Advogada que mandou emoji de banana a colega negra no WhatsApp se torna ré

Isabela Bueno de Sousa
Advogada se justificou dizendo que banana ‘representa pessoas sem personalidade’ (Reprodução/Redes sociais)

A advogada Isabela Bueno de Sousa se tornou ré depois que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) acolheu uma denúncia contra ela por injúria racial. A decisão veio após uma colega negra representar criminalmente contra a advogada, que teria enviado emojis de banana à companheira de profissão pelo WhatsApp. A mulher foi denunciada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) após a representação.

Em janeiro deste ano, Thayrane da Silva Apóstolo Evangelista representou contra acolega no MP. Em uma conversa em grupo chamado “Liga da Justiça”, Isabela enviou emojis de bananas após Thayrane mandar uma figurinha. “Não entendi”, respondeu a advogada negra. “Reserva de pensamento. Pensei alto, sorry”, escreveu a agora ré.

Print de WhatsApp
Advogada mandou emojis depois que colega negra enviou uma figurinha (Reprodução/Metrópoles)

Em seguida, Thayrane enviou informações sobre o crime de injúria racial, e Isabela respondeu: “banana é a fruta que mais gosto, mas ela representa pessoas sem personalidade. Acho fácil de entender”. “Racista sempre achará maneiras de distorcer suas palavras ao seu favor. Mas vamos deixar isso para o Judiciário”, escreveu Thayrane da Silva. O caso foi revelado pelo Metrópoles.

Denúncia acolhida

Além de acolher a denúncia do MPDFT, o juiz Wellington da Silva Medeiros também recusou o pedido da ré de que as reportagens sobre o caso fossem retiradas do site do Metrópoles. Isabela Bueno de Sousa também havia pedido que o processo fosse colocado em sigilo, e o juiz também indeferiu a solicitação.

“Os prints apresentados pela acusada retratam comentários de usuários do site e não revelam sinais de que, de fato, sejam sérios e possam colocar em risco a integridade física ou psicológica da acusada. Na hipótese de a acusada sentir-se verdadeiramente ameaçada por qualquer pessoa, tal incidente não se resolve com a decretação do sigilo dos presentes autos, mas sim com a busca, pela acusada, das vias próprias de repressão criminal, como a delegacia de polícia ou o Ministério Público”, escreveu o juiz na decisão.

“Não fosse por isso, é exatamente o interesse público que aconselha a manutenção da publicidade dos autos. A acusada e a apontada vítima são advogadas, e , como se sabe, a advocacia, exatamente por ser função essencial à Justiça, deve estar em permanente escrutínio da opinião pública, inclusive para seu aprimoramento nesse elevado mister. Por isso é certo que a conduta desviante imputada ao advogado pode comprometer, também, a imagem da própria classe”, completou.

Ao Metrópoles, Isabela Bueno de Sousa disse que está tranquila. “Sei que a Justiça irá julgar da forma devida. A única coisa que guia minha vida é Deus e minha consciência”, declarou a advogada ao portal.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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