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Prefeitura de BH cria grupo para enfrentar crise climática

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Prefeitura anunciou medidas para enfrentamento da crise climática (Isabella Guasti)

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentou nesta quarta-feira (11) um balanço das medidas que a administração municipal está tomando para conter os efeitos da onda de calor e da seca que atingem a capital mineira. Na ocasião, o prefeito Fuad Noman (PSD) assinou um decreto que determina a criação do Grupo Gestor de Riscos, Desastres e Eventos Climáticos Extremos (GGRDECE), que ficará responsável pelas ações de combate à crise climática.

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O coletivo é uma nova versão do Grupo Gestor de Riscos e Desastres (GGRD), que já atuava na capital nos meses mais chuvosos. Agora, a iniciativa passa a se mobilizar também diante de outras situações climáticas que possam impactar na vida dos moradores da cidade. Nos últimos dias, o foco dos profissionais tem sido o período de estiagem.

Após 146 dias sem chuva, a cidade amanhece há semanas envolta em uma névoa seca. Além disso, a qualidade do ar chegou a ser classificada como “muito ruim” no início desse mês. Esse é o maior intervalo de seca na capital mineira nos últimos 61 anos. O recorde é de 1963, quando a capital mineira atingiu a marca de 198 dias sem precipitação.

Fuad afirma que a iniciativa é fundamental para garantir a segurança dos moradores da capital mineira: “O grupo vai dar o tratamento que precisa para esse momento delicado que estamos vivendo. Temos que estar preparado para não deixar o incêndio tomar conta, nem nenhuma criança ou idoso ter problema de saúde. Por isso resolvemos antecipar a implantação do grupo para que possamos desde já trabalhar na prevenção das mudanças climáticas”, iniciou.

Entre as medidas anunciadas pela Prefeitura de BH estão a criação de um protocolo para prevenir combater incêndios em parques, distribuição de água para moradores de rua e a adaptação da rotina das escolas para melhorar a rotina de alunos e professores.

“A gente não pode ser surpreendido por eventos que a gente sabe que vai acontecer. Alguém tem dúvida que nos meses de novembro, dezembro e janeiro teremos grandes ocorrências de chuvas? Então o que nós estamos fazendo é tomar providências antecipadas. São ações que precisam ser tomadas para que possamos transitar esse período sofrendo menos”, disse.

Prevenção de incêndios

Com o objetivo de prevenir incêndios e reduzir os danos causados pelo fogo nas áreas verdes, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica realiza o trabalho limpeza, composição de aceiros (áreas onde a vegetação é removida para prevenir a passagem e propagação do fogo), e qualificação dos funcionários e servidores para o primeiro combate às chamas.

Além do apoio da Brigada 1, que fica localizada no Parque das Mangabeiras, foram capacitados este ano 188 pessoas por meio do programa Revitalizar, uma parceria entre a Fundação de Parques e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Nos Parques e Cevaes (Centros de Vivência Agroecológica), a Fundação possui equipamentos de prevenção e primeiro combate como abafadores, sopradores, bombas costais, motosserras e roçadeiras. O trabalho conta ainda, nos parques em que a situação é mais crítica e o risco de incêndio é maior, com o apoio da comunidade, organizada na Rede de Vizinhos.

Dados do Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH) apontam que, somadas as ocorrências em parques e outras áreas verdes de Belo Horizonte, foram 33 registros de incêndios entre janeiro e setembro, sendo a região Centro-sul da capital a mais atingida, com 10 registros. A maioria dos incêndios foi causada pela ação humana.

Levando-se em conta os equipamentos públicos da Fundação de Parques, entre abril e setembro deste ano, o fogo atingiu 264.863,39 ml de área verde em 23 incêndios. O mais danoso ocorreu no Parque Ursulina de Andrade Melo, onde foram queimados quase 70 mil m de mata. Graças ao trabalho dos bombeiros, servidores da FPMZB e brigadistas, uma grande área reflorestada devido a um incêndio em 2020 no mesmo parque não foi atingida.

Medidas para pessoas em situação de rua

Para a população em situação de rua, a Prefeitura de Belo Horizonte reforça as orientações feitas pelas equipes dos serviços socioassistenciais (Serviço de Abordagem Social, Centros POP e Unidades de Acolhimento) sobre o acesso à rede de Saúde em caso de sintomas ocasionados por alterações climáticas.

Essas pessoas também têm acesso aos quatro Centros Pop da cidade e casas de passagem, onde podem tomar banho para se refrescar, usar os sanitários e beber água. O Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS) tem feito a distribuição de água nos principais pontos de concentração da população em situação de rua. Nos últimos dias foram mais de 2,5 mil copos de água entregues.

A PBH anunciou que investiu R$ 1,5 milhão para ampliar a atuação do SEAS, com a aquisição e adaptação de três vans, além da aquisição de 80 tablets e 120 coletes para as equipes de abordagem. Os veículos foram adaptados para funcionarem como bases móveis nos principais pontos da cidade, enquanto os tablets e coletes reforçam a agilidade e o atendimento humanizado.

As equipes abordam as pessoas em situação de rua conforme um planejamento prévio, identificando suas necessidades imediatas. Entre as ações efetivadas está o encaminhamento para inclusão no Cadastro Único, o acesso gratuito ao Restaurante
Popular e a informação sobre abrigos, Centros Pop e serviços de saúde. Além do suporte imediato, o SEAS realiza um acompanhamento continuado, buscando oferecer às pessoas a possibilidade de iniciar o processo de saída das ruas.

Rotina das escolas é adaptada

A rotina das 567 escolas de educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos (EJA), além das creches parceiras foi adequada à condição climática dos últimos dias para a segurança dos mais de 191 mil alunos e 21,1 mil profissionais de toda a comunidade escolar.

A Secretaria Municipal de Educação elaborou documento em que pede cuidados redobrados e apresenta orientações a serem adotadas pela direção das unidades de ensino. Entre as medidas que devem ser adotadas sempre que possível estão:

  • Evitar atividades intensas ao ar livre e em contato direto com o sol, com o uso de
    chapéu de abas;
  • Ventilar e umidificar o ambiente;
  • Aumentar a ingestão de água pelos alunos;
  • Priorizar refeições leves e pouco condimentadas;
  • Nas EMEIs, utilizar sempre que possível os espaços Kid Wash, onde as crianças podem se refrescar;
  • Os professores devem conversar e orientar os alunos sobre todos os cuidados
    que devem ser tomados e os riscos para a saúde diante dessa situação climática.

Isabella Guasti

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.
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