Boate Kiss: Júri condena réus a penas de 18 a 22 anos, mas acusados ficam livres; entenda

Boate Kiss
Incêndio deixou 242 mortos e mais de 600 feridos em Santa Maria (RS)(Divulgação/Polícia Civil do Rio Grande do Sul + Reprodução/Twitter)

Após mais de 8 anos do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), respostas começam a aparecer. Na noite dessa sexta-feira (10), após 10 dias de julgamento, o júri responsável pelo caso condenou os quatro réus a penas de até 22 anos de prisão. A sentença foi lida na tarde de ontem, em Porto Alegre (RS) pelo juiz Orlando Faccini Neto, que determinou o tempo de reclusão dos acusados.

Dois dos réus eram sócios da casa noturna onde a tragédia aconteceu, em janeiro de 2013. São eles Elissandro Spohr, a quem foi aplicada a pena de 22 anos e seis meses de reclusão, e Mauro Hoffmann, condenado a 19 anos e seis meses.

Os outros dois réus são Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava quando as chamas se alastraram na boate. Aos dois foram aplicadas as penas de 18 anos de prisão.

O MP (Ministério Público) condena os quatro homens por 242 homicídios e 636 tentativas de homicídio por dolo eventual. O termo jurídico designa a qualidade do crime: quando o indivíduo prevê o resultado do ato, admite e aceita o risco de produzi-lo, mesmo sem querer.

O cumprimento das penas, que foi fixado como inicial fechado, foi comprometido por um habeas corpus concedido pelo TJ (Tribunal da Justiça) à defesa de Elissandro. Assim sendo, todas as prisões foram suspensas até a análise da medida.

Vale ressaltar que, no momento, os acusados respondem somente por homicídio simples. Isso porque os homicídios e tentativas de homicídio, com dolo eventual, eram qualificados por fogo, asfixia e torpeza. Dispensadas as qualificadoras, houve a liberação dos réus de tais acusações.

Relembre o incêndio na Boate Kiss

Em 27 de janeiro de 2013, a Boate Kiss foi o palco de uma tragédia que deixou centenas de mortos e feridos em Santa Maria, cidade gaúcha. O incêndio, que se alastrou pelas dependências da boate e levou a vida de jovens, começou depois que um integrante da banda que se apresentava decidiu lançar um artefato pirotécnico ao ar, que acabou atingindo o teto e causando as chamas. Na ocasião, 242 pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas.

O estabelecimento tinha apenas uma saída, que ficou abarrotada de pessoas tentando fugir. No entanto, o grande volume de fumaça tóxica fez vítimas fatais, no que ficou conhecido como uma lamentável tragédia em todo o país.

Após quase uma década do ocorrido, o júri do caso Kiss teve início no primeiro dia (1) deste mês. Passaram pelo plenário do Foro Central 28 pessoas que prestaram depoimentos, dentre elas 12 vítimas, 13 testemunhas e três informantes.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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