Passageiros do transporte coletivo de BH foram surpreendidos na tarde dessa terça-feira (3) por um inusitado discurso sobre a situação política do país proferido por um policial militar de Minas. O PM, fardado e com colete à prova de balas, pediu a passageiros que “fizessem o papel de cidadão”, porque o país poderia se transformar a partir desta quarta-feira (4) em um “pandemônio”.
De acordo com Sara Azevedo, que se apresenta no Facebook como professora e candidata ao governo de Minas pelo Psol, os ônibus estavam sendo parados por militares nas imediações da Praça da Liberdade, onde aconteceria uma manifestação contra o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. O PM alegava, segundo Sara, que a abordagem era em razão da informação de que “ônibus seriam queimados pela esquerda” e, devido a isso, pedia ainda que os cidadãos denunciassem quem “é contra o Brasil”. Segundo Sara, o vídeo foi postado inicialmente pleo Juventude Socialista (BH).
Pedido de calma
A preleção do militar foi gravada em vídeo que viralizou nas redes sociais e já conta com quase 50 mil visualizações. O PM, que não foi identificado pela corporação, se referia à sessão de julgamento desta quarta no Supremo Tribunal Federal (STF) do habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos e um mês de prisão por lavagem de dinheiro. Ele também fez referências às manifestações pró e contra o presidente que aconteceriam na terça-feira, pedindo calma.
O PM começou seu discurso de quase dois minutos com uma advertência: “Todos que estão aqui vão sofres as consequências. Estamos vivendo um momento crítico neste país. Vocês falam português e, então, sabem o que está acontecendo neste país. Então façam seus papel de cidadão (sic) ou vai sofrer as consequências”. E faz previsões catastróficas: “Atinge a todo mundo, não só ao povo, mas a cidadania. Se uns pensa no futuro e se vocês querem sair deste país saiam agora, porque provavelmente isso aqui vai virar um pandemônio”.
Demonstrando intimidade com alguns dos passageiros, o militar disse: “Você que é estudante de psicologia, né? Você tem que ter mais calma em dia de manifestação pró e contra em todo o país”. Com as cadeiras apenas parcialmente ocupadas, os passageiros não reagiram ao discurso. No entanto, o militar fez questão de frisar: “Aqueles que não estão nem aí vão sofrer as consequências, porque eu não vou chorar por vocês”.
Procurada pelo Bhaz , por meio de nota, a Polícia Militar informou: “A Polícia Militar de Minas Gerais esclarece que trata-se de um fato isolado e que não coaduna com este tipo de atitude. Um procedimento apuratório para a devida verificação do caso em questão já foi instaurado pela Instituição”.
