Advogada usa carta psicografada para defender réu da Boate Kiss: ‘Determinações divinas’

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Julgamento de quatro réus pelo crime de homicídio segue sendo realizado (Reprodução/@Metropoles/Twitter)

O julgamento da tragédia da Boate Kiss foi marcado, nessa quinta-feira (9), pela apresentação de uma carta psicografada para defender o vocalista da banda Gurizada Fandangueira. A advogada Tatiana Borsa apresentou um áudio que seria uma mensagem enviada pós-morte por uma das 242 vítimas mortas no incêndio.

“Eu vou trazer uma mensagem para os senhores”, disse a advogada antes de exibir a mensagem. Tatiana está na defesa do músico Marcelo de Jesus dos Santos, responsável por acender o artefato pirotécnico que provocou o incêndio.

A mensagem citada por Tatiana, segundo ela, foi enviada por Guilherme Gonçalves. A carta teria sido psicografada seis meses depois da tragédia pelo Centro Espírita Irmã Valquíria, que fica em Uberaba, no Triângulo Mineiro.

“Ao invés de gastar nosso pensamento procurando por culpados, vamos nos unir em oração. Procurem aceitar as determinações divinas. Eu também lamento tudo que ocorreu, mas só me resta me readaptar à realidade”, diz o áudio com a leitura.

‘Não está sendo fácil’

Na continuidade do trecho apresentado, é dito que “a ficha ainda não caiu por completo”. “O mês de janeiro ainda está vivo em minha memória. Estamos lutando tanto. Não está sendo fácil viver sem tantos afetos que deixamos”.

O julgamento da Boate Kiss está na fase de apresentação das teses da defesa.

Repercussão

A estratégia utilizada pela defesa do músico foi alvo de críticas nas redes sociais.

“Estão usando da fé e da religião de forma nojenta. Que ódio”, “Essa música melada só piora. Pedir justiça não é pra trazer de volta, é para que não se repita”, “Isso é um escárnio. Um advogado que lance mão de um artifício destes deveria perder a habilitação”, escreveram internautas.

Tragédia

O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, matou 242 pessoas e deixou 636 feridas, em janeiro de 2013. Tudo começou no palco, onde se apresentava a Banda Gurizada Fandangueira, e logo se alastrou, provocando muita fumaça tóxica. Um dos integrantes disparou um artefato pirotécnico, atingindo parte do teto do prédio, que pegou fogo.

A tragédia, que matou principalmente jovens, abalou todo o país, pelo grande número de mortos e pelas imagens fortes. A boate tinha apenas uma porta de saída desobstruída. Bombeiros e populares tentavam, de todo jeito, abrir passagens quebrando os muros da casa, mas a demora no socorro acabou sendo trágica para os frequentadores.

A maior parte acabou morrendo pela inalação de fumaça tóxica, do isolamento acústico do teto, formado por uma espuma inflamável, incompatível com as normas de segurança modernas, que obrigam a instalação de estruturas produzidas com materiais antichamas.

Desde o incêndio, as famílias dos jovens mortos formaram uma associação e, todos os anos, no dia 27 de janeiro, relembram a tragédia, a maior do estado do Rio Grande do Sul e uma das maiores do Brasil.

Com Agência Brasil

Edição: Roberth Costa
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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