Arthur do Val, o ‘Mamãe Falei’, renuncia ao cargo de deputado após vazamento de áudios sexistas

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Arthur do Val ainda pode perder o direito de ser eleito nos próximos oito anos (Reprodução/Alesp)

Arthur do Val (União Brasil) anunciou nesta quarta-feira (20) que está renunciando ao cargo de deputado estadual. A renúncia acontece após o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidir pela cassação do “Mamãe Falei”. A quebra de decoro parlamentar foi apontada após o vazamento de áudios em que o youtuber fala sobre refugiadas ucranianas.

A decisão do Conselho aconteceu no último 12 de abril e deveria ser votada em plenário nas próximas semanas. Agora, o processo continua e ainda pode tornar o político inelegível por oito anos. “Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições”, afirmou Arthur, em nota divulgada pelo Metrópoles.

O youtuber voltou a defender a tese de que está sofrendo perseguição. “Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política”, acrescentou. “Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos”, concluiu.

Sem namorada e sem partido

Além de perder o mandato, Arthur do Val também teve o fim do relacionamento causado pelo vazamento dos áudios. Pelas redes sociais, a namorada de Arthur do Val, Giulia Blagitz, compartilhou uma foto ao lado dele e, na legenda, afirma que a vida os levou a caminhos diferentes. A publicação foi feita um dia após a divulgação das falas do político.

“Em respeito a todos os meus seguidores que também seguiam o Arthur gostaria de deixar claro que seguiremos caminhos distintos. Infelizmente a vida é imprevisível e muitas vezes nos leva por caminhos que não compreendemos. De uma coisa podem ter certeza: o amor foi real e sempre será!”, escreveu ela.

Na ocasião, o Podemos, partido anterior de Arthur, anunciou a desfiliação do parlamentar, a pedido dele. Por meio de nota, o partido declarou que “não tolera sexismo ou qualquer tipo de comportamento preconceituoso de seus filiados”. A presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu, classificou as declarações de Arthur do Val como “gravíssimas e inaceitáveis”.

“Esperamos que este triste episódio mostre à sociedade que também é tempo de oportunidade para mudança e de pôr fim no machismo estrutural e no preconceito de qualquer tipo, seja de raça, cor, religião ou condição social”, disse.

No fim de março, Arthur do Val se filiou ao União Brasil, partido que surgiu da união do Democratas e do Partido Social Liberal (PSL).

Relembre os áudios

No dia 4 de março, o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, divulgou com exclusividade uma série de áudios atribuídos a Arthur do Val e dirigidos a membros do MBL (Movimento Brasil Livre). Nas conversas, o político se refere às refugiadas da Ucrânia com declarações machistas e chega a insinuar que as ucranianas “são fáceis, porque são pobres”.

“Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’, e é inacreditável a facilidade”, diz o deputado, que é pré-candidato ao governo de São Paulo.

“Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteia a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de ‘mina’ bonita. A fila das refugiadas… Imagina uma fila sei lá, de 200 metros, só deusa. Sem noção, inacreditável, fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, diz o político em outro trecho.

Ele ainda afirma que irá voltar ao país em outra oportunidade, “quando a guerra acabar”, para investir nas mulheres do país. “Mano, estou mal. Passei agora, 4 barreiras alfandegárias, duas casinhas pra cada país. Eu contei, são 12 policiais deusas. Que você casa e faz tudo que ela quiser. Eu estou mal, cara, não tenho nem palavras para expressar”, disse.

Edição: Roberth Costa
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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