BH e outras capitais programam carreata contra Bolsonaro neste sábado

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A carreata pede pelo afastamento do presidente Jair Bolsonaro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Belo Horizonte, outras cidades do interior de Minas Gerais e mais de sete capitais programam carreatas para este sábado (23), a fim de pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O movimento, que começou na capital mineira, já se espalhou por todo o país e agora terá participação do Rio de Janeiro (RJ), de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), João Pessoa (PB), Rio Branco (AC) e Curitiba (PR).

Em Minas Gerais já estão previstas carreatas para o mesmo dia em Conselheiro Lafaiete e Sete Lagoas, na região Central; em Nova Lima, na região metropolitana de BH; e em Poços de Caldas, no Sul do estado.

Ao BHAZ,  o membro do Comitê Estratégico do Movimento Acredito e idealizador da carreata, Lucas Paulino, contou como começou a mobilização marcada para este fim de semana: “Foi a partir de um tuíte meu que viralizou, perguntando quem toparia participar da carreata em BH. Ganhou uma escala enorme, aí eu criei o grupo de WhatsApp”.

“Eu sou do Movimento Acredito e o movimento topou apoiar. Os voluntários de BH criaram o evento, depois, os voluntários do Rio e, em terceiro, de São Paulo. Já na sexta, um dia depois do meu tuíte, essas três capitais toparam organizar conjuntamente a partir da ideia que eu tive no Twitter. Aí criamos o evento no Facebook, Instagram, Twitter, grupos de WhatsApp”, explicou.

Tuíte que desencadeou a organização da carreata (Reprodução/@lucasapaulino/Twitter)

O Movimento Acredito afirma que busca renovação politica nacional e diz ser suprapartidário. Apesar de a ideia e organização inicial terem sido do movimento, Paulino disse que diversas organizações e cidadãos independentes fazem parte agora da movimentação.

“Vários cidadãos independentes indignados e também várias organizações, movimentos sociais, associações, e partidos políticos, também começaram a entrar nessa coalizão pelo impeachment do Bolsonaro. Hoje temos umas 60 organizações que apoiam, que estão fazendo suas próprias convocações. A intenção de quando a gente criou é de fazer uma frente ampla suprapartidária, plural e diversa com todos os opositores do presidente Jair Bolsonaro”.

“Todos os opositores são bem-vindos, independente do partido, organização, se tem partido, se não tem. A ideia não é ter dono da manifestação, é fazer uma coalizão mesmo de todos os cidadãos e organizações que estão indignados com a forma como o presidente está conduzindo o país”, reforça.

Impeachment

O criador da carreata explica os motivos da mobilização. “Esse movimento é para quem está indignado com a forma com que o presidente está conduzindo o país, com a forma que ele, sobretudo, está conduzindo essa pandemia: com negacionismo científico, desleixo com vacina, discurso que faz apologia a remédios sem nenhuma eficácia comprovada”.

“O presidente faz pouco caso com protocolos, desencoraja o distanciamento, o uso de máscara. Isso sem contar os outros fatos. Glorificação do autoritarismo, extremismo, diversos crimes de responsabilidade já cometidos, tudo isso se soma nesse caldeirão”, continuou.

Cartaz de divulgação da carreata pelo @forabolsonarobh (Reprodução/Twitter)

Para o advogado e pesquisador de Direito Constitucional, já existem motivos jurídicos e políticos que justificam a responsabilização constitucional de Bolsonaro. A carreata pretende criar as condições políticas para o impeachment.

“O objetivo da carreata é deflagrar a campanha nacional politica pelo impeachment. A gente lê muitas noticias que políticos falam: ‘Não tem as condições politicas ainda pelo impeachment, o povo não está protestando’. A gente quer mostrar para os políticos, para o próprio Rodrigo Maia (DEM) ou quem for sucedê-lo, que tem sim, gente protestando e, apesar da pandemia, a gente encontrou uma forma criativa de protestar nas ruas”.

Ao BHAZ, a líder do Movimento Acredito em BH e líder cívica nas eleições de 2020, Laura Costa, reforçou a importância que a pressão popular tem para processos de impedimento: “Historicamente, no Brasil, as aberturas de processo de impeachment tiveram mobilizações populares muito claras, então a mobilização popular é um termômetro super importante para entender o tamanho desse movimento e necessidade do impeachment por parte da população”.

Na última sexta-feira (15), uma mobilização popular já ocorreu em todo o país. Moradores de diferentes regiões atenderam realizaram um panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). BH registrou mais de 10 minutos de protesto.

Expectativa

A previsão de público ainda é incerta. “Pelo evento no Facebook, tem mais de 800 pessoas confirmadas, mas tem mais três grupos de WhatsApp/Telegram cheios, então a gente tá com uma expectativa de em torno de mil carros, mas pode surpreender tanto pra mais, quanto pra menos”, explicou Lucas.

“Vai ser uma surpresa lá. A gente está torcendo pra quantas mais pessoas puderem ir, demonstrar dentro do seu carro, sua indignação, seus cartazes no carro, balões, eventualmente faixas, se tiver jeito, demonstrar a sua indignação na carreata e passar uma mensagem de que a gente está revoltado com esse comportamento do Bolsonaro. Todo opositor ao Bolsonaro é bem-vindo”.

Distanciamento social

O distanciamento social é fortemente recomendado na manifestação. “Como a gente defende o distanciamento social, protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde), nós somos contra fazer protesto de rua, porque tem muito risco de aglomeração”, disse o idealizador da carreata.

“Ainda que as pessoas vão de máscara, é muito difícil coordenar uma manifestação para as pessoas respeitarem o distanciamento. A carreata é o mecanismo mais seguro para preservar os protocolos sanitários, ao mesmo tempo em que fazemos alguma coisa pra manifestar a nossa indignação – mostrar que parte do povo está indignada e é a favor do impeachment do presidente”.

Locais

A carreata a princípio seria em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, organizada pelo Movimento Acredito, mas agora já está em várias outras capitais. “Com a divulgação nas redes sociais desde sexta-feira (15), foi ganhando escala e o pessoal se organizando nas suas cidades. Passou de um movimento em Minas Gerais, para o Sudeste, e depois para o país inteiro, incluindo capitais e cidades no interior do Brasil”, explicou Lucas.

“Se você não tem automóvel, coloque uma toalha ou pano branco na janela do seu prédio em apoio ao protesto, e bata panelas!”, recomendou o movimento, em rede social (Reprodução/@acreditomg/Instagram)

Em Belo Horizonte, os manifestantes estão sendo orientados a chegar às 16h, no Mineirão, na região da Pampulha. Depois, às 17h, os carros, motos e bicicletas sairão da concentração em direção a diversos pontos da cidade. O itinerário ainda não foi divulgado por questões de segurança.

No estado, as carreatas de Nova Lima e Poços de Caldas também estão sendo organizadas pelo movimento – já o ato em Conselheiro Lafaiete está sendo preparado por um voluntário ligado ao “Acredito”.

Todos os eventos estão marcados para este sábado (23). Veja o local e horário em outras capitais do país:

  • Belo Horizonte: 16h – Mineirão
  • Rio de Janeiro: 10h – Monumento Zumbi
  • São Paulo: 14h – ALESP
  • Brasília: 9h – Funarte
  • João Pessoa: 14h – Praça da Independência
  • Rio Branco: 15h – Uninorte
  • Curitiba: 16h – Praça Nossa Senhora de Salete
  • Porto Alegre: 16h – Largo Zumbi

‘Se Deus quiser, vou continuar’

O presidente Bolsonaro já contabiliza 60 processos na Câmara dos Deputados, que foram assinados por parlamentares, sociedade civil, partidos políticos dentre outros. Está sendo redigido mais um pedido de impeachment, desta vez, com a participação de diversos partidos, como Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT, que será entregue ainda nesta semana.

O pedido coletivo vai incluir, além do episódio trágico nos hospitais em Manaus, dados de que o governo federal sabia da situação crítica de escassez de oxigênio nos hospitais desde o dia 8 de janeiro, seis dias antes de pessoas começarem a morrer asfixiadas no Amazonas.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nessa quarta-feira (20), em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, que “se Deus quiser” vai continuar seu mandato até 2022. “Lamento… se Deus quiser, vou continuar meu mandato e em 22 o pessoal escolha. Tem muita gente boa para escolher. Eu espero que os bons se candidatem, não deixar os mesmos vir candidato”, disse.

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