Prefeito de Brumadinho culpa Vale e Governo de Minas por rompimento: ‘Momento mais triste’

Nenen da Asa criticou Vale e Estado (Reprodução/YouTube + Divulgação/CBMG)

O prefeito de Brumadinho, Nenen da Asa (PV), disse que a cidade vive o “momento mais triste” de sua história após o rompimento da barragem na mina Córrego Feijão. Em entrevista concedida neste domingo (27), Nenen fez várias críticas à Vale responsável pela estrutura que se rompeu. “Esperávamos que a Vale tivesse aprendido com Mariana”.

Quem também recebeu críticas por parte do chefe do Executivo municipal foi o Governo de Minas Gerais, responsável pelo licenciamento das atividades minerárias.

O rompimento da barragem ,conforme disse Nenen, impactou toda a cidade, visto que Brumadinho “vive do minério”. “É uma situação delicada para nós, pois somos cidade de mineração e que vive do minério. A atividade mineraria está embargada. A Vale foi incompetente”, disse, enaltecendo que uma multa de R$ 100 milhões foi aplicada pelo município.

Os trabalhos realizados para impedir o rompimento da barragem B6 estão alcançando o objetivo, segundo o prefeito, e um novo rompimento não deve ocorrer: “Não podemos ter tanta falta de sorte”.

Para Nenen, a prefeitura não tem culpa alguma com o ocorrido, pois ela não concede licenças. “Essa barragem estourou e recebeu anuência do Estado, que também é culpado. A prefeitura não tem culpa. Quem fornece licenças e vai in loco é o Estado”. Vale ressaltar que as fiscalizações de barragens são de responsabilidade da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão federal.

Estruturas próximas à barragem

Indagado sobre o fato de a Prefeitura de Brumadinho ter concedido alvará para a construção do refeitório e escritório da Vale abaixo da barragem, Nenen falou que o fato ocorreu, tendo em vista que todos os demais processos para a continuidade das operações da extração minerária já tinham sido aprovados pelo Governo de Minas.

“O alvará vem após tudo já ter sido licenciado e liberado pelo Estado. Como a prefeitura vai falar se o Estado deu atestado falando que [a barragem] não rompe?”, questionou.

Apesar de a Prefeitura de Brumadinho ter concedido alvará para as duas estruturas que foram destruídas pelo “mar de lama”, Nenen criticou o plano de evacuação da Vale. “Uma empresa tão grande deixando barragem acima de refeitório e escritório”.

Após o rompimento da barragem, o prefeito informou que vai modificar a forma como o município trata as fiscalizações. “Vamos in loco e não acreditar na licença de outros órgãos. A fiscalização vai dobrar”, disse.

Em uma conversa com Fabio Schvartsman, presidente da Vale, Nenen disse que exigiu o pagamento dos salários dos funcionários que não estão trabalhando. “Por erro deles, a mineração parou”, concluiu.

Procurados pelo BHAZ para repercutirem as declarações do prefeito de Brumadinho, a Vale e o Governo de Minas Gerais ainda não se posicionaram.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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