Com vacinação muito abaixo do recomendado, casos de coqueluche crescem 700% em BH

15/12/2024 às 13h37 - Atualizado em 15/12/2024 às 13h39
Coqueluche afeta principalmente crianças pequenas (Fábio Marchetto/SES-MG)

Em 2024, Belo Horizonte já registrou 291 casos de coqueluche e um óbito em criança menor de 1 ano de idade. Os dados alarmantes representam um aumento de 700% quando se considera o maior número de casos confirmados nos últimos 10 anos: 36 registros em 2017. A Prefeitura de BH (PBH) informa que a doença pode ser evitada com a vacina que está disponível gratuitamente nos postos de saúde.

A coqueluche compromete o aparelho respiratório e é considerada uma doença de alta transmissibilidade. As doses para imunização estão disponíveis para o público infantil e outros grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde. Os endereços das unidades em BH podem ser verificados on-line.

“Os registros deste ano representam um aumento de mais de 700%. Esta é uma realidade em todo o País e acende um alerta para que todos mantenham os cartões de vacinação atualizados para evitarmos aumento no número de casos e, até mesmo, o retorno de doenças que estavam erradicadas”, afirmou a subsecretária de Promoção e Vigilância à Saúde, Thaysa Drummond. 

Dentre os grupos prioritários, estão as gestantes a partir da 20ª semana de gravidez, que devem receber o imunizante mesmo já tendo tomado as doses anteriormente. A vacinação durante a gestação tem como objetivo promover a proteção dos recém-nascidos, nos primeiros anos de vida, até que possam iniciar o esquema vacinal. De janeiro a novembro de 2024 foram aplicadas cerca de 5,8 mil doses da vacina contra a coqueluche em gestantes na rede SUS-BH, o que representa apenas 26% de cobertura vacinal. A meta do Ministério da Saúde é de 95%. 

Além das gestantes, a vacina contra a coqueluche é aplicada nas crianças a partir de 2 meses até menores de 7 anos, puérperas (até 45 dias pós-parto) não vacinadas durante a gravidez, profissionais da saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia, pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças de até 4 anos.

“Cabe ressaltar que é indispensável que todos aqueles que forem receber a vacina apresentem, preferencialmente, o documento de identificação com foto, CPF, o comprovante da ocupação e cartão de vacina para o devido registro”, enfatiza a PBH em comunicado.

O que é coqueluche?

Coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis. Ela afeta principalmente o sistema respiratório e se caracteriza por uma tosse seca e forte. Essa doença é altamente contagiosa, podendo se espalhar facilmente de uma pessoa para outra por meio de gotículas que saem na fala, espirro ou tosse. Em bebês e crianças, pode resultar em um número elevado de complicações e até mesmo no óbito.

Sintomas

Os sintomas da coqueluche costumam aparecer em três fases, durando de 6 a 12 semanas:

Fase catarral (1 a 2 semanas):

  • Nariz escorrendo (Coriza);
  • Febre baixa;
  • Espirros;
  • Tosse leve e ocasional com aumento gradual que segue a próxima fase.

Fase paroxística (2 a 6 semanas):

  • Tosse intensa e rápida, que pode durar vários minutos;
  • Tosse com um som característico de “guincho” ao final;
  • Vômitos após os episódios de tosse;
  • Fadiga extrema após os episódios de tosse.

Fase de convalescença (semanas a meses):

  • Redução gradual da tosse;
  • Episódios de tosse podem reaparecer com a instalação de outras infecções respiratórias.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. A cultura (exame padrão ouro) e o PCR coletados por meio de swab da nasofaringe devem ser sempre priorizados. A coleta deve ser realizada em até 72 horas do início da administração dos antibióticos.

O tratamento é feito com antibióticos, que são essenciais para eliminar a bactéria e reduzir a transmissão da doença. Além disso, são recomendados cuidados de suporte que incluem repouso, hidratação adequada e medicamentos para aliviar os sintomas. É indispensável a manter o paciente isolado até o término do antibiótico para evitar a propagação da doença.

Isabella Guasti

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

Isabella Guasti

Email: [email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

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