Mãe denuncia agressões contra filha autista em escola de BH; monitora é afastada

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A criança, que tem quase quatro anos, se comunica apenas por gestos (Arquivo pessoal/Karina Lima)

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga o caso de uma criança autista de 3 anos que teria sido agredida em uma Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) no bairro Ipiranga, região Noroeste de BH. A autônoma Karina Lima, 36, mãe da menina, registrou uma denúncia formal após observar ferimentos no corpo dela.

Segundo Karina, a filha é autista não verbal e era acompanhada por uma monitora durante os dias na escola. Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que apura o caso e que a monitora que cuidava da criança foi afastada do cargo.

Ao BHAZ, Karina explica que a filha chegou em casa na sexta-feira (24) com machucados de unhas e roxos nos joelhos. “Eu vi claramente as marcas das fincadas de unha e das agressões. Eu fui olhando pelas perninhas dela e vi que tinham várias pequenas escoriações”, relata. Mais tarde, ela afirma que encontrou feridas nas costas e nos joelhos da menina.

A autônoma desconfiou que as feridas teriam sido feitas por um adulto e, junto do pai da menina, levou a criança para a Delegacia de Plantão de Atendimento à Mulher, no Barro Preto, na região Centro-Sul de BH, onde fizeram um Boletim de Ocorrência (BO).

De acordo com Karina, o exame no IML (Instituto Médico Legal) confirmou que um adulto causou os ferimentos. A autônoma diz que, desde o ocorrido, a criança ficou traumatizada e muito estressada. “Ela tem muitas crises, sofre com pesadelos e fica agitada a noite inteira. Ela também regrediu nos comportamentos. Está sendo muito difícil”, conta.

A Polícia Civil instaurou um procedimento investigativo para apurar o caso. Por se tratar de menor de idade, a investigação tramita sob sigilo na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).

Mãe denuncia agressões

Karina usou suas redes sociais para denunciar as agressões sofridas pela filha. “Até quando nossas crianças vão continuar sendo vítimas de agressões físicas a troco de nada? O que faz uma pessoa fazer uma atrocidade dessas?”, questiona no post.

Vídeo gravado pela mãe mostra as feridas pelo corpo da criança. Nas coxas, é possível ver marcas de unha que deixaram a pele avermelhada em vários pontos. Veja:

Karina ainda afirma que passou a desconfiar da monitora responsável por cuidar da menina na escola, pois a filha já estudava na Emei desde o início do ano passado e nunca tinha enfrentado problemas.

“Ela sempre foi uma criança que gostou muito de ir para a aula. Ela nunca teve problema nenhum. No segundo dia de aula, ela já começou a apresentar comportamentos estranhos, já não querendo ir para a escola. Ela via eu pegando o uniforme dela e falava ‘não, mamãe'”.

A mãe explica que a filha é diagnosticada com transtorno do espectro autista não verbal, condição em que a criança não forma frases e se comunica por gestos. “Se eu não tivesse observado isso, ela estaria sofrendo até hoje”, desabafou em seu perfil.

Monitora é afastada

Ao BHAZ, a Secretaria Municipal de Educação afirma que a monitora suspeita de agredir a criança foi afastada da unidade escolar.

A prefeitura informou também que se reuniu com a escola para as medidas cabíveis. “A Diretora Regional de Educação compareceu à casa da família para fazer a acolhida e escuta do caso”, declara o órgão.

Nota da Secretaria Municipal de Educação na íntegra

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que está ciente do caso e já se reuniu com a direção e com os envolvidos. A Diretora Regional de Educação compareceu à casa da família para fazer a acolhida e escuta do caso. A monitora envolvida na situação foi afastada da unidade escolar e a apuração do caso segue em andamento

Nota da Polícia Civil na íntegra

“Sobre os fatos registrados na última sexta-feira (24/2), dentro de uma escola de educação infantil, no bairro Ipiranga, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que instaurou procedimento para apurar o caso. A investigação tramita sob sigilo na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).”

Edição: Roberth Costa
Isabella Guasti[email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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