Professor defende o uso do WhatsApp como instrumento do ensino de português

Dissertação sobre uso do WhatsApp foi defendida esta semana por Catão, na UFMG

O modelo de ensino baseado no giz e no quadro negro na sala de aula pode estar com os dias contados. Em dissertação defendida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o jornalista, professor de português e colaborador do Bhaz Christian Catão, defende o uso do WhatsApp como instrumento para o ensino da língua portuguesa.

Nos mais de dez anos dedicados ao ensino da língua portuguesa em colégios da capital, ele afirma ter percebido que havia pouca correspondência entre a teoria e a prática durante as aulas, que, segundo ele, tornavam-se aborrecidas e cansativas e com pouco conteúdo relacionado à vivência dos alunos. A isso ele acrescenta a dificuldade que os próprios alunos têm de se desconectar dos aplicativos mesmo durante as aulas normais.

“Esses alunos ficam on-line 24 horas por dia. Eles acessam redes sociais, ouvem músicas, baixam inúmeros vídeos, jogos e ainda se comunicam e interagem uns com os outros, seja em qualquer modelo e em qualquer classe socioeconômica da sociedade atual”, afirmou Catão, que, a partir dessa observação, começou a pesquisar uma forma de utilizar a tecnologia a favor da educação.

A ideia de adotar o aplicado em sala de aula veio a partir do momento que ele assistiu aulas em que outros professores estavam utilizando as novas tecnologias aplicadas ao contexto educacional. “Percebi que aquela poderia ser uma alternativa interessante diante de tal cenário”. Ao ter contato com a ferramenta, Christian afirma ter observado que a adoção do WhatsApp promovia a interação entre estudantes e professores. Além disso,  possibilitava novos recursos de ensino e aprendizagem, já que, por meio deste aplicativo de comunicação, era possível a troca de mensagens de texto, imagens, sons e vídeos.

Uso começou a um ano

O primeiro passo concreto foi dado há mais de um ano, quando criou um grupo no WhatsApp por meio do qual compartilhava informações e gravações de áudio com o conteúdo a ser estudado e questões que os alunos deveriam responder. Christian Catão conta que o que o levou a tal iniciativa é que, ao iniciar a aula, perdia um tempo considerável chamando a atenção dos alunos por utilizarem o celular na sala. “Então, percebi que poderia aproveitar aquele interesse dos alunos de uma maneira que contribuísse para o aprendizado”.

Apesar de existir uma lei que proíbe o uso de celulares na sala de aula, Christian Catão conta que ficou sabendo ser possível o uso pedagógico do celular em sala de aula. “Cadastrei, então, os números deles em um grupo no aplicativo e passei a utilizá-lo como ferramenta de suporte ao trabalho realizado. A partir daí, o grupo passou a fazer parte da dinâmica das aulas”.

Christian explica que pelo método que desenvolveu, primeiro ele explica o conteúdo; em seguida, passa uma questão para eles responderem pelo WhatsApp.”Neste momento, a sala fica em silêncio total enquanto cada aluno digita sua resposta, atitude que antes raramente acontecia”. Além das questões em sala de aula, ele explica que envia gravações de áudio de até três minutos que sintetizam assuntos discutidos na sala de aula. E para incentivar os alunos a estudar em casa, também também envia questões para o grupo durante o período da tarde. São exercícios, geralmente sobre algum assunto discutido na aula daquele dia.

Ele conta que, no início, muitos estranharam a iniciativa, pois estavam acostumados a enxergar o WhatsApp apenas como uma ferramenta para conversar com os amigos e mostraram certo receio em permitir que o clima dos estudos se infiltrasse naquele ambiente virtual. Após algumas aulas, porém, acostumaram-se a incluir o grupo em sua rotina de estudos. A direção da instituição de ensino também foi, segundo ele, bem aberta à ideia, embora demonstrasse uma incerteza inicial sobre como o aplicativo seria incorporado às aulas.

Marcelo

Marcelo Freitas é redador-chefe do Bhaz

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!