O procurador do estado Bruno Resende Rabello, que cuspiu em uma funcionária de cinema em BH, fez acordo extrajudicial e publicou um vídeo pedindo desculpas à vítima nessa quarta-feira (17). Além do pedido de desculpas, Bruno fez um pagamento como indenização.
No vídeo, o servidor diz estar envergonhado diante de toda a situação. Ele relata o episódio como “um ataque de fúria em um cinema”. Bruno atacou Jeniffer Maria Pereira Braga quando a trabalhadora se recusou a servir um balde de pipoca dentro da sala do cinema.
“Eu tive um comportamento inadmissível, inaceitável, nojento. Eu estou muito, muito envergonhado. Envergonhei meus pais, minha esposa e estou tentando proteger minha filha, que não tem idade para saber que pode ser vítima de represálias por conta de uma atitude impensada e inconsequente minha”.
Os advogados que representam as partes emitiram um comunicado informando sobre o pedido de desculpas e o pagamento da indenização.
“Lorena Cassimiro e Leonardo Augusto Marinho Marques, advogados de Jenniffer Maria Pereira Braga e Bruno Resende Rabello, comunicam que, após a agressão sofrida de forma injustificável e noticiada pela mídia na semana passada, conseguiram evoluir por meio do diálogo para uma solução consensual com pedido de perdão, aceito pela ofendida, e reparação dos danos que lhe foram causados”, afirma a nota.
O portal BHAZ conversou com Lorena Cassimiro, que defende a vítima. A advogada destacou a importância desse acordo de reparação ocorrer antes de chegar ao judiciário.
“A Jennifer sentiu que a justiça foi feita. Eu vejo isso como algo importante para proteger ela de toda essa situação para evitar com que ela enfrentasse um processo, que é doloroso”.
Relembre
Câmeras de segurança flagraram o momento em que Bruno fez o ataque contra Jennifer, que trabalhava no cinema do DiamondMall, shopping localizado no Lourdes, bairro nobre da região Centro-Sul de Belo Horizonte. O cliente cuspiu e gritou contra ela porque queria receber pipoca dentro da sala de filmes.
De acordo com o boletim de ocorrência, o homem apareceu na recepção do cinema esmurrando uma porta e gritando que queria que alguém o servisse dentro da sala. A sessão escolhida pelo homem dava direito a produtos entregues dentro do local, mas os refis deveriam ser repostos do lado de fora.
A atendente, de 25 anos, tentou explicar as regras ao homem, que passou a gritar ainda mais alto e chegou a cuspir na mulher. Aos policiais, a vítima relatou ainda que o homem disse que “ela era obrigada a fazer o que ele mandava”.
Nas imagens, o autor aparece visivelmente alterado, gesticulando e filmando a mulher com o celular. Ele ainda é visto tentando passar por cima do balcão para agredir a funcionária. Veja o vídeo:
Procurador recebe R$ 35 mil por mês
A reportagem apurou que Bruno Resende é procurador da Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais (AGE-MG) e recebe R$ 35 mil por mês.
Em nota, a AGE-MG disse que não compactua com “eventuais desvios de condutas de quaisquer de seus integrantes, ainda que fora de suas atribuições institucionais, preservado o direito ao contraditório e a ampla defesa”.
A rede Cinemark lamentou o ocorrido e informou que está prestando apoio à colaboradora. “A rede também está colaborando com as investigações, cedendo as imagens de segurança e à disposição das autoridades”.
Já o DiamondMall informou que acompanhou o caso e prestou o apoio necessário. O shopping disse também que lamenta o incidente e que repudia qualquer caso de violência.
O homem também trabalhava como diretor do Minas Tênis Clube, mas, no último 12 de julho, um comunicado emitido afirma que ele deixou o cargo.
“O pedido de saída foi analisado pela Comissão de Compliance e, em seguida, deliberado por unanimidade pela Diretoria e pela Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do Minas. Importante ressaltar que o Clube não compactua com atos de violência e desrespeito”.
Abertura de sindicância
Com a repercussão do caso, o governador Romeu Zema (Novo) pediu a abertura de uma sindicância para apurar a conduta do servidor.