Paulo Henrique da Rocha, de 33 anos, apontado como o autor dos assassinatos de Tereza Cristina Peres de Almeida, de 44 anos, e Gabriel Peres Mendes de Paula, de 22, teve um pedido de prisão negado pela Justiça em março deste ano.
Na época, a Polícia Civil pediu a Justiça a prisão preventiva de Paulo Rocha, contudo o pedido foi indeferido. Segundo o Fórum Lafayette, a juíza do 1º juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher, Maria Consentino, indeferiu o pedido por falta de sustentação.
“O pedido estava embasado em uma representação da vítima [Tereza Cristina] quanto ao uso de imagens dela em um perfil falso nas redes sociais. Na ocasião, Tereza suspeitou que Paulo Rocha era o autor do perfil que disseminava notícias falsas sobre ela. A juíza considerou que não haviam elementos para sustentar o pedido de prisão. A magistrada solicitou, na época, a busca e apreensão do material para confirmar se ele era o autor e indeferiu o pedido de prisão”, afirmou o Fórum por meio de sua assessoria de comunicação.
Na madrugada desta quarta-feira (31), a Polícia Civil de Minas Gerais representou pedido de prisão temporária de Paulo Rocha. O pedido foi protocolado no plantão forense.
O crime ocorreu na noite de segunda (29), no bairro Ipiranga, na região Nordeste da capital. Paulo continua desaparecido desde o fato e a Polícia Civil faz diligências para encontrá-lo.
De acordo com a delegada Ingrid Estevam, do Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídio, a polícia pretende fazer a prisão em flagrante do suspeito. “Caso a prisão em flagrante não ocorra nas próximas horas, com certeza o núcleo de especializado vai prendê-lo com mandado de prisão temporária ou preventiva a ser expedido pelo poder Judiciário”, disse.
Segundo a delegada, Paulo poderá ser indiciado pelo crime de feminicídio, qualificado por violência doméstica, e também homicídio qualificado contra o filho da vítima.
Desde novembro de 2018, a vítima, Tereza Cristina, recorreu à Justiça e à polícia para denunciar as violências do suspeito contra ela. No ano passado, a mulher o denunciou por agressão e dano material. Já em 2019, foram quatro denúncias: em fevereiro por ameaça; ainda em fevereiro por descumprir a medida protetiva; em abril por uma nova ameaça; e em maio, novamente, por descumprir medidas judiciais.
Ainda em abril, Paulo criou um perfil fake de Tereza em uma rede social onde começou a criar notícias falsas sobre ela. Em um dos casos, ele chegou a dizer que a mulher mantinha relações com o próprio filho. Na ocasião, Paulo foi ouvido e negou as acusações.
Segundo a delegada que apura o caso, Isabella Franca, Paulo Rocha tinha em seu desfavor três medidas protetivas. Também foi oferecido à vítima a possibilidade de ficar em um abrigo, contudo ela não quis.
Homem difícil de ser localizado
Paulo não foi ouvido antes, pois ele sempre fugia da Justiça. “Ele era um suspeito difícil de ser localizado, tanto que por várias vezes os oficiais foram até os endereços dele e não o encontraram. Por conta disso, somente em abril ele soube das medidas protetivas e assinou o documento”, conta a delegada.
Paulo tem um histórico no mínimo suspeito, para não dizer violento: em 2007 e 2014 ele ameaçou outras duas ex-namoradas. Na mesma época, ele foi detido por porte ilegal de arma.
Feminicídios em BH
Segundo o Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídios, do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), somente em 2019, sete feminicídios foram registrados na capital.
Em relação ao ano passado o número mais que triplicou, já que no mesmo período em 2018, foram apenas dois.
