa é a terceira ação desde a posse de Donald Trump.
Dos 94 brasileiros que chegaram ao país por Fortaleza, no Ceará, 81 seguiram viagem para Minas Gerais. Dentre os deportados que desembarcaram no Aeroporto Internacional, na região metropolitana de Belo Horizonte, 9 são crianças e 2, idosos.
Fabiano Ferreira de Oliveira, um dos passageiros, conta que morou nos EUA por cinco anos, antes de ser preso. Ele permaneceu na prisão por cinco meses.
“Foi horrível. Fomos tratados como se fôssemos animais. É muito destrato, com criança, com idosos. O local é como se fosse uma ‘pocilga’ de porcos, porque toma banho no dia que eles querem, tratam de qualquer forma. Nós fomos tratados como terroristas”, lamenta.
“Lá é muito difícil, lá ninguém trata você bem. Pessoas que queiram o sonho americano, esqueçam. Porque daqui para frente vai ser disso para pior. Só digo a todos: não vão, porque é muito difícil”, completa.
Fabiano é da Bahia, mas agora pretende morar e trabalhar em Belo Horizonte.
Sonhos destruídos
Quem também precisou deixar tudo para trás com o novo governo dos EUA foi Eduardo de Souza Prata. Ele narra que morou no país por sete anos e que foi preso pela imigração após chegar em casa de um dia de trabalho.
“Eu ia comprar minha casa no ano que vem, não tinha problema nenhum lá e mesmo assim me prenderam”, relata o mineiro de Uberaba.
“A gente está retornando agora com o sentimento de poder ver a família de novo, porque eu larguei tudo para procurar uma vida melhor. A gente não é criminoso, a gente é trabalhador e mesmo assim não perdoaram a gente”.
Acolhimento
No Aeroporto Internacional de Belo Horizonte o grupo foi recebido na Sala de Autoridades, geralmente reservada a chefes de estado. O local foi transformado em um Posto de Acolhimento aos Repatriados, com acesso à água, alimentação, pontos de energia, internet e banheiro.
O Secretário Nacional de Proteção e Defesa dos Direitos Humanos, Bruno Renato, acompanhou a chegada dos brasileiros.
No local, foram disponibilizados canais para que os repatriados possam entrar em contato com familiares e obter orientações sobre serviços públicos de saúde, assistência social e trabalho, como regularização vacinal e matrícula na rede de ensino.