Pais de alunos de colégio particular de BH denunciam funcionário por assédio sexual; Polícia investiga

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Segundo relatos de pais, o homem teria molestado alguns dos alunos simulando ‘brincadeiras’. O Coleguium afirma que o suspeito foi afastado (Reprodução/Google Street View)

A Polícia Civil investiga uma série de denúncias de assédio sexual envolvendo o disciplinário escolar de uma unidade da Rede Coleguium, colégio particular localizado no bairro Nova Suíça, na região Oeste de Belo Horizonte. Segundo relatos de pais, o homem teria molestado alguns dos alunos simulando “brincadeiras”. Ao BHAZ, a instituição de ensino informou que o suspeito foi afastado (leia abaixo).

A reportagem conversou com o pai de uma aluna de 6 anos, que preferiu não ser identificado. Ele conta que soube, a partir da mãe de outra criança, que o homem teria passado a mão nas partes íntimas da filha – atitude chamada pelo suspeito como a “brincadeira do cachorrão”.

“A mãe de uma amiga da milha filha contou que o homem ficava apertando a bunda dela, passando um cabo de vassoura ou galho nas partes íntimas da minha filha. Ele também entrava no banheiro pra ver as meninas fazendo as necessidades delas, dizendo que tava levando papel”, conta o pai.

‘Impotência’

A criança confirmou o que aconteceu a uma tia, que é psicóloga. Os pais então procuraram a delegacia para que a menina fizesse um exame de corpo de delito. Segundo o pai, familiares de ao menos quatro outras crianças da turma da filha também teriam procurado as autoridades.

“Sábado (25), quando vi minha filha ir pro IML (Instituto Médico Legal), eu chorei muito, desabei. Um sentimento de tristeza, sabe? Eu sei que o que aconteceu foi grave, mas agradecendo a Deus por não ter deixado acontecer o mais grave ainda”, desabafou ele.

“A gente fica com a sensação de impotência. Você cuida tanto do seu filho, acha sempre que tá fazendo o melhor pra ele, que tá resguardando ele das maldades do mundo. Quando percebe, o que você sempre vê na televisão tá acontecendo com seu filho”, acrescentou.

Funcionário é afastado

Em nota enviada ao BHAZ, a Rede Coleguium informou que apura internamente as denúncias. “O caso está sendo tratado, com extremo cuidado e atenção, pelo setor de compliance com apoio de uma organização especializada independente”, disse, por meio da assessoria de imprensa (leia na íntegra abaixo).

Ainda segundo a instituição, o então funcionário já foi desligado da empresa. “Uma das primeiras definições, durante as apurações, foi pelo afastamento do colaborador. Além disso, integrantes da diretoria e coordenação da escola estão recebendo pais e responsáveis pelos alunos para informar sobre as ações que estão sendo implementadas”, explica o colégio.

Também em nota, a Polícia Civil disse que as vítimas do caso já foram ouvidas e que o investigado prestará depoimento nos próximos dias. A corporação orienta que “possíveis vítimas com seus representantes legais procurem a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente”. O endereço é Avenida Nossa Senhora de Fátima, nº 2175, bairro Carlos Prates.

Crime sexual

O crime de estupro é previsto no artigo 213 do Código Penal, e consiste em “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.

Mesmo que não exista a conjunção carnal, o criminoso pode ser condenado a uma pena de reclusão de seis a 10 anos.

O artigo 217A prevê o crime de estupro de vulnerável, configurado quando a vítima tem menos de 14 anos ou, “por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”. A pena varia de 8 a 15 anos.

Já o crime de importunação sexual, que se tornou lei em 2018, é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência.

O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô. Antes, isso era considerado apenas uma contravenção penal, com pena de multa. Agora, quem praticar o crime poderá pegar de um a 5 anos de prisão.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:

  • Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher
  • av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
  • Casa de Referência Tina Martins
  • r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
  • Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher)
  • r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
  • Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher
  • r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
  • Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Nota do Coleguium na íntegra

Em relação à suspeita de atitude indevida de um colaborador, a escola esclarece que iniciou processo de apuração assim que foi informada. O caso está sendo tratado, com extremo cuidado e atenção, pelo setor de compliance com apoio de uma organização especializada independente.
Uma das primeiras definições, durante as apurações, foi pelo afastamento do colaborador. Além disso, integrantes da diretoria e coordenação da escola estão recebendo pais e responsáveis pelos alunos para informar sobre as ações que estão sendo implementadas. Em colaboração com as autoridades, imagens das câmeras da escola foram entregues hoje para a Polícia Civil de Minas Gerais.

Nota da PCMG na íntegra

Inquérito instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apura os fatos e a investigação tramita na na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. A PCMG esclarece que vítimas e seus representantes legais já foram ouvidos e o suspeito será ouvido nos próximos dias e orienta que possíveis vítimas com seus representantes legais procurem a Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente – Avenida Nossa Senhora de Fátima, 2175 – Carlos Prates.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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