Um protetor de animais, fundador do Instituto Anhangá, estava resgatando um cachorro quando flagrou um crime de maus-tratos no meio da chuva, em Belo Horizonte, nessa terça-feira (14). Arley Fulco chamou a polícia ao ver um idoso de 78 anos arremessando uma cadela do portão de casa, e o homem acabou preso.
Ao BHAZ, o ativista explica que havia sido chamado para uma escola no bairro Glória, região Noroeste de BH, para resgatar um cãozinho machucado. Depois de pegar o animal e levá-lo até o carro, em meio à chuva, acabou vendo um homem abrindo o portão de uma casa e jogando uma cachorrinha na rua.
“Ela foi arremessada, mas voltou rápido para dentro. Ele a jogou pela segunda vez, e na terceira ela não conseguiu mais voltar, e ele bateu o portão. Eu saí na chuva, peguei a cadela e bati no portão para falar com o senhor”, conta Arley Fulco.
Segundo ele, o idoso disse que havia ganhado a cadela, Amora, de presente da filha, mas que ela estava muito agitada e fazendo muito barulho. Ele contou que só a havia colocado para fora para que ela “desse uma volta”.
O protetor logo chamou a Polícia Militar e denunciou o homem pelo crime de maus-tratos a animais.
Preso em flagrante
Questionado pelos policiais, o idoso disse que soltou a cadela na rua para que ela se acalmasse, já que estava nervosa depois de ver um cachorro vizinho.
A professora Margareth Maia, que havia solicitado o resgate do primeiro cão dentro da escola, foi testemunha e confirmou que também viu o homem arremessando o animal três vezes. Segundo ela, a família do suspeito já havia ido à escola oferecendo a cadelinha para adoção, já que eles estariam de mudança e não a levariam.
“É muito triste, porque o animal não entende que o dono não o quer mais. E essa pessoa nunca imaginou que passaria alguém de uma ONG na frente, achou que ia ficar impune”, afirma Arley Fulco.
O idoso foi levado à Central Estadual do Plantão Digital e teve a prisão em flagrante decretada pelo delegado.
“Foi instaurado procedimento investigatório para apurar a denúncia de infrações de maus-tratos animais, com oitiva das testemunhas. As diligências relacionadas à investigação seguem na Delegacia Especializada em Investigação de Crime Contra a Fauna (Dema), que aguarda o relatório de atendimento do animal para confecção do relatório final”, informa a Polícia Civil.
Deputado reforça reivindicações
O deputado federal Fred Costa (Patriota-MG) ainda encaminhou ofício ao DEMA (Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente) pedindo que todas as medidas legais e cabíveis sejam tomadas em relação ao caso.
No documento, o parlamentar reforçou que a legislação define como crime os maus-tratos a animais, além de ressaltar que a Lei Sansão, de autoria dele, aumentou as penas para o delito.
Amora para adoção
Agora, o protetor Arley Fulco vai vacinar a cadelinha Amora, fazer exames e castrá-la antes de colocá-la para adoção. A cachorrinha tem aproximadamente um ano.
Quem tiver interesse em adotá-la pode entrar em contato com o Instituto Anhanguá pelo telefone (31) 99215-0031 ou pelo Instagram, aqui. O ativista ainda pede colaborações financeiras para a ONG, por meio do Pix 36278602/0001-52 (CNPJ).
Lei Sansão
Em setembro de 2020, uma alteração na Lei 9.605/1998 fez com que a prática de abuso, maus-tratos, ferimentos e mutilações a animais domésticos, especificamente cães e gatos, passasse a ter pena de reclusão de 2 a 5 anos, com aumento de pena nos casos de morte do animal.
A norma ficou conhecida por Lei Sansão, em homenagem ao cão pitbull que, cruelmente, teve as patas traseiras decepadas, em julho do mesmo ano, na cidade de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte.
