Augusto Aras critica operação Lava Jato e rebate críticas de alinhamento com Bolsonaro

Augusto Aras
Aras é o atual procurador-geral da República (FOTO ILUSTRATIVA: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

O procurador-geral da República, Augusto Aras, criticou a operação Lava Jato, a imprensa e alegou que pautou sua atuação na chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR) pela independência e moderação. As declarações foram feitas durante sabatina de recondução na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, nesta terça-feira (24). O procurador-geral foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para mais dois anos de mandato.

Alinhado a Jair Bolsonaro e apontado como excessivamente tolerante em relação aos atos do presidente da República, Aras disse que optou por uma atuação mais discreta e técnica, não contribuindo para acirrar os ânimos em um momento de polarização política. “Acredito que a eficiência na atuação do PGR não deve ser mensurada por proselitismos ideológicos, operações policiais espetaculosas ou embates na arena política”, disse.

Aras não citou em sua fala inicial as críticas de proximidade com o Palácio do Planalto e buscou mostrar a independência ao afirmar que analisou criteriosamente todas as denúncias-crime que chegaram à PGR e que deu prosseguimento após esse processo, quando era o caso.

O procurador-geral também criticou as operações “espetaculosas” e defendeu a sua medida de centralizar os dados reunidos pelas procuradorias ligadas à Operação Lava Jato, o que muitos críticos apontaram como o golpe mais duro na operação. “O modelo das forças tarefas, com pessoalização, culminou em uma série de irregularidades que vieram à público, tais como os episódios revelados na ‘Vaza Jato‘, a frustrada gestão de vultosas quantias arrecadadas em acordo de colaboração e acordos de leniência, por meio de fundos não previstos em lei”, afirmou.

“A deficiência de institucionalidade, sobretudo em alguns procedimentos de investigação, culminou também em uma consequência lacuna de documentação de ações importantes em prejuízo ao princípio da impessoalidade e da legalidade. Foi de sabença notória que equipes da antiga força-tarefa da PGR, em tempos passados, realizou viagens a Nova York e à Suíça no contexto de suposta cooperação internacional, da qual não foram encontrados registros nos sistema da PGR”, argumentou.

Alinhamento ao Bolsonaro

Aras também rebateu a crítica de não se posicionar em momentos delicados da vida política. “É dever dos membros do ministério público, mesmo com a liberdade de expressão que toque o exercício de sua atividade finalística não buscar os holofotes e nem buscar manifestar opinião pública”, disse.

Nesse momento, afirmou que parte da imprensa “abraça o jornalismo descomprometido com a credibilidade das fontes e descuidado em conferir a veracidade das premissas”.

A expectativa é que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, com a conclusão de seus trabalhos, emita um relatório bastante negativo sobre o presidente e recomende à PGR que investigue Bolsonaro por crimes na condução da pandemia. Aras que decidirá se avançará com as recomendações da CPI, caso seja reconduzido. Nenhum indicado foi rejeitado na história republicana brasileira e a expectativa é que Aras, que precisa de ao menos 41 votos dos 81 senadores, seja aprovado na CCJ e no plenário.

Com Folhapress

Edição: Giovanna Fávero

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