
Um único bairro de Belo Horizonte tem renda 38,7 vezes maior que outros três de menor renda média. A informação consta no Mapa das Desigualdades, publicado nesta quarta-feira (2) pelo Movimento Nossa BH. O estudo foi realizado com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Censo demográfico.
O levantamento mostra que moradores do Belvedere, região Centro-Sul da capital, têm renda média de R$ 10.450, enquanto no Grotinha, Jatobá e Vila Real II, nas regiões Nordeste, Barreiro e Pampulha, respectivamente, a renda média fica em R$ 522, menos da metade do valor do salário mínimo atual, que é de R$ 1.100.
Ocupando segundo lugar no ranking dos bairros com moradores mais ricos está o São Bento, que tem uma população com renda média de R$ 5.225 a R$ 10.450, que é o mesmo valor de renda dos moradores do bairro Comiteco. Ambos ficam situados na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

‘Desigualdômetro’
A diferença de renda entre territórios de Belo Horizonte é apenas um dos outros indicadores que apontam os níveis de desigualdade, que também está presente no gênero, raça e classe social.
Segundo o doutor em Geografia e coordenador do Nossa BH, Marcelo Amaral, o mapa é uma ferramenta para mostrar e quantificar a desigualdade. “Que o espaço [território] é desigual, todo mundo já sabe, que homem ganha mais que mulher, todo mundo sabe. Mas o quanto isso é desigual ainda precisa ser mostrado”, explica.

Audiência pública
Na próxima terça-feira (8), às 13h40, o Nossa BH vai participar de uma audiência pública com vereadores para apresentar os dados do Mapa na Câmara Municipal de BH. Ainda segundo Marcelo, o intuito é mostrar o quanto a desigualdade afeta a cidade e o quanto é fundamental que políticas públicas sejam direcionadas aos moradores mais vulneráveis.
“Uma política pública justa tem que levar em conta as desigualdades que existem nos espaços. Uma das coisas que a gente gostaria é que as metas da Prefeitura de Belo Horizonte mostrassem onde [as mudanças] serão feitas. Porque quando se olha para territórios historicamente excluídos da política pública, é importante que a gente pense para esse território desigual”, diz.
A audiência será feita com a comissão de Meio Ambiente e Política Urbana. “A gente quer que BH continue tendo boas políticas, e para isso tem que olhar para a cidade com cuidado e carinho, tanto para os bairros quanto para a região metropolitana”, afirma.
Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative