Polícia Civil conclui que menino Benício foi agredido por outra criança em Emei de Brumadinho

Benício
Benício foi submetido a exame de corpo delito, que atestou as lesões sofridas (Arquivo pessoal/Helga Karla Camila de Araújo)

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava o caso do menino Benício, de 3 anos, que apareceu com ferimentos pelo corpo após a aula na Emei Parque da Cachoeira, em Brumadinho. De acordo com a corporação, o garoto foi agredido por outra criança e o ocorrido foi classificado como “acidente escolar”.

Benício foi submetido a exame de corpo delito após a mãe dele denunciar o caso à Polícia Miliar, e o laudo atestou as lesões sofridas. Após diligências, a Polícia Civil concluiu que a vítima estava dormindo quando foi agredida pela outra criança, que utilizou um brinquedo.

Ainda conforme a investigação, o acidente ocorreu enquanto a professora encaminhava os outros alunos ao refeitório, para o lanche. Depois do ocorrido, a profissional encontrou a criança que praticou o ato com as roupas manchadas de sangue.

As professoras responsáveis pela turma de Benício foram suspensas da Emei, junto com a diretora da instituição. Após a repercussão do caso, outras denúncias apontam para uma possível negligência dentro da escola (leia mais aqui).

Relembre

Benício apareceu com um ferimento na cabeça, sangramento e hematomas pelo corpo durante a aula em Brumadinho, na Grande BH, na última terça-feira (3). A criança, que é PcD (pessoa com deficiência), estuda na Emei Parque das Cachoeiras, e os ferimentos teriam ocorrido enquanto a professora se ausentou da sala de aula por alguns momentos. A mãe da criança chamou a Polícia Militar quando soube do caso.

Segundo a PM, a mãe recebeu uma ligação da diretora da escola. A educadora pediu à mãe que fosse até o local, pois o filho estava machucado e precisaria de atendimento médico. Quando chegou na escola, ela viu o menino com um corte profundo na parte superior da cabeça, com sangramento intenso. Além disso, ele tinha outros hematomas pelo corpo.

Junto à diretora, a mãe foi até uma UPA para acompanhar o filho. Por lá, a educadora não soube explicar direito o que havia acontecido. A profissional da Educação disse que a professora da criança apareceu com o menino no colo, já machucado. A docente teria se ausentado da sala de aula por alguns instantes, para levar outra criança ao banheiro e, quando voltou, o garoto já estava machucado.

Família contestou versão

A técnica atendente Helga Karla Camila de Araújo, tia de Benício, explica que o menino de 3 anos é PcD (pessoa com deficiência). De acordo com ela, a criança tem um problema neurológico, que atrapalha seu desenvolvimento.

“O caso dele ainda não foi concluído. Desde que nasceu, começaram as crises convulsivas. A primeira informação que temos é que ele tem uma massa branca no cérebro, e o problema retardou o desenvolvimento dele, de andar e falar. Ele faz acompanhamento com fonoaudióloga, fisioterapeutas e médicos”, diz.

A criança foi colocada na escola por orientação médica. “A minha irmã colocou ele na escola, pois profissionais acharam que ajudaria no desenvolvimento dele. Ele foi colocado junto com uma monitora, já que não poderia ficar sozinho em momento algum”. Antes de entrar na instituição, a família levou um relatório sobre o menino à direção.

“O que deu para entender foi que a professora responsável pela turma se ausentou. Não sabemos se a monitora deixou ele sozinho. As informações ainda são poucas”, explica.

Após o caso, o menino ficou muito agitado. “ Ele é uma criança tranquila, amorosa, mas mudou. Saí de madrugada da casa da minha irmã. Ele dormia e segurava no braço dela, dormia e acordava assustado. Estava bem enjoadinho, bem choroso, como se estivesse com medo”.

A família vai buscar, na Justiça, explicações e uma reparação para o caso. “Estamos tendo muito apoio e muitas pessoas que se disponibilizaram para ajudar a gente, até mais de um advogado. Vamos dar sequência nessa situação com o Benício. Não vai ser mais um caso que vai acontecer e vai ficar por isso mesmo”.

“Foi uma forma muito violenta. Como uma criança consegue agredir outra de modo tão agressivo? Se foi uma criança, que seja acompanhada. Se não foi, que essa pessoa pague por isso”, completa.

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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