Prefeitura de Belo Horizonte inicia censo da população de rua para traçar políticas públicas

população de rua em bh
Último senso foi realizado no ano de 2013, segundo a prefeitura (Asafe Alcântara/BHAZ)

A Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o IBGE, a Fiocruz e a UFMG, fará um novo censo sobre a população de rua do município. O último levantamento foi realizado nove anos atrás, em 2013.

O secretário adjunto de Assistência Social, Alimentar e Cidadania José Crus ressalta que ação da PBH é ainda mais importante neste momento de agravamento da pobreza e extrema pobreza que vivenciamos em todo o país.

De acordo com a PBH, serão 1900 pontos de coleta e cerca de quatro a nove mil entrevistados. As pesquisas em campo começam nesta quarta (19) e terminam na sexta-feira (21). Pessoas em situação de rua vão ajudar os pesquisadores na coleta.

O objetivo da pasta é saber quantas pessoas vivem nas ruas de Belo Horizonte, em que condições e quais são seus projetos de vida. Assim, os dados ajudarão a prefeitura na construção de ações e políticas mais eficientes voltadas a essa população.

Veja os horários das coletas, que ocorrem das 10h às 23h59:

  • 19 de outubro: Regional Centro-Sul e Leste;
  • 20 de outubro: Outras regionais;
  • 21 de outubro: Repescagem.

Uma prévia dos dados coletados deve ser entregue em até 20 dias. Ao longo dos próximos meses, os envolvidos construirão os relatórios para gerar uma publicação.

Censo da população de rua em Belo Horizonte

O professor da UFMG Frederico Garcia, coordenador da pesquisa, considera que a população em situação de rua é consequência de uma rede de falhas que se somam e levam alguém a viver em condições de vulnerabilidade.

“Existe uma urgência de poder ajudar para que essas pessoas e famílias não continuem na rua. Porque essa rua traça estigma, traça marcas que às vezes são inapagáveis de violência, de fome, de dificuldade muito grande”, diz Garcia.

A PBH realiza o Censo em parceria com a Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Garcia explica que os recenseadores do IBGE utilizam o domicílio como referência para buscar as pessoas e, por isso, não contabilizam quem vive na rua.

“Daí a importância de realizar um censo específico para essa população, que é excluída do Censo nacional”, pontua. O Censo do IBGE determina o orçamento que uma cidade recebe para investir em saúde, educação e assistência. Sem contabilizar essas pessoas, o município deixa de receber recursos para elas.

Participação de população de rua

Garcia pontua que a precarização do emprego nos últimos anos fez com que a população de rua se diversificasse. Assim, ele espera encontrar pessoas mais jovens e famílias, o que não existia em tanto peso no Censo passado.

O Censo de 2013 constatou que havia uma série de questões sociais importantes a serem resolvidas. O levantamento mostra que 94% das pessoas entrevistadas à época disseram que gostariam de sair da rua se houvesse oportunidades de emprego.

Na nova pesquisa, a ideia é falar de inclusão. “Teve uma parceria que foi muito importante que é a dos movimentos da população em situação de rua. Como eles dizem, nada é pra eles sem eles. Foi muito importante inclui-los nesse processo”, conta.

Dessa maneira, cada uma das 24 equipes contará com o auxílio de uma pessoa em situação de rua.

Pauta prioritária

“Nos últimos anos, a prefeitura de Belo Horizonte reconhece, enfatiza e dá direção para o trabalho da população em situação de rua como uma pauta interssetorial prioritária”, afirma José Crus.

Em cinco anos, foram criadas oito unidades de proteção social voltada à população em situação de rua na capital mineira. Assim, esses pontos de acolhimento são segmentados conforme o público: famílias, jovens, adultos, crianças e adolescentes e para a população migrante.

Durante a pandemia, a cidade também forneceu cerca de um milhão de refeições gratuitas nos restaurantes populares.

Edição: Pedro Rocha Franco
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

Asafe Alcântara[email protected]

Coordenador de mídias digitais e repórter, no BHAZ, desde setembro de 2021. Atualmente concilia como repórter na Record TV Minas.
Jornalista graduado pelo UNI-BH, com experiência em redações de veículos de comunicação, como RedeTV! BH, TV Band Minas, TV Alterosa, TV Anhanguera (afiliada Globo GO), TV Justiça e CNN Brasil.

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