Ana Maria Braga interrompe reality do ‘Mais Você’ após participante fazer blackface

Blackface no Mais Você
Ana Maria Braga ‘puxou a orelha’ de Anderrupson (Reprodução/TV Globo)

O reality “Jogo de Panelas”, do programa “Mais Você”, foi interrompido nesta sexta-feira (20) após um participante do fazer blackface – prática de pintar o corpo ou o rosto com tinta escura para “parecer negro”. Durante o programa, a apresentadora Ana Maria Braga exibiu uma entrevista com uma especialista para explicar por que o blackface é considerado racista.

O participante Anderrupson apareceu com o corpo pintado de tinta marrom comparecer ao jantar de Felipe, que tinha como tema o continente africano. No momento em que a cena foi exibida, Ana Maria Braga chamou a atenção do participante e o programa exibiu a fala da jornalista e professora Rosane Borges.

“Esse esclarecimento faz parte da essência do nosso programa e é bom para todo mundo aprender. Tem muita gente que não percebe ainda, mas já está na hora, né?”, disse a apresentadora. Na entrevista, Rosana Borges falou sobre a história racista do blackface e explicou por que a prática não deve ser repetida.

“Não devemos fazer em nenhuma hipótese. Estamos em pleno século 21, é preciso que a gente avance enquanto humanidade e civilização, e que digamos não a uma técnica tão cruel e desumanizadora”, defendeu a especialista. Ana Maria Braga “puxou a orelha” de Anderrupson, reforçando que este é um comportamento que ele não deve repetir.

Blackface

Os primeiros registros de blackface datam do século XIX, em Nova York, quando atores brancos pintavam os próprios rostos para encenar negros em peças humorísticas. A mudança física era comumente associada a sotaques e trejeitos exagerados, que ridicularizava pessoas negras para entretenimento dos brancos. Além da pintura, muitas vezes outros traços físicos dos atores também eram modificados, além do modo de falar e agir.

O blackface surgiu porque, na época, pessoas negras não eram autorizadas a subir em palcos e atuar. Até os dias de hoje, atores negros ainda enfrentam dificuldades para conseguir papeis de relevância na indústria audiovisual e a prática se espalhou para outras esferas, reproduzindo estereótipos ofensivos em diversos âmbitos.

Humberto Adami, presidente Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro), afirma que a prática se configura “uma forma de racismo e diminuição do ser humano negro, de desumanização da figura do preto e do pardo”.

O advogado ainda cita personagens nacionais, como Velho Zuza e Azambuja, interpretados por Chico Anysio, que faziam uso da prática. “Isso foi, por muito tempo, a comédia brasileira. Hoje já há o sentimento de que esse tipo de característica humilha, faz chacota das pessoas pretas e pardas, e portanto não é aceita”, diz.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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