Torcidas se mobilizam e atleticano reencontra camisa do filho falecido após perdê-la no Mineirão

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O menino faleceu há quatro meses e a camisa é uma das principais lembranças que ele carrega do filho (Lucas Henrique/Arquivo pessoal)

O apelo de um pai atleticano nas redes sociais mobilizou torcidas de vários clubes brasileiros na noite desse domingo (28). Lucas Henrique havia levado a camisa do seu filho de três anos, Otávio, para o jogo do Atlético contra o Fluminense, no Mineirão, e no fim da partida acabou perdendo o tão amado “amuleto da sorte”. Ao BHAZ, o pai contou que a criança faleceu há quatro meses e a camisa é uma das principais lembranças que ele carrega do filho (veja abaixo).

“Galera, queria muito contar com ajuda de vocês, perdi a camisa do meu filho no setor laranja inferior na hora do ‘é campeão’, essa camisa é a minha lembrança mais especial que tenho do meu anjinho atleticano. É um modelo infantil, número 10 de 2019”, publicou o rapaz, de 24 anos, em seu Twitter.

Graças à mobilização de centenas de torcedores, a camisa foi encontrada e devolvida na tarde de hoje (29). Ao BHAZ, o atleticano fanático contou como tudo aconteceu. “Eu passei o tempo todo com ela no ombro, segurando, abraçando, beijando. Tinha uma amiga do meu lado e a gente segurava a camisa entre as mãos”, relata.

‘Momento que eu mais esperava’

Com o grito de “campeão” entalado há vários anos, o final do jogo parecia uma eternidade para Lucas e os outros milhares de atleticanos que acompanharam a partida. E foi justamente no momento máximo de alegria que o torcedor teve o seu último contato com a camisa do filho.

“Nessa hora, eu só lembro de ter abraçado a camisa e ajoelhar. Eu não conseguia gritar, eu não conseguia fazer nada, só tava chorando porque esse era o momento que eu mais esperava nos últimos anos, justamente pelo vínculo que eu e meu filho temos com o Galo, é o que mais nos uniu”, relata.

“Só que foi nessa hora que um dos meus amigos me abraçou e, depois disso, não vi ela mais. Eu não tive a oportunidade de levar o Otávio na Arena do Galo, que era algo que eu estava ansioso pra acontecer. Até por isso eu levei a camisa, pra ter uma presença dele comigo no estádio”, lamenta Lucas.

‘Eu sou Galo igual ao meu pai’

O pai disse que a camisa perdida foi a primeira que Otávio ganhou, no aniversário de dois anos, e ela simboliza o vínculo dos dois com o time do coração. “Quando ele vestiu a camisa pela primeira vez e gritou ‘Galo’, pra mim foi o negócio mais especial do mundo. Ele costumava falar desse jeito: ‘Eu sou Galo igual ao meu pai’. Então o atlético, se não for a maior ligação que eu tenho com o meu filho, é uma das maiores”, conta, bastante emocionado.

O amor do garoto pelo clube era tão grande que contrariou até mesmo todos os cruzeirenses da família materna. “Meu avô é atleticano e também já faleceu, meu pai me ensinou a ser atleticano por causa dele. E eu tenho certeza que todo pai que estivesse no meu lugar, o maior sonho dele também seria que o filho fosse atleticano”, conta.

A camisa apareceu!

Ao chegar em casa depois do jogo de ontem, Lucas se certificou de que o amuleto não estava com nenhum dos seus amigos. Ao perceber que a camisa havia realmente sumido, o pai nem pensou duas vezes antes de compartilhar a história nas redes sociais.

E depois de passar a noite sem nenhuma notícia da camisa, nesta segunda-feira (29), o pai recebeu a tão aguardada ligação. “Um rapaz que mora lá no Ouro Minas me ligou falando que achou a camisa. Ele disse que um rapaz encontrou, viu ele com o filho e pediu pra ele guardar”, conta.

Durante a tarde, o atleticano foi buscar o amuleto e garante que, depois do susto, nunca mais o levará em nenhuma partida. “Essa foi a primeira vez e vai ser a última!”, brinca.

Rodrigo Araújo, atleticano e pai do pequeno Miguel, foi quem encontrou a camisa (Lucas Henrique/Arquivo Pessoal)

‘Dose de alegria’

Mesmo que Lucas acreditasse na união entre os atleticanos, a mobilização de outros torcedores, incluindo cruzeirenses, foi o que mais o surpreendeu: “Eu quero deixar aqui meu agradecimento, principalmente pra torcida do Galo, mas também para todas as torcidas que hoje me mostraram o que é o futebol e me consolaram”.

“Isso tem sido o que o Atlético fez nesses dias difíceis. Pra mim esse campeonato está sendo uma dose de alegria messe ano, que foi muito duro pra mim”, conclui.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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