Polícia investiga suposta dentista que teria causado inflamação em pacientes após lipo de papada em BH

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A Polícia Civil investiga a conduta de uma suposta dentista de denunciada após complicações em cirurgias de lipoaspiração de papada (Reprodução/Google Street View)

A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar a conduta de uma suposta cirurgiã dentista de Belo Horizonte denunciada por pacientes que tiveram complicações após cirurgias de lipoaspiração de papada. Camilla Groppo, como ela se identifica nas redes sociais, soma quase 12 mil seguidores no Instagram e se denomina como especialista em emagrecimento facial.

BHAZ procurou Camilla Groppo para obter um posicionamento sobre o assunto. À reportagem, ela disse que as denúncias se tratam de “calúnias e difamações imparáveis”. Ela também está em contato com um advogado para tratar das denúncias (leia a nota completa abaixo).

Segundo o delegado Alessandro Santa Gema, a mulher atua em um consultório no Centro de BH. A clínica dela foi interditada pela Vigilância Sanitária de Belo Horizonte (leia abaixo).

“Pacientes teriam sido atendidos e, devido a esses procedimentos estéticos, essas vítimas teriam sofrido lesões corporais”, disse o delegado, que orienta que as vítimas compareçam à unidade policial mais próxima, realizem o boletim de ocorrência e manifestem o desejo de representar.

“Os possíveis crimes praticados por essa suposta cirurgiã dentista constituem crimes de lesão corporal. Na unidade policial, será solicitado um exame de corpo de delito”, explicou. Até o momento, ao menos 10 mulheres relataram ter sofrido infecções no rosto após o procedimento estético.

Ao g1, uma vítima que preferiu não se identificar, disse que ficou com o rosto muito inchado e com dores após a cirurgia. Ao procurar o hospital, a paciente recebeu o diagnóstico de uma infecção grave e precisou ser internada.

Clínica é interditada

Ao BHAZ, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-BH) foi notificado sobre um possível surto de microbactéria não tuberculosa de crescimento rápido na clínica de Camilla.

Após uma vistoria, realizada em 11 de março, o local foi interditado “por apresentar irregularidades que colocam em risco a saúde dos pacientes, como esterilização inadequada do instrumental utilizado nos procedimentos, além de quantidade insuficiente desses materiais para atender a demanda do estabelecimento”. A clínica segue fechada desde então.

Registro desativado

A reportagem também procurou o Conselho Regional de Odontologia (CRO) para saber se a profissional está registrada. Em consulta no site do Conselho, consta que Camila era registrada com uma inscrição provisória, de abril de 2022, que já se encontra desativada.

Em resposta, o CRO informou que “a inscrita encontra-se com seu registro desativado por não ter apresentado o diploma de graduação em tempo hábil para conversão da sua inscrição provisória em definitiva”.

“À época de sua inscrição, este prazo consistia em um período de dois anos. A inscrição provisória é concedida àqueles que apresentam declaração de conclusão do curso da faculdade. Com o registro desativado/caducado a profissional não pode exercer a odontologia, nem mesmo fazer cursos”, explicou o Conselho.

O CRO-MG disse, ainda, que acompanhou a interdição da clínica e que abriu um processo de fiscalização, além de ter expedido, no dia 20 de março de 2024, uma Portaria de Interdição Ética do estabelecimento, proibindo que outros profissionais atuem nele.

Também ao BHAZ, o Centro Universitário Newton Paiva confirmou que Camilla frequentou o curso de Odontologia na instituição e que se formou como bacharela em Odontologia em 2022, tendo seu diploma emitido conforme regulamentação do Ministério da Educação.

Nota da Camilla Groppo

A Sra. Camila Aparecida de Andrade Silveira, que atende por Camilla Groppo – sobrenome atribuído após casamento civil -, esclarece que realizou a inscrição no Conselho Regional de Odontologia em 04 de abril de 2022, sendo concedido o registro provisório. À época de sua inscrição, este prazo consistia em um período de dois anos, o que não invalidava sua aptidão a todos os cursos realizados e pacientes atendidos.

Todavia, conforme documento anexo, emitido nesta data (22) pelo CRO, a Resolução CFO-257, de 24 de agosto de 2023, atualizou o prazo para o recém-formado, com inscrição provisória, exercer a profissão nessas condições pelo período de seis meses, apenas na data de sua publicação, ocorrida um ano e quatro meses após a inscrição de Camila.

Logo, é totalmente incorreto informar que a Doutora Camilla é uma “suposta dentista” ou que tenha exercido seu trabalho de forma irregular.  Contudo, a Doutora Camilla tem fornecidos todas as informações pertinentes aos órgãos oficiais.

Edição: Lucas Negrisoli
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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