Setra diz que maior problema do transporte público de BH é congestionamento, não lotação de ônibus

Ônibus
Ônibus hoje levam dez passageiros a menos do que antes da pandemia, segundo sindicato (Amanda Dias/BHAZ)

Em resposta às reclamações a respeito do transporte público da capital, o SetraBH (Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros de Belo Horizonte) argumentou que o maior problema do sistema é o congestionamento da cidade, e não a lotação dos veículos. De acordo com a entidade, os ônibus hoje levam dez passageiros a menos do que antes da pandemia de Covid-19.

O sindicato informou, nesta terça-feira (26), que já aumentou o número de viagens diárias de 19,8 mil para 22,3 mil. O aumento faz parte do acordo que concede um subsídio de R$ 237,5 milhões, por parte da CMBH (Câmara Municipal de Belo Horizonte) e da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), às empresas de transporte.

O combinado era que, quinze dias após o primeiro repasse, o número de viagens fosse de, no mínimo, 21.708. O descumprimento de qualquer cláusula implica na suspensão do subsídio. O aporte é de R$ 90 milhões para as empresas de transporte convencional e R$ 4,371 milhões para o transporte suplementar.

“Importante mencionar que hoje o sistema está ofertando 22.300 viagens para transportar, no máximo, 890.000 passageiros. Isso dá uma média de 39 passageiros por viagens, lembrando que antes da pandemia a média era de 49 passageiros por viagem. Antes da pandemia eram 24.500 viagens para transportar cerca de 1,2 milhão de passageiros”, diz nota do SetraBH.

Ruas congestionadas

O sindicato afirma que todas as reclamações registradas pelos usuários do transporte público estão sendo verificadas e avaliadas. “Diariamente técnicos do Transfácil e BHTrans estão analisando conjuntamente todas as intervenções necessárias para ajustar e adequar o sistema à demanda de passageiros em algumas linhas e trechos”, garante.

Para as empresas, o maior problema do transporte público hoje “não é a lotação, e sim o de ter agilidade e eficiência no transitar nas ruas sempre congestionadas da cidade, principalmente nos horários de pico que comprometem a pontualidade das viagens e geram reclamações do sistema que não é prioritário nas vias da capital mineira”.

O Setra ainda argumenta que não adianta aumentar a quantidade de ônibus circulando ou de viagens para “eles ficarem enfileirados presos em congestionamentos no trânsito”. As empresas defendem que o sistema de transporte coletivo tenha prioridade nas vias de BH.

“Por fim é bom ressaltar que as concessionárias dos serviços de transporte público de Belo Horizonte se encontram – ainda que o subsídio emergencial possa sinalizar uma recuperada no setor – em absoluto esgotamento financeiro diante do congelamento da tarifa desde o ano de 2018, bem como dos expressivos aumentos do custo do sistema, em especial a alta extraordinária no preço do óleo diesel”, finaliza o sindicato.

Reclamações

Usuários do sistema de transporte público de BH já podem usar uma nova ferramenta para fazer reclamações em tempo real sobre o serviço: um número de WhatsApp criado pela Superintendência de Mobilidade (Sumob) já está recebendo mensagens desde o dia 11 de julho.

Por meio do número (31) 98472-5715, o usuário poderá registrar a queixa, informando o número da linha; o número do veículo; o dia e horário do acontecido e um breve relato do episódio. Depois disso, os relatórios poderão ser acompanhados pelo site da Sumob.

De acordo com o vereador Gabriel Azevedo (sem partido), o conjunto das reclamações deve formar um “mapa quente” dos problemas em tempo real. O objetivo também é consolidar informações mensais para embasar a tomada de decisões para implantação de melhorias no transporte público.

Por fim, o recebimento das reclamações pode mostrar se o aumento de linhas de ônibus após o subsídio concedido pela PBH e pela CMBH é real e suficiente para melhorar a qualidade do serviço.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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