Policial civil mata esposa e morre em confronto com militares em BH

rua capivari com rua palmira bairro serra bh
Cruzamento das ruas Capivari e Palmira, onde o feminicídio foi registrado (Reprodução/Google Street View)

Mais uma mulher foi vítima de feminicídio em Belo Horizonte. Desta vez, quem deveria zelar pela segurança da sociedade foi o autor do assassinato. Um policial civil de 36 anos matou a esposa no bairro Serra, Zona Sul da capital mineira, e depois morreu em um tiroteio com a Polícia Militar. Tudo isso ocorreu na noite dessa sexta-feira (9) – e uma criança de apenas três anos, filha do casal, ficou órfão.

O feminicídio ocorreu em um bar na rua Capelinha. O policial civil Vinicius Oliveira da Silveira começou a discutir com a esposa, Jociane de Souza Borges, e partiu pra cima dela. Pessoas que estavam na região tentaram intervir a confusão, gritando para o homem parar com as agressões. Logo após empurrar a vítima contra uma parede, o autor sacou a arma, disse que era policial e atirou para o chão.

Com isso, o grupo que tentava cessar com os ataques se assustou. Enquanto isso, Josiane implorou para que o policial parasse, mas Vinicius afirmou, segundo testemunhas, que ela tinha feito da vida dele um inferno e atirou para o alto e, em seguida, contra a vítima. Não satisfeito, o agente de segurança deu mais dois tiros contra a mulher já caída. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu ainda no local.

Troca de tiros

Depois de matar a esposa, Vinicius fugiu em um carro preto em alta velocidade, mas foi interceptado pela PM, que já tinha recebido a denúncia do crime. O policial civil perdeu o controle do carro quando percebeu que a polícia estava atrás dele e bateu em outros dois veículos.

Quando Vinicius desceu do carro, na avenida do Contorno, na altura do bairro Santa Efigênia, ele tentou fugir a pé pela rua Alvares Maciel. Outros militares – que foram chamados via rádio para a ocorrência – se depararam com o homem armado. Ele trocou tiros com os militares e foi baleado fatalmente.

A Polícia Militar informouque o tiro no homem foi em legítima defesa dos militares, já que Vinicius não acatou a ordem policial e disparou primeiro contra os agentes. Ele foi socorrido para o hospital João 23, onde teve o óbito constatado.

A perícia foi acionada para comparecer tanto no bar, quanto no local do acidente, onde houve a troca de tiros, na avenida do Contorno.

Agressão e ameaças

Em junho deste ano, Jociane já tinha procurado a polícia para prestar queixa do marido. Durante um fim de semana na casa do sogro, na cidade de Entre Rios de Minas, região Central do estado, depois de uma crise de ciúmes, Vinicius tentou enforcá-la e ainda mordeu o nariz da esposa. Ela gritou por socorro e o pai do agressor conseguiu cessar as agressões.

De acordo com a Polícia Militar, Vinicius ainda ameaçou dizendo: “Eu não tenho nada a perder, vou dar dois tiros na sua cara, pode ter certeza, vão ser dois”. Jociane deixou a cidade em seguida e, ao chegar em Belo Horizonte, se dirigiu até uma unidade da policial onde registrou a agressão e solicitou uma medida protetiva e um exame de corpo delito.

O policial tinha ainda mais passagens pela polícia por importunação e ameaças a ex-mulher em 2014 e lesão corporal, contra outra mulher, na época sua namorada.

Denuncie!

Especialistas ouvidas pelo BHAZ são unânimes ao afirmar que é essencial que a mulher procure ajuda quando sofre algum tipo de violência. Na capital mineira, além da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, existem ao menos outras três instituições que atendem esse público: Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher), da Defensoria Pública; Casa Benvinda, da Prefeitura de Belo Horizonte; e Casa de Referência Tina Martins, do chamado terceiro setor, sem vínculo governamental (veja mais informações abaixo).

“É muito importante que a vítima procure o profissional de sua confiança: advogado ou defensoria pública, órgãos de proteção… Para que aquilo não exploda de vez. Vai sofrendo, vai sofrendo ameaça, pressão psicológica, são agredidas moral e psicologicamente dentro de casa. Vai aguentando por causa dos filhos… Na hora que algo explode, pode até mesmo ser fatal”, orienta a conselheira seccional da OAB Minas, Camila Félix, também professora de Direito Penal e advogada.

  • Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
  • Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
  • Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
  • Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
Edição: Thiago Ricci
Camila Saraiva[email protected]

Jornalista formada pela PUC-Minas em 2015. Pós-graduada em Jornalismo em Ambientes Digitais pelo Centro Universitário UniBH em 2019.

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